sábado, 31 de dezembro de 2011

Cartas de um ano velho

O último dia do ano vem, e chega a hora de olharmos para tudo que passou, e pensar nos momentos que te fizeram chegar até aqui. E chega a hora também de agradecer.

Mãe,

Que reviravolta a nossa vida, hein? Quem diria que um dia eu escutaria da sua boca, mesmo que não fosse direcionado a mim (até mesmo porque não é isso que importa), que os filhos precisam ser aceitos do jeito que são, independente de qualquer coisa? Sou tão feliz por, depois de tanto tempo longes um do outro, você ter reconhecido que orientação sexual não muda personalidade de ninguém. Continuei sendo o mesmo menino de sempre: primeiro aluno da classe, educado, gentil, inteligente e bonito, como você sempre diz. Hoje, mais do que respeitar, você me aceita do jeito que sou. Não concorda, é verdade, mas isso não muda em nada o amor que eu sinto por você. E que você sente por mim também, por mais que você não demonstre com palavras (mas eu sim. Adoro te mandar sms dizendo no final que "te amo"), pois afinal foi assim que você aprendeu. Aprendeu, finalmente, que filhos serão eternamente filhos.

Pai,

Você é meu nego! Um cara admirável. De manobrista a engenheiro civil. Foi por você que eu voltei. Por todas as vezes que eu vim te visitar e você sempre disse que "aquele" era o meu quarto, mesmo que na época fosse o de hóspede. Foi por te ver chorando, dizendo que "nós vamos voltar a comer pão juntos", que eu quis vir te proteger (por mais que na maioria das vezes seja você que faz isso comigo, porque só querer a minha felicidade). Obrigado por ser meu pai, meu herói, meu bandido. Por só querer o meu bem. Mais do que isso, obrigado por também me aceitar do jeito que eu sou. Por não tocar nesse assunto e nem por isso deixar de me tratar como quando não sabia da minha orientação sexual. Nos bilhetes, eu sei que você chora quando eu também te digo que te amo. Você é chorão, fresco para comida, perfeccionista, pontual e egocêntrico: então, somos dois.

Verinha,

Eu sempre vou chorar quando eu lembrar de tudo que você representou para mim nesse ano, e que continuará representando no resto da minha vida. Eu te vi chorar quando nos despedimos ao saber que não nos veríamos mais no dia seguinte, pela primeira vez, depois de tanto tempo de parceria, e eu nunca imaginava que aconteceria isso. Você deixou de ser minha melhor chefe (desculpa pelos momentos que eu esquecia disso) e passou a ser minha amiga. Minha melhor amiga. Minha mãe. É, por muitas e muitas vezes foi assim que eu te vi. Com seus abraços, seus beijos, seus puxões de orelha, nossas risadas incontroláveis, sua marmita que eu comia todo dia um pouquinho, só para te pirraçar, ou só para te ouvir dizendo meu nome completo. Com suas lições, seus empurrões, suas experiências. Você faz parte do que eu sou hoje, Verinha, e eu serei eternamente grato por isso. Você não tem noção de como você me faz falta! É como se faltasse parte de mim ali, todos os dias, para me ensinar alguma coisa diferente, mesmo quando eu "achava" que já sabia de cor e salteado.

Sérgio,

Você tem que estar aqui. Você chegou na minha vida como só um cara que eu queria ser quando eu tivesse a sua idade. Quando eu te disse isso, você me respondeu: "quando você tiver a minha idade, você será muito melhor do que eu". E foi a partir daí que criamos intimidade, descobrimos afinidades, e nos tornamos amigos. Obrigado pelo reconhecimento do meu trabalho, por perguntar todos os dias se eu estava bem e querer saber mais sobre a minha vida quando eu dizia não para essa pergunta. Você era minha motivação todos os dias, por mais que, por vezes, eu quisesse desistir de tudo aquilo, e partir para outra. Mas foi nesse momento, quando eu consegui partir para outra mesmo, que você foi o primeiro a me ligar, me desejar os mais sinceros parabéns, e quase pular de alegria junto comigo. Me senti abraçado por você naquele momento e isso me fez ver o quanto você torce por mim. Que apesar de todas as mancadas, foi meu pai: "tudo é bom ou ruim dependendo que vem depois". São pessoas como você que fazem verdadeiramente a diferença na vida de uma pessoa. E pode ter certeza, que mais do que ter feito a diferença, você marcou a minha.

