Hoje faz um mês que você não quis mais saber de mim. Que tudo que eu pensei que estávamos construindo foi por água abaixo. Você não quis mais saber de nós dois e escolheu viver sua vida sozinho. Palavra essa que você repetiu incessantes vezes a fim de me convencer a sair do barco que eu queria remar contigo. Ainda bem! Pois, felizmente, você conseguiu.
Conseguiu quando você quis me deixar sozinho em casa num sábado à noite para ir ao samba - compromisso esse que era mais importante do que qualquer outro momento nosso a dois. Na verdade, essa palavra nunca fez parte do teu vocabulário. Raras foram as vezes que ficamos a dois. Era sempre três, quatro, cinco. Fora a bebida. Fora a religião. Fora o assunto que não me incluía. Eu fui embora. E me arrependi de ter ido. E me arrependi de ter me arrependido. Porque você é daqueles caras que de tão seguros de si acreditam que só o que você tem a dizer é o que importa. Por um momento, eu acreditei que isso fosse verdade. Você não me ouvia, né? Me deixei para depois. Priorizei você e seus caprichos. Eu só pensava no teu abraço, no teu beijo, na minha vontade incessante de te ter na minha vida. Mas eu não podia escolher por nós dois.
Nos dias que se sucederam, eu só pensei em ti. Chorei. Chorei com a alma, sabe? Era uma dor sentida. No mesmo dia que eu vim embora, você postou "não encosta, não me beija. Só me olha, me deseja. Quero ver se você vai aguentar a noite inteira sem poder me tocar". Doeu mais ainda. Eu não me aguentei. Havia prometido a mim mesmo que não iria falar contigo. Iria te esperar. Mas eu não resisti. Foi mais forte o meu impulso quando te vi online. E quis falar contigo. Mas não adiantou tratá-lo com o meu melhor. Tua frieza. Tua indiferença. Tua prepotência. Você terminou comigo. Por WhatsApp.
Eu aceitei. Te deixei em paz, como você pediu. Afinal, né... você estava de ressaca. E era isso que importava naquele momento. Deixei o tempo passar. Você me procurou para saber como eu estava; propus conversarmos pessoalmente. Até quando você não queria mais falar comigo, eu pensei em ir até você para ver se aquela frieza se estenderia até o contato olho no olho. Ainda bem que eu não o fiz, porque eu tinha certeza que sim. Mesmo assim, nós marcamos um encontro. Claro, sempre tinha que estar de acordo com sua agenda, sempre tão ocupada, para ver se eu cabia nos espaços. Ainda assim, eu te esperei. Comprei uma caixa de bombom. Escrevi uma carta. Queria lhe fazer uma surpresa. Eu acreditava em nós dois. Mas você não tinha tempo para mim. Ou você, simplesmente, não queria ter.
Tanto não quis que sua proposta era ficar comigo sem compromisso. Depois você me propôs até sexo casual. Mas eu não sou homem sem compromissos. Eu sou daqueles que tem começo, meio e fim. Não fico em cima do muro. Sou 8 ou 80. Água morna nem para fazer chá serve. Você era cheio de não-me-toques. Egocêntrico. Definitivamente, nós não éramos um para o outro. O meu susto (ou talvez nem seja essa a palavra) foi quando você fez teu check-in a caminho do Rio de Janeiro. Lembro como hoje você dizendo que "se eu for para o RJ eu não volto mais". Nas entrelinhas, você dizia que eu não importava. O meu sentimento não importava.
O que você chamou de "carência", os outros chamam de "atenção". Enquanto você não queria estar comigo no fim de semana, tem gente dizendo que eu ando ocupado demais. Enquanto você não fazia planos comigo, tem gente querendo vir de outro estado para me ver.
É, Flávio... A vida tem dessas! Obrigado por tudo que me ensinou. Espero, de coração, que você esteja feliz. Eu torço por ti. Nós não demos certo juntos, mas as lições que aprendi levarei para o resto da vida. Às vezes, tudo que a gente precisa é de alguém para nos ensinar a não ser como elas.
Feliz ano novo.