quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sejamos gays. Juntos.

Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, foi encontrada morta na pequena cidade de Tarumã, Goiás. O fazendeiro Cláudio Roberto de Assis, 36 anos, e seus dois filhos, um de 17 e outro de 13 anos, estão detidos e são acusados do assassinato. Segundo o delegado, o crime é de homofobia. Adriele era namorada da filha do fazendeiro que nunca admitiu o relacionamento das duas. E ainda que essa suspeita não se prove verdade, é preciso dizer algo.
Eu conhecia Adriele Camacho de Almeida. E você conhecia também. Porque Adriele somos nós. Assim, com sua morte, morremos um pouco. A menina que aos 16 anos foi, segundo testemunhas, ameaçada de morte e assassinada por namorar uma outra menina, é aquela carta de amor que você teve vergonha de entregar, é o sorriso discreto que veio depois daquele olhar cruzado, é o telefonema que não queríamos desligar. É cada vez mais difícil acreditar, mas tudo indica que Adriele foi vítima de um crime de ódio porque, vulnerável como todos nós, estava amando.

Sem conseguir entender mais nada depois de uma semana de “Bolsonaros”, me perguntei o que era possível ser feito. O que, se Adriele e tantos outros já morreram? Sim, porque estamos falando de um país que acaba de registrar um aumento de mais de 30% em assassinatos de homossexuais, entre gays, lésbicas e travestis.

E me ocorreu que, nessa ideia de que também morremos um pouco quando os nossos se vão, todos, eu, você, pais, filhos e amigos podemos e devemos ser gays. Porque a afirmação de ser gay já deixou de ser uma questão de orientação sexual.

Ser gay é uma questão de posicionamento e atitude diante desse mundo tão miseravelmente cheio de raiva. Ser gay é ter o seu direito negado. É ser interrompido. Quantos de nós não nos reconhecemos assim? Quero então compartilhar essa ideia com todos. Sejamos gays! Independente de idade, sexo, cor, religião e, sobretudo, independente de orientação sexual, é hora de passar a seguinte mensagem pra fora da janela: eu sou gay!
Como diria uma canção de ninar da banda Belle & Sebastian: ”Faça algo bonito enquanto você pode. Não adormeça.” Não vamos adormecer. Vamos acordar. Acordar Adriele.

Me chamo Carol Almeida, sou jornalista e espero por um mundo melhor, sempre.
Eu também, Carol.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Eu preciso exercer minha indignação

Sinceramente. Eu preciso exercer minha indignação. Não faz mal não, viu? Muito pelo contrário! Enriquece quando falamos o que pensamos e tem alguém que dá ouvidos para isso. Só que o que me deixa indignado, que me tira do sério, é a falta de confiança no que se diz, no que se faz. São pessoas que estão, o tempo inteiro, contra você. Chega uma hora que isso irrita, que você estoura.

Mas, olha só... São essas mesmas pessoas que não estão nem aí para isso. Quando você vê, ela está colocando palavras na sua boca. Chega! Não sou mais nenhuma criancinha, que é dependente o tempo todo. Sei bem o que faço, e tenho minhas opiniões próprias. Pode não ser a mesma que a sua, mas aprenda a respeitá-la.

Adquirimos o respeito dos outros, quando respeitamos-os também. A mudança que queremos ver no mundo tem que vir de dentro para fora, e não o contrário. Pelo amor de Deus! Não dá para ficar dizendo "amém" para tudo sempre. Foda-se se ele é um gestor, um coordenador ou o caralho a quatro. Ele, antes de ser isso, é uma pessoa. E, por ser isso, merece tratamento igual a qualquer outra.

Me sobe o sangue pensar em pessoas que só trabalham para as outras por "status". É lindo dizer, em todas as Integrações, que "as pessoas são a nossa razão de existir". Mentira! Só dizem. Teoria. Blá, blá, blá. Porra... se ninguém vai mudar nada, por que fazemos parte da gestão estratégica? Só se for de jogo de xadrez, né?

Vou viver um dia de cada vez. Uma hora. Dez minutos. Um segundo. Até o dia que eu não aguentar mais, e deixar todo mundo na mão. É. Isso mesmo. É assim que merecem ficar. Só a grama dos outros que é mais verde. Você nunca tem mérito em nada.

domingo, 12 de junho de 2011

"Espero que não durmam, e sofram como eu vou sofrer."

"Sinceramente, quero que eles fiquem arrasados em todas as derrotas. Espero que eles não durmam neste domingo, que sofram como eu vou sofrer. Só dessa forma vão encontrar o caminho para ter sucesso no trabalho. Quando você põe todo o sentimento e não consegue, isso gera uma frustração muito grande. É isso que gera consciência e a mobilização necessária para que tenhamos atitudes corretas. Não vejo nada de negativo nisso. Espero que eles se preocupem e tenham plena consciência para voltarem totalmente focados nos próximos jogos. É o lado bom junto com um sentimento ruim, de tristeza. Mas que sirva de alguma forma na nossa preparação."

Bernardinho,
técnico da seleção brasileira masculina de vôlei, após a derrota para os Estados Unidos.