Aos amigos,

Ana Carolina, Camila Oliveira, Camila Menezes, Carolina Leonardo, Débora Oliveira, Fernanda Brozinga, Francyne, Igor, Jaderson, Karen, Lourdes, Luciano, Monique, Nathália, Simone Rocha, Simone Menezes, Taíza e Victor,

Foi esse ano que eu descobri o quanto cada um de vocês se tornou importante na minha vida. Podem ter certeza que vocês me fizeram melhor enquanto eu estive ao lado de vocês, compartilhando algum momento de nossas vidas juntos. Alguns continuam comigo todos os dias, outros o destino quis nos afastar, mas, independente disso, estão no meu coração e na maioria das vezes no meu pensamento também. É por causa de vocês que eu dou risada sozinho na rua lembrando de alguma situação engraçada, que eu lembro de alguma frase dita quando eu preciso refletir em algum momento da minha vida, que eu choro mais ainda quando eu lembro da importância de vocês para mim à noite deitado no travesseiro. Desculpe se eu falhei algum dia com vocês, e devo ter falhado mesmo, mas tenham plena certeza de que eu errei tentando acertar. Tentando fazer do jeito que sei: o melhor.

Fernando,

Se eu for falar de 2011, é sempre de você que eu vou lembrar em primeiro lugar. Você esteve comigo nos momentos felizes, e nos momentos tristes também. Me fez mais forte. Durante 10 meses desse ano inteiro, foi com você que eu contei para tudo. Foi você o meu alicerce, a minha base, o meu tudo. Obrigado por comprar o meu remédio quando eu estava doente, comprar Salonpas quando eu acordava morrendo de dor nas costas, esquentar o leite para mim mesmo quando eu tinha que entrar muito cedo, fazer o pão assado na frigideira que eu tanto gostava quando você fazia. Obrigado pela primeira festa de aniversário surpresa, por me levar no ponto de ônibus e esperar até eu pegá-lo, pelos sorvetes, pelas pizzas, pelas ligações inesperadas, pelas preocupações com o menino bobo aqui. Não posso deixar de mencionar também as muitas brigas que tivemos. Mas, por elas, eu também quero agradecer. Agradecer. Isso mesmo. Aprendi com cada uma delas, pode ter certeza. Quero deixar aqui as minhas sinceras desculpas pelas vezes que eu não respeitei o seu espaço, que eu quis ficar bem com você antes de dormir, ignorando o seu tempo. Desculpe também por todas as vezes que você tentou me mostrar a sua visão, mas que eu deixei para lá, só pensando em mim, e por tudo que eu fiz de ruim a você. Espero que você leve com você, assim como eu, só o que foi bom. Como diria Roberto Carlos, na música "Outra vez", "você foi a mais estranha história que alguém já escreveu".

Elian,

Com você, eu vivenciei alguns dos melhores momentos da minha vida inteira. Afinal, foi com você que eu fui para o Playcenter namorando pela primeira vez (e você não sabe como eu tinha vontade disso). Foi com você que eu fui pego fazendo "coisa errada", e mesmo assim continuou junto comigo, acima de qualquer coisa. Foi com você que eu dei a mão na rua, e saímos encarando qualquer um que quisesse nos colocar em xeque. Foi você que me disse da forma mais espontânea que me amava. Foram sms e sms por dia e noites a fora (mesmo que a Tim quisesse acabar com tudo. rs). Eu estive com você nos momentos que eu queria ter alguém do meu lado, para me abraçar, me beijar, me morder, me beliscar, me bater e, no fim, dizer que me amava. A nossa história começou de um jeito inusitado, e felizmente o destino nos colocou frente a frente. Antes amigos, depois namorados. E foi isso que nos fez mais forte. Elian, obrigado por todas as noites que você antes de dormir dissera que me amava, porque, nos momentos que eu mais precisei, foi daqui que eu tirei forças para continuar seguindo em frente. Sobre o presente, nosso sentimento não merece injustiças. Sobre o futuro, deixe-os na mão de Deus, e Ele saberá o que fazer.

