quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Mesmo que eu não pareça precisar

"Cuida um pouquinho de mim, mesmo que eu pareça não precisar. Eu tenho esse jeito de quem dá conta de tudo. E dou conta de muita coisa mesmo. Só que não é de tudo, não. E muita coisa eu até posso dar conta, mas careço de algum gesto de afago na alma. Porque tenho sido muito dura comigo, e seu cuidado vem me amolecer um pouco.

Fala que meu cabelo tá bonito, enrosca seus dedos entre os fios e pode se demorar, deixa eu saber que você gosta de me dar carinho, porque gosta da textura que eu tenho, do meu cheiro e da temperatura da gente junto.

Pergunta como foi meu dia e se eu não disser muito, pergunta algo mais e continua com os olhos em mim, com silêncio cheio de presença.

Quando eu estiver cansada abre os braços e me convida para me aninhar.

Diz que viu algo que fez lembrar de mim. Alguém que deu uma risada solta, uma folha caindo leve de uma árvore, uma música que tocou no rádio.

Traz aquele chocolate que eu amo, observa eu fazendo festa e sorri dizendo que só trouxe porque adora me ver assim.

Enquanto me beija, atende os sinais do meu corpo pedindo suas mãos.

Diz que vai ficar tudo bem, se eu acordar chorando por um pesadelo que eu não sei explicar.

Pode me ligar no meio do dia pra me contar alguma história à toa ou só pra ouvir minha voz e deixar eu ouvir a sua.

Presta atenção no que eu digo e no que eu não digo, e me conta de vez em quando que você tá ali acompanhando.

Quando eu estiver pilhada, pode dizer que preciso respirar, que o jeito que eu tô levando as coisas não tá legal, me traz pra realidade, porque às vezes eu viajo mesmo.

Dá um sorrisão pra mim, dá a mão, dá seu ombro, dá abrigo, dá seu beijo, dá um cheiro e um abraço, dá silêncio e suas histórias.

Cuida um pouquinho de mim, porque eu ando meio esquecida de como fazer isso.

Porque mesmo que não pareça, tem hora que preciso só de um gesto que mostre que você me vê, que tá comigo nessa e que eu posso ser quem eu sou. Porque, de verdade, tem hora que eu me esqueço de oferecer isso pra mim. Pode me dar esse lembrete, me levanta o queixo, suave assim, me olha e me lembra o gosto bom do amor que vem de mansinho e aquece a gente por dentro."

- Juliana Garcia

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Se não fosse tudo isso que a gente passou

"Se não fosse tudo isso que a gente passou, eu não teria chegado a esse nível de maturidade que eu cheguei (mas falta muito ainda pra amadurecer). Se não fosse tudo que a gente passou, eu provavelmente estaria mais fraco, teria menos desafios e amigos menos confiáveis. Você foi um filtro na minha vida, fazendo com que coisas e pessoas ficassem para trás e as melhores ficassem para mim. Você saiu de mãos limpas de toda essa confusão em que a gente se meteu.

Chorei muito, chorei por meses, talvez por anos. Mas passou. Mesmo com a sua insistência em cutucar as minhas feridas eu estou inteiro, de pé e muito mais confiante do que era quando a gente esteve junto.

Eu sei que foi muito confuso, que para ambos foi uma merda, mas eu queria de coração que você se acertasse com alguém e fosse feliz. Não em meu benefício, mas aquela máxima diz que gente feliz não enche o saco. E é verdade. Mas eu quero você feliz porque nós não conseguimos alcançar a felicidade juntos e eu entendo que não tinha outro jeito mesmo. E te desejo o melhor.



Enquanto você não se arranja, eu vou colocando meus fones de ouvido e intercalando entre Smiths e Beatles, as bandas que você mais odiava no mundo e que eu parei de ouvir por sua causa. Você deixou de fazer um montão de coisas por minha causa também, mas eu descobri – com o tempo, aquele senhor da razão – que ninguém deve se privar de nada pelo outro. Mesmo que as reações sejam exageradas, os beijos curtos e a felicidade distante. Queria que você me desculpasse pelas mágoas que eu deixei e eu te desculpo pelas suas também. A vida é assim, a gente vai aprendendo e descobrindo que quando é amor a gente reconhece na hora. Mesmo começando com aquela paixão avassaladora de transar 12 horas por dia e suportar a terrível conchinha nesse país tropical.

Eu quero que você saiba que o que a gente viveu pode não ter sido a melhor coisa do mundo – looooooonge disso – mas que eu tô continuando minha vida independente de tudo que você acabou tolhendo. E espero que você consiga prosseguir apesar de todas as limitações que eu acabei colocando em você também.

Fica em paz, quero que você seja uma pessoa foda. Porque eu também quero ser e desejo isso para todo mundo. Até para você."

- Ju Umbelino

sábado, 21 de novembro de 2015

Como vi meu ex se apaixonar por outra pelo Facebook

"Nós terminamos no estacionamento de uma pizzaria. Ele queria casar. Queria filhos, um emprego decente e um quintal grande para ter cachorros. Eu queria Nova York. E Londres. Talvez a Tailândia por um ou dois anos. Queria escrever e morar num apartamento horrível e viver uma paixão desajustada. Eu tinha acabado de fazer 21 anos e ainda não queria algo tão fácil.

Pedimos uma pizza para viagem, sentamos no carro dele e comemos em silêncio. Preferimos isso a pagar o serviço e ouvir a rádio horrível dos anos 90 que tocava dentro do restaurante, ou talvez fosse simplesmente melhor comer em silêncio.

“Tem alguma coisa errada”, eu falei.

“Erraram o pedido?”, ele perguntou preocupado, me lembrando porque eu amava ele.

“Não. Não com a pizza. Com a gente”, eu falei.

Sobrou um pouco de molho no queixo dele. Limpei com o dedo, mesmo sem saber se deveria. Chorando, nos prometemos várias coisas impossíveis, com a pizza não-comida gelando nos nossos pés. Quem sabe em alguns anos, falamos. E eu acreditei nisso por mais tempo do que deveria.

Foi minha justificativa para, três meses depois, espiar o perfil de Facebook dele durante uma madrugada. Eu me prometi que só queria saber se eles estava bem. Eu me convenci que só queria saber se ele tinha conseguido um emprego. Sabe, chechar se está tudo bem com os pais deles. Sempre havia um motivo para visitar o perfil dele.

A primeira foto deles juntos foi tirada em uma festa. Acho que era uma festa pelo copo de plástico na mão dela e o sorrisinho meio bêbado dele – aquele do qual eu tