terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Oi, ex! Como vai?

Oi ex!

"Hoje não venho com palavras de ódio, nem te culpar por nenhum episódio, tampouco me colocar em cima de um pódio.

Sim, houve um tempo. Tempo em que desejei cascas de banana na sua calçada, um bicho gordo na sua goiaba, 28 pedágios na sua estrada.

Também não vim te acusar, nem te mandar se lascar, muito menos te pedir pra voltar.

A mágoa foi inevitável, mas se história é imutável, talvez tenhamos que pensar num caminho alternativo viável.

Vim perguntar se você está bem, se continua tendo sonhos do além, se contou dos seus medos para mais alguém.

Se seu pai largou o cigarro, se você conseguiu trocar de carro, se houve algo entre a gente que não tenha ficado claro.

Vim dizer que lembrei de você. Porque finalmente comi cordeiro, porque ri conversando com meu porteiro, porque nosso verão foram anos inteiros.

Vim com bandeira branca, sem qualquer indício de cobrança, apenas me divertindo com algumas lembranças.

Vim te contar que encontrei aquela nossa conhecida, a que foi morar em Aparecida, e que ela tá com a bunda super caída.

Vim contar que vi seu colega de trabalho, que ele tá meio grisalho, mas que ainda dá pra quebrar algum galho.

Vim falar de coisas que ninguém mais entenderia, que achei as fotos daquela viagem para a Bahia e que finalmente tem açaí aqui na minha padaria.

Não vim criticar sua nova paquera, nem retomar aquele clima de guerra, nem dizer qualquer coisa que não seja sincera.

Vim te dizer que está tudo ok, que eu tive uma doença, mas sarei, e que aquele meu vizinho, de fato, é gay.

Não vim te propor uma bela amizade, um sorvete no fim da tarde e nem um fim de história marcado por vaidade.

Vim pra te desejar alguma sorte, vim porque já voltei a ser forte e porque sei que memória não respeita pena de morte.

Vim te deixar um abraço, porque te querer bem é o melhor que eu faço e porque, afinal, já chega desse cansaço.

Vim te dizer para ficar em paz, para respeitarmos o que deixamos para trás e para propor, enfim, que a gente não se queira mal, apenas não se queira mais."

- Ruth Manus

Eu não preciso de você

"Eu preciso perder a barriga, preciso de um ferro de passar roupas e preciso mandar lavar o carro. Mas de você eu não preciso. Talvez até eu precise me vestir melhor, usar um corte de cabelo mais moderno e comprar papel higiênico – está acabando. Mas definitivamente eu não preciso de você. Mas eu quero você. Um diabético não deseja a insulina. Eu não adoro meu remédio da tireoide que eu tenho que tomar todos os dias. Mas eu preciso dele. E um diabético precisa da insulina. Ambos por não termos opção. Eu não preciso que você me entenda como ninguém nunca me entendeu, nem que você me acalme como você sempre faz, muito menos preciso daquele carinho no pescoço que você faz sempre quando me beija, como se você fosse a minha esposa e eu um soldado que passou dez anos em uma guerra do outro lado do mundo. Mas eu quero que você me entenda, me acalme e me beije desse jeito. Sempre.

Eu não preciso conversar com você por horas todos os dias, nem deitar no seu colo e ganhar cafuné. Tampouco preciso ouvir você falar apaixonadamente sobre teatro por horas e horas. Mas conversar com você, ganhar cafuné e ouvir você falar – linda! – sobre teatro por horas a fio é o que eu mais quero nesse momento. Não por necessidade, porque se fosse isso, não importaria o que eu sinto, seria somente algo que eu preciso. Eu poderia, hoje por exemplo, ficar em casa, sem fazer nada. Mas eu preferiria sair para passear com você. A minha vida sem você não seria impossível. Eu não ia morrer nem virar um ermitão nas montanhas. Mas com você a minha vida seria muito mais divertida, não há como negar isso.



O meu remédio para ansiedade tem quase o mesmo efeito que você: me acalma, me deixa menos impulsivo e menos ansioso. Mas eu não queria ter que toma-lo. Já você, se pudesse eu tomaria você de quatro em quatro horas, cinco vezes por dia, e o efeito seria sobremaneira melhor que o do remédio. O remédio não fica com os olhos fechados por vários segundos depois que me beija nem fala com voz doce quando precisa me dar uma bronca. Dizer que eu preciso de você seria minimizar todo o bem que você me faz. Seria como dizer que eu preciso de um remédio ou de camisas novas. Poder ser quem eu sou de verdade, sem ter que disfarçar nada nem esconder nem um pedacinho é algo que eu nunca havia experimentado. E admito que é bem melhor do que eu imaginava que pudesse ser. E viver isso não é uma questão de necessidade. É uma questão de liberdade, de paz de espírito. A paz de espírito que você me traz quando me faz carinho enquanto eu dirijo e quando fala, ao final de toda mensagem: “Fica bem”. Não a paz de espírito que eu preciso. Mas a paz de espírito que eu quero. Assim como quero você."

- Léo Luz

A nossa aliança não está no dedo

"Não é no anelar, mas é na ponta dos dedos a nossa aliança. Ali está a sensibilidade, ali está a energia que faz de nós vulcão e brisa de mar. Nossa aliança é a sabedoria de decidir a intensidade do toque, a reciprocidade da intenção. É o tato da barriga do outro nas costas quando nos juntamos para dormir, mesmo que essa posição dure menos de dois minutos. Nossa aliança é o cheiro de café no beijo de bom dia.

Nossa aliança é a minha inocência em amar as pessoas e a sua resistência em acreditar que seja possível amar tanto. É a minha vontade de pedir desculpas por qualquer coisa que eu não tenha feito e a sua mão firme, segurando a minha, e dizendo “calma, essa solidão vai passar”. Nossa aliança é a certeza de que não existe balança perfeita entre as diferenças e semelhanças para um casal, mas a nossa se equilibra sozinha.

É o seu cabelo se adaptando ao meu shampoo, os pelos naturalmente penteados do seu braço me fazendo chorar de felicidade no meio da noite e o tato do meu pé encaixando no seu enquanto dormimos. Nossa aliança é a sua vontade de conhecer o mundo, a minha de não sair do Brasil nunca e a nossa certeza de que a nossa casa é o melhor lugar que pode haver.

Nossa aliança não é cumulativa. Se renova a cada música nova que descobrimos juntos, a cada momento em que conseguimos expulsar nossas intensidades do quarto para sermos leves juntos. É a certeza de que as brigas mais homéricas que tivemos não foram egoístas: na verdade eu briguei pra que você fosse mais feliz e você para que eu sorrisse mais.

Nossa aliança é o choro cúmplice que temos quando temos medo de que a febre nunca passe, mesmo sabendo que ela vai passar. É a fragilidade que escorre em lágrimas porque não tem motivo para esconder: está escancarada nos olhos.

O que nos une é a vontade que eu tenho de que você leve cantadas baratas de garotos lindos em noites com os amigos e a sua mensagem pedindo pra que eu flerte com alguém no boteco. É o desejo de que o outro tenha sempre motivos para ser confiante, para se sentir bem, para ter certeza de que sexo se encontra fácil, mas como o nosso não há. Nossa aliança é a certeza de que não precisamos um do outro, mas nos queremos acima de qualquer coisa.

Uma aliança é circular porque não tem começo, nem fim. O que nos une é a certeza de amor é eterno recomeço."

- Marina Melz

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Sobre o medo de se apaixonar de novo

Das dores que a gente carrega na vida, muitas delas doem porque alguém fez doer. É o amor mal resolvido, aquele caso que a gente sabe que, no fim das contas, fez doer o coração. É a promessa que não foi cumprida, a mentira que a gente descobriu quase que sem querer, os desencontros que se tornaram, sem vontade alguma, tão-somente desamor.

É aí que a gente se parte em dois e faz um acordo consigo mesmo, se fechando pra balanço e deixando bem claro, a quem possa interessar, que não tem mais jeito, um beijo e um abraço pra essa coisa de se apaixonar. Parecia bom, né? Sentir friozinho na barriga, fechar os olhos e acordar rapidinho só pra ter certeza de que nada, absolutamente nada, era um sonho bobo que logo deixaria de existir.

Mas sabe qual é a graça da vida? Quando a gente menos espera, a gente se esquece dessas promessas de não se apaixonar de novo, perde o medo de mergulhar fundo, de dar a volta ao mundo por alguém que sabe, de um jeito tão único e especial, arrancar um sorriso nosso a qualquer hora do dia, mesmo quando a gente acha que nem tem motivo pra sorrir.

Hoje deu vontade de dizer que se eu consegui perder esse medo, você vai conseguir também! Nem precisa ter pressa, muito menos achar que qualquer bom dia é cantada e que qualquer cutucada é pedido de namoro. Assim o amor chega. E arrebata. Sem régua que meça, sem balança que pese e sem dizer quando e o quanto chega para, por fim, ficar.



- Milton Schubert

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Você não é menos gay

Manual básico de comportamento sobre ser (menos) gay

1. Você não é menos gay porque não escuta divas do pop;
2. Você não é menos gay porque prefere ser ativo;
3. Você não é menos gay por ser “másculo”;
4. Você não é menos gay porque não frequenta baladas gay;
5. Você não é menos gay porque tem mais amigos héteros do que gays;
6. Você não é menos gay porque é “discreto”;
7. Usar palavras como passivinha, passiva, bichinha, bicha de forma pejorativa e com intenção de ofender não te torna menos gay
8. “Não parecer” gay não te faz menos gay;
9. Não se sentir atraído por “afeminados” é uma preferência sua, mas isso não te torna menos gay e não te dá o direito de tratar mal quem quer que seja;
10. Se você tem relações com uma pessoa do mesmo sexo e, ainda assim, de alguma forma, pensa que é menos gay por qualquer motivo: não. Você é gay, e isso não vai mudar, independente das suas preferências ou comportamento.



Extra: e se persistirem os sintomas de achar que é menos gay, na realidade você é um babaca com problemas de homofobia e preconceito internos. Não há nada de errado em ser gay, então não seja um babaca.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Chega um dia na vida

"Que a beleza de um pôr do sol abafa a maldade, definha a amargura. Chega um momento que as amizades ficam, diminuem a decepção pelas que foram. Tem uma hora que o rancor do outro não tem mais peso nenhum sobre suas conquistas. Para todo mundo chega a fase da "canseira", chega a fase de não voltar mais a atenção para pequenezas. Odiar desgasta, amaldiçoar é lançar mão das próprias bênçãos, desejar o mal é colher desgosto para si mesmo. Vejo velhos que passam a vida odiando a pessoa com quem foram casados, mulheres que amarguram o divórcio dia após dia, amigos que alimentar raiva após se afastarem.



Tudo na vida tem prazo de validade. Até nossos momentos de felicidade extrema passam, passamos por problemas, como todo ser humano. Ninguém consegue se manter saudável se alimentando do mesmo cardápio todo dia. Sentimos raiva, amor, tesão, alegria, tristeza. Inteligente é quem entende a hora de reconhecer quando deve mudar, quando deve dar fim ao que estagna a alma, ao que mofa sentimentos."