Bruno,

Você esteve comigo esse ano o tempo inteiro, mesmo quando você estava longe. Mesmo quando a gente ficou um tempão sem se falar. Mesmo quando você não queria falar comigo, nem eu com você. Foi com você que eu dividi todos os momentos da minha vida. Foi com você que eu dei as minhas melhores risadas, derramei as mais dolorosas lágrimas, senti o mais intenso abraço e ouvi as coisas que eu queria e não queria ouvir. Eu só tenho a agradecer por você me conhecer tanto, e me amar por isso, na mesma intensidade que eu amo você. Sinceramente, espero contar com você o resto da minha vida. Porque, sem você, a minha vida não terá mais graça. É você a minha metade. Meu braço direito. Minha razão de querer estar vivo. Você faz parte de mim. Sem você, meu rádio fica mudo, minha tv fica sem cor, meu violão fica sem som. Sem você, meu corpo não reflete mais no espelho, minha casa cai. Sem você, eu perco o chão.

Aos que torceram contra,

Vocês conseguiram me derrubar. Só não conseguiram, "infelizmente", me deixar lá. Afinal de contas, eu sou como um vidro mesmo: me jogam no chão, e eu quebro. Dilacero. Mas não pisem em mim, porque eu te corto feio. Desejo que no próximo ano vocês continuem assim, porque é desse jeito que me fazem mais forte todos os dias. Mais vivo, mais intenso, mais completo. "Valeu, muito obrigado, mas com vocês eu sou uma puta": artificial.

Deus,

A você, só tenho que pedir que continue mudando os meus planos todas as vezes que você trouxer o melhor para mim, como fizestes esse ano. Não me deu o que queria, só me deu o que eu mereci. E eu serei eternamente grato por isso. Você, no fundo, deve dar mesmo muita risada comigo. Por todas as vezes que eu achei que estava inovando nos meus planos, você veio com todo carinho e me colocou no colo, e ainda disse que não era assim que se fazia. Que muita coisa ainda tinha para acontecer. Se 2010 foi um ano de divisor de águas na minha vida, 2011 foi um ano de lições. O que eu não aprendi no amor, eu aprendi na dor. Aprendi com os meus erros, e com os erros dos outros também, afinal, eu não conseguirei cometer todos os erros numa vida só.


É por essas e outras, que eu só tenho a dizer: vem que vem 2012! Feliz ano novo!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A gente não faz amigos, reconhece-os

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos.

Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências. A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo. Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer.

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos.

  (Vinícius de Moraes)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

As pessoas que ficam loucas são aquelas que não aprenderam a conviver com suas loucuras

A vida sempre é tão surpreendente que somente com uma boa dose de loucura conseguiremos fluir em suas ondas. Uma pessoa certinha vai ser muito rígida para agüentar a fluidez da vida. As pessoas que ficam loucas são aquelas que não aprenderam a conviver com suas loucuras. Acredite, não existe um mapa para ser feliz, mas existe uma forma de caminhar para ser feliz. Com serenidade, abertura, disponibilidade e uma grande dose de loucura. Não existe um mapa para a felicidade porque a felicidade consiste exatamente em explorar a vida com paixão e intensidade. Viva intensamente.

