quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Falta-me viver e morrer para a metamorfose se completar

Aprendo a tolerar aquilo que me fez ou faz sofrer. Suporto, então, melhor meu sentimento de responsabilidade. Ele já não me esmaga, e deixo de me levar, a mim ou aos outros, a sério demais. Vejo então o mundo com bom humor e outros olhos.


Conheço com lucidez e sem prevenções as fronteiras da comunicação e da harmonia entre mim e os outras pessoas. Com isso, perdi algo de minha ingenuidade e da inocência, mas ganhei minha independência. Já não firmo uma opinião, um hábito ou um julgamento sobre outra pessoa.
Na maioria das vezes o que se foi não volta. O que está na nossa frente devemos e merecemos aproveitar.

Sou uma pessoa imprevisível e difícil de decifrar! Sou, mas mais ainda serei. Falta-me viver e morrer para a metamorfose se completar!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Só se case com alguém que você ame de verdade

Antes que você junte as escovas de dente e na primeira desavença queira sair correndo.

Porque quando você optar morar com alguém, prepare-se antes. Prepare-se para que os mínimos detalhes tomem grandes proporções, e que aquelas coisas que, para você, não faz diferença, terão intensidade absurda agora. É um exercício de paciência constante, é a mais fiel prova de amor.

Você verá que os atrasos não são mais toleráveis e que revezar a vontade com o outro faz parte da rotina. Faz parte ceder também. Se você está acostumado com a sua vontade sempre prevalecer, esqueça. Esqueça de uma vez por todas, ou você não passa do quarto mês. Queira sempre o bem, faça sempre sua parte, evite o conflito, não bata de frente quando puder. Trate o outro como se fosse seu cliente. Ou melhor: seu mais chato cliente.

Atenda às mais criteriosas exigências, coloque tudo no lugar que você encontrou, não faça coisas que antes você só fazia para você mesmo, seja flexível.

E ame.

Porque é amando que você vai descobrir como é bom dormir abraçadinho em dias de chuva, saber que, quando você chegar em casa, ele estará lá, te esperando. Saberá também como é bom sair para algum lugar que não possa ir com ele dizendo “te amo, tá?” ou até mesmo dar uma “rapidinha” antes de ir trabalhar. Ah, o sexo! É a melhor parte, com certeza. Você pode fazer quando quiser, sem dia e hora marcada. De todas as posições, com todos os ruídos possíveis, em qualquer lugar.

Vale a pena arriscar. Mas só se você amar de verdade.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Se eu morrer antes de você, meu amigo, faça-me um favor.

Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei.

Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E, se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase: “foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus!”. Aí, então, derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele.

Vinícius de Moraes

sábado, 22 de janeiro de 2011

Tenho estado um pouco ausente, é verdade

De uns tempos para cá, tenho conversado muito mais comigo mesmo. Tenho me questionado muito mais. As roupas não combinam mais. Os tênis não estão limpos o suficiente. O cabelo nunca mais esteve como eu queria, sempre esteve desobediente. Tenho me irritado com mais facilidade. Perco a paciência a troco de nada. Não chamo mais atenção. Nem quero mais estar no centro delas.

Tenho andado desmotivado, um pouco para baixo. Me faço de forte, de imbatível, de insuperável. Só me faço. Porque não consigo ser frio com as coisas que me sobem na cabeça, que me tiram do sério, nem ser pela metade. Eu sempre dou o meu melhor, mas isso nem sempre é o suficiente. Gosto do diferente, do anormal, do incomum, do avesso. É isso que me faz todos os dias.

Tenho questionado, frequentemnte, se estou no caminho certo. E, se não estou, o que falta para eu voltar a encontrá-lo? Preciso respeitar mais as minhas vontades. Não combinar mais as roupas com o meu humor, se eu não quiser, nem o perfume com a cor da minha camiseta. Se meu cabelo não ficar do jeito que eu quero, vou assim mesmo; foda-se o que vão pensar. Não vou mais engolir a seco. Vou xingar mesmo, vou ensinar o certo e fazer o errado. E não aceitarei ser cobrado por isso. Serei igual. Ninguém vai mais ganhar méritos sobre mim.

Não preciso mais que ninguém me ofereça nada. Se eu quiser, eu compro. Não vivo mais da caridade de quem me detesta. Foda-se quem quiser.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Você pode ir embora,

nunca mais ser o mesmo. Você pode voltar e nada ser como antes. Você pode até ficar, pra que nada mude, mas aí é você que não vai se conformar com isso. Você pode sofrer por perder alguém. Você pode até lembrar com carinho ou orgulho de algum momento importante na sua vida: formatura, casamento, aprovação no vestibular ou a festa mais linda que já tenha ido, mas o que vai te fazer falta mesmo, o que vai doer bem fundo, é a saudade dos momentos simples: da sua mãe te chamando pra acordar, do seu pai te levando pela mão, dos desenhos animados com seu irmão, do caminho pra casa com os amigos e a diversão natural do cheiro que você sentia naquele abraço, da hora certinha em que ele sempre aparecia pra te ver, e como ele te olhava com aquela cara de coitado pra te derreter.

De qualquer forma, não esqueça de algumas verdades, que sempre fazemos questão de não pensar: não faça nada que não te deixe em paz consigo mesmo;
cuidado com o que anda desabafando; conte até três (tá certo, se precisar, conte mais); antes só, do que muito acompanhado; esperar não significa inércia, nem muito menos desinteresse; renunciar não quer dizer que não ame; abrir mão não quer dizer que não queira.

O tempo ensina, mas não cura.

domingo, 2 de janeiro de 2011

A última chance

(...)

Otávio parou de implicar com o garoto depois que passou a ouvir comentários, no bar que freqüentava, de que seu filho estava andando sempre na companhia de uma dona bonita, vistosa e mais velha. Ele preferiu começar a acreditar que o filho tivesse mudado o gosto asqueroso por rapazes e que agora em diante seria um homem íntegro e reto, como se orientação sexual tivesse alguma coisa a ver ou estivesse estritamente ligada ao caráter e à dignidade da pessoa.

(...)

Marcelo Cezar, autor do livro.