- Jackye Monteiro

Decidi me dar paz

"Decidi me afastar de quem é fã de conveniências, de quem deturpa e vive à espreita, sempre pronto para macular. Decidi me dar fôlego. Entendi que não preciso aceitar podas nem ter ninguém trepado em mim; que não preciso me deixar envenenar por certos desconfortos. Cada um que carregue seus azedumes. Não dou certo com quem se formiga com as conquistas do outro, nem com quem almoça e janta veneno. Não sei lidar com mania de perseguição, nem com egos mal-acostumados. Resolvi dar chances, acreditar. Reparei direitinho, prestei atenção e percebi: com tão pouco tempo que temos, uma vida cheia de sonhos e tanta coisa colorida, para que voltar meu olhar pro céu cinza dos outros, com tanta coisa vazia?"



- Jackye Monteiro

Eu gosto de gente forte


"Muita gente, assim como eu, já passou maus bocados na vida. Muita gente já cortou um dobrado para se manter em pé, para não fraquejar. Eu gosto de gente forte. Gente que prefere deixar pra lá. Eu prefiro estar perto de quem abriu mão de sequelas sentimentais e preferiu a vida. Gosto de gente que não vive caçando motivo de viço do outro. Não me alio à amarguras, nem a sentimentos mesquinhos. Estive na lama e ando de alma lavada. Não abro mão de mim. Me recuso a amargar rancores. Quem se reconstrói passa por cima, ironiza. Quem tem história para contar faz por menos. Quem já precisou se reerguer ri de si mesmo. Quem já esteve sozinho se aceita como é. Escolhi abrir as cortinas e abandonar o canto escuro do meu quarto. Aprendi a recusar mordaças, a priorizar minha liberdade. Gargalho de tudo que posso, debocho com força da maldade. Já acreditei na tristeza, hoje sou aliado da felicidade."


- Jackye Monteiro

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Eu aceito

"Aparentemente eu não sou muito, nem tenho muito, mas se da sua boca eu ouvir um sim, talvez eu consiga ser sim, muito. Posso tentar clarear no escuro, queimar no inverno, passar sono e fome sorrindo ou nadar contra a correnteza, tudo em busca de um sorriso tímido ou exagerado que você possivelmente saberá me dar como recompensa.

Eu te proponho que me dê a mão. Para que os nossos dedos se entrelacem e que o nosso toque possa ser a conexão mais firme que já existira entre dois corpos. Eu te proponho um ombro para confortar a tua cabeça nos dias difíceis e uma mão para acariciar o teu rosto, de forma que meus dedos ásperos consigam explorar cada centímetro dessa beleza que compõe essa tua face que tanto me agrada e me encanta e me fascina e me faz admirar-te nas tardes em que passa por mim e deixa pelo caminho esse aroma insaciável do teu corpo.

Tenho azia de amor. Queima por dentro de maneira que nenhum medicamento consegue fazer parar. Mas eu te juro que com um beijo eu fico bom rapidinho. Por você eu troco planos, refaço sonhos, desfaço os nós e até corro quilômetros. Dou-te meu braço, meu abraço e te coloco para dormir. Prometo-te cansaço na madrugada e em seguida descanso no conforto do meu peito. Voz mansa, toque leve e sussurros. De alegria. De amor. De gratidão. Eu te proponho sorriso, apoio, respeito, perdão, amor e um cafezinho. Todos eles bem quentinhos.

Eu te proponho paz e tranqüilidade, mas também te prometo ações, sensações e situações de gelar a barriga e suar a mão. Eu te proponho nervosismo com a calmaria do meu apoio, porque é claro que eu sempre estarei aqui ou aí ou ali para o que der e vier com você, do seu lado ou na sua frente para que a sua proteção seja propriamente mais bem designada.

Eu te proponho tantas coisas boas. Coisas inimagináveis, ou incalculáveis ou inexplicáveis, porque te amar é o código mais indecifrável que já pôde ser criado dentro de mim. Eu te amo sem receio. Sem medo de danos. Sem medo de pisar em falso. Porque este querido amor que ousa pesar no meu peito é tão firme que consegue manter o equilíbrio por nós dois.