(Adele)

sábado, 24 de dezembro de 2011

Que o amor é justamente o momento em que você descobre o outro fazendo tudo errado

Se um dia na sua vida você tiver que saber quem na vida mais te amou, quais foram as pessoas que mais te amaram de verdade, é só descobrir as pessoas que mais te perdoaram. É uma matemática fácil de ser feita. Porque na vida nós só temos o direito de dizer que amamos depois de muitas outras vezes termos precisado perdoar alguém. Que o amor é justamente o momento em que você descobre o outro fazendo tudo errado, tudo ao contrário do que prometeu, e mesmo assim você ainda tem reservas aí dentro pra trazê-lo de volta, pra olhá-lo nos olhos no momento em que ele não merece, pra desconcertá-lo com seu perdão, no momento em que ele esperava sua gozação. Da mesma forma, se você quiser saber quem você mais amou, é só começar a contar nos dedos as pessoas que você mais precisou perdoar. Porque o amor não existe fora do perdão. Se essas pessoas que dizem que te amam só porque você faz as coisas certas, cuidado! Porque no dia em que você não conseguir fazer tudo certinho e ela te dispensar, não fica triste não … É porque nunca te amou!

(Padre Fábio de Melo)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Porque tudo que eu tenho é seu

Mas você é diferente. Por você eu me apaixonaria todos os dias, se preciso fosse. Você não é qualquer um. Você tem um brilho diferente no olhar. Estar ao seu lado me deixa mais completo, mais leve, mais feliz e em paz com o mundo. Mais confiante. Mais… sei lá, seguro. Eu sinto que, de verdade, nossos destinos estavam traçados. É como se o universo quisesse assim.

E mesmo que não seja pra sempre, eu volto nas lembranças só pra te buscar, só pra poder viver no lugar mais seguro do mundo. Mesmo que eu siga em frente, eu sempre vou te levar em cada pedaço de mim... Porque tudo o que eu sou, tudo o que eu tenho é seu.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Não perca seu tempo comigo

(...)

Porque sou fiel aos meus sentimentos. Vou estar com você quando eu realmente quiser estar. Vou te ligar quando eu quiser falar com você. Porque eu não passo vontade. E nem vou passar vontade de você. Não vou fazer joguinho. Eu me entrego mesmo. Assim. Na lata. Eu abro meu coração. Rasgo o verbo. Me dou em prosa. E se te disser que não te quero, meu olhar vai me desmentir na tua frente. Porque eu falo antes de pensar. Eu falo até sem sequer pensar. Eu penso falando. E se estou com você, aí, não penso duas vezes. Não penso em nada. Não quero mais nada.

(...) Mas, talvez, eu precise dos seus braços fortes. Das suas mãos quentes. Do seu colo pra eu me deitar. Do seu conselho quando meu lado menino não souber o que fazer do meu futuro. Eu não vou te pedir nada. Não vou te cobrar aquilo que você não pode me dar. Mas uma coisa, eu exijo. Quando estiver comigo, seja todo você. Corpo e alma. Às vezes, mais alma. Às vezes, mais corpo. Mas, por favor, não me apareça nunca pela metade. Não me venha com falsas promessas. Eu não me iludo com presentes caros. Não, eu não estou à venda. Eu não quero saber onde você mora. Desde que você saiba o caminho da minha casa. Eu não quero saber quanto você ganha. Quero saber se ganha o dia quando está comigo.


Você não vai me ver mentir. Desista. Mentiria sobre a cor do meu cabelo. Sobre minha altura. Até sobre meus planos para o futuro. Mas não vou mentir sobre o que eu sinto. Nem sob tortura. Posso mentir sobre minha noite anterior. Sobre minha viagem inesquecível. Mas não agüentaria mentir sobre você por um segundo. Não na sua cara. Mentiria pras minhas amigas sobre a sua beleza. Diria que tem corpo de atleta e um quê de Don Juan (mesmo sabendo que elas iriam descobrir a farsa depois). Mas não me faça mentir e dizer que não te quero. Que eu não estou na sua. Não me obrigue a jogar. Não me obrigue a dizer “não” quando eu quiser dizer “sim”. Não me faça tirar você da minha vida porque meu coração ainda acelera quando você me liga.