Diz que sim. Vem pra mim. Fica aqui. Eu te proponho felicidade e um amor bonito para contar para os nossos futuros netos, quando os cabelos perderem a cor e a velhice chegar."

- Wesley Nery

2014

Lembro como se fosse hoje das últimas semanas de 2013: "um ano quase acabando, um coração cheio de planos". Lembro bem do quanto eu estava ansioso por vivê-lo, pois eu estava muito disposto a tirar meus planos do papel e colocá-los na prática (assim como o próximo). E, hoje, depois de tê-lo vivido intensamente, vim falar sobre sobre o que deu certo. E o que não deu também.

Cuidei (e continuo cuidando rs) dos meus dentes (extrai os sisos, tirei o tártaro, coloquei aparelho) . Cuidei do meu nariz (consultas, exames, filas, despertador, tratamento, remédios, jejum, e, enfim, a cirurgia). Do meu corpo (fiz academia, voltei ao vôlei com mais intensidade, me sinto mais leve). Da minha saúde. Talvez, com a correria da faculdade (só quem fez ou faz sabe do que estou falando) acabei esquecendo um pouco mais de mim, em nome do propósito desse sonho. Hoje, confesso, minha autoestima está lá em cima!

Comprei um notebook novo, e um iPhone novo também! Sim, porque eu mereço. Porque eu me dei de presente. Porque eu quero sempre o melhor pra mim. Por falar nisso, mudei o estilo de me vestir também. Roupas, bermudas (amo muito), tênis (sem meia, por favor), cabelo e barba (sim, deixei a barba crescer!). Aliás, me reconheço hoje como muito mais vaidoso do que já fui um dia. E, sabe, estou gostando muito. E as pessoas também. Foi em 2014 que eu fui muito mais elogiado.

Não mudei de emprego. A Affero Lab me fez um bem danado! Não imaginei que seria um talento retido no momento de turbulência (quando o contrato com a Vivo acabou), enquanto muitos pediam alforria ou eram convidados a se retirar. Continuei firme e forte no ideal de transformar as pessoas pela educação e a educação pelas pessoas. Entendi que essa é a missão da empresa, mas é minha missão particular também! Aprendi que "aprender tem que ser divertido", que "aprender não é coisa de escola, é coisa da vida"! Andragogia, 6D's, Influência sem autoridade, improviso passaram a fazer parte do meu repertório.

E foi esse trabalho que me fez viajar. Estava precisando. Conheci o Rio de Janeiro em duas oportunidades. Sonho de criança! E, claro, continua lindo. Superou todas as minhas expectativas. É realmente um lugar exorbitante! Conheci Minas Gerais também, um povo com um sotaque gostoso de ouvir. Mas a melhor viagem foi, de longe, Alagoas. Que lugar LINDO (em letras garrafais mesmo). A praia nem se compara com as de São de Paulo. Sai com a sensação de alma lavada. Energias renovadas.

Meus amigos se tornaram mais amigos do que nunca. Eu entendi de verdade o sentido dessa palavra quando eu me deparei em situações que o que eu mais queria era jogar tudo para o alto e sair correndo. Larissa, Vívian, Fernanda, Mauro, Eliana Barros, Diego Silva, William Égea, Mariana de Deus, Bruna Leslie, Jonara, Juliana Messias, Laura, Cilene, Jaderson, Lourdes, eu não tenho palavras para descrever (e nem caberia aqui) o quanto vocês me são importantes. Obrigado, obrigado e obrigado. Por cada palavra. Cada conforto. Cada carinho oferecido à sua maneira.

Dentre esses, tem um garoto que fez meu 2014 ainda mais especial: Yuri. Um bebê que eu adotei como meu afilhado. O carinho que eu tenho por ele é inenarrável. Foram fotos, presentes, brincadeiras, passeios e afins durante o ano todo, e meu amor por ele só cresceu. Sim, porque me fez refletir sobre meu papel de pai. Um sonho, quem sabe...

Terminei um namoro de 4 anos. Olha, eu nunca imaginei que diria isso aqui. Eu não imaginava que eu conseguiria dizer isso com a facilidade que estou escrevendo. E, juro, não estou com os olhos cheios d'água, como sempre estive ao falar sobre, como foi ano passado, por exemplo. Sabe por quê? Porque eu aprendi a perdoar e deixar o passado, definitivamente, pra trás. Tanto o meu quanto o do próximo. Aprendi a deixar que o destino dê as pessoas o que elas merecem. Porque, diferente do que dizem por aí, acredito que o troco não vem na mesma moeda, vem mais pesado. Aqui se faz aqui se paga. O que eu aprendi antes, durante e depois desse namoro é incalculável! Me percebo muito mais maduro, mais forte, mais homem. Menos problemático, menos sobrecarregado. Mais preparado para quem realmente me mereça.

Então, conheci outros homens. E o mundo gay mais afundo. Cada um me deixou uma lição. Principalmente os fúteis: com uma capa muito bonita, mas o conteúdo péssimo. Fui deixado na primeira oportunidade. Ok. Sabe aquele livro que você cansa na metade e não quer mais ler porque não vale a pena? Entendi que beleza e corpo não é tudo, que excesso de carência e expectativa sobre o outro cansa e frustra, que molduras boas não salvam quadros ruins. Isso tudo, na verdade, eu já sabia, mas ratificaram pra mim. Ainda bem! Muito obrigado!

Entretanto, só estou afirmando isso porque, dentre esses, conheci um "especial" (não gosto dessa palavra, mas okay). Especial sim, porque mexeu comigo de uma forma que eu ainda não sei descrever - estou tentando. Parafraseando Gabito Nunes: "o imprevisto acontece e alguém te encontra. Te reencontra. Te reinventa. Te reencanta. Te recomeça". Seja isso. Estou vivendo intensamente essa escolha. Um dia de cada vez. Pode ser sim que eu me decepcione, mas, "okay", faz parte. O medo de perder, o ciúme, a vontade de querer cuidar, estar junto, fazer planos também? Só o tempo irá me dizer.

Meus pais me respeitaram mais. Entenderam o meu espaço. Embora tenha passado por maus bocados, é verdade. Ouvi coisas que eu não gostei - e nem nunca vou gostar. Também entendo o lado deles, mesmo não concordando. Mesmo achando que dentro de uma família só há espaço para o amor. E só.

Tem alguém, em meio a tudo isso, que merece um espaço especial nesse texto. Alguém que esteve comigo o ano inteiro (e esse sim consegue me deixar com olhos marejados) e talvez esteja para a vida toda. Porque tenho a sensação de que só a morte conseguirá nos separar. Mas, mesmo assim, estaremos unidos na eternidade. É carinho de irmão. É amor de namorado. É cuidado de mãe. Saudades quando, por um dia, a gente não se fala. Conversa por horas, e horas e mais horas. É companhia num domingo de chuva. É conselho quando pedido. E também quando não. É loucura, é risada. É ser muito diferente, mas também muito igual. É falar o que o outro está pensando e trocar olhares que só nós sabemos o que queremos dizer. Bruno, é claro que estou falando de você. Obrigado, mais uma vez, por mais um ano comigo. Juntos, fomos mais fortes. Quase imbatíveis! Porque a promessa é deixar essa amizade marcada na pele, né? Porque na vida já está. Serei-lhe eternamente grato por tudo.

Deus, você não podia faltar aqui. Sabes que não sou um homem religioso, mas sou um homem de fé. Muita fé. Obrigado por tudo até aqui. Desculpe pelas vezes que eu pedi mais do que agradeci - é que eu não gosto de incomodar.

Sem horas e sem dores, seja bem-vindo 2015.