Porque eu não quero entrar no seu carro se não puder entrar na sua vida. Não me conte seu passado se eu não puder viver seu presente. Não faça planos comigo se não me incluir no seu futuro. Não me apresente seus amigos se, amanhã, vou virar só mais um. Me poupe do trabalho de adivinhar seus pensamentos. Diga que me quer apenas quando for verdade. Diga que está com saudade apenas se sentir minha falta do seu lado. Peça minha companhia quando não desejar só meu corpo. Me ligue quando tiver algo pra dizer. Mas, por favor, me desligue quando não estiver mais afim de mim.

(Autor desconhecido)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

"Às vezes você tem que esquecer o que você quer, pra começar a entender o que você merece."


Você não amadurece ao comemorar mais um ano de vida.
Você não amadurece quando descobre quem não corre por você.
Você não amadurece quando não é prioridade, mas sim opção.
Você amadurece ao cair e levantar sozinho, sem que ninguém precise te ajudar.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Quando você me deixar

Quando você me deixar, não dê explicações. Não use frases feitas. Não diga que o problema é você, não eu. Não fale que gosta de mim como amigo. Não me venha com aquele papo de pessoa-certa-na-hora-errada. Não coloque a culpa no trabalho, nos estudos, na falta de tempo. Sobretudo, não coloque a culpa em mim.

Quando você me deixar, não use desculpas, porque não passam disso: palavras vazias e convenientes. Já estive em seu lugar, já as utilizei e bem sei que são todas mentiras. Quando você me deixar, não retome velhas brigas, não reviva ressentimentos, não reabra as feridas. 

Quando você me deixar, não me beije, não me abrace. Não me lance seu olhar de piedade. Não tente me consolar. Diga somente que está me deixando – diga com todas as letras, porque precisarei ouvir. Depois, cale-se e vá embora.

Quando você me deixar, em nome dos nossos bons momentos, tenha clemência: seja breve.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ter ou não ter namorado

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil. Mas namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida; ou bandoleira basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

Quem não tem namorado é quem não tem amor é quem não sabe o gosto de namorar. Há quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho.Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria.

Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar. Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário. Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, de fazer cesta abraçado, fazer compra junto.

Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira – d’água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro. Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada, ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.

Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim.

Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria. Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. 

ENLOU-CRESÇA.
(Artur da Távola)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Me morde, e eu te como.

Bateu uma vontade louca de sair correndo das redes sociais, de não ter que ver mais algumas que eu gostaria muito de não ler mais. Não quero saber mais como andam as coisas por lá, quem foi promovido, quem pediu as contas, como anda o volume de trabalho de um, quem derrubou o outro. Quem conseguiu o que queria há muito tempo - eu com muita vontade de dizer "finalmente", de uma forma bem sarcástica, para mostra que não, não é aquilo que todos pensam que é. Eu quero quem se importa comigo. Como eu estou depois de tudo que eu passei. E, olha só, nem lembram mais do que aconteceu. Já virou página virada - graças a Deus.

Descobri ainda como eu não gosto de pessoas que prometem pra mim uma coisa que elas não vão cumprir. Eu odeio isso, aliás. Eu sou muito perfeccionista, apegado à detalhes. Eu presto muito mais atenção nas coisas menores do que nas maiores. É lá que eu encontro a diferença. E isso é um perigo. Eu saberei exatamente quais foram as palavras que você usou quando eu me sentir ofendido por você. E eu as repetirei se for necessário, pode ter certeza. Aprendi a não ser vingativo, nem orgulhoso, mas aprendi também a me calar. A silenciar o meu mais profundo sentimento, sem guardar nenhum tipo de rancor. Não é isso. É deixar para depois mesmo. Saber o momento certo de usá-la, sem dar a sensação de que estou "jogando na cara". É mais do que isso: é mostrar que não podemos, de jeito nenhum, fazer com as pessoas que a gente ama de verdade o que não queríamos que fizessem com a gente.

"Posso ser de mel, e de veneno. Posso ser muito humana, e muito bicho também. Me morde e eu te como."
(Clarice Lispector)

Hoje eu só quero que o dia termine bem, porque amanhã... ah, amanhã é um outro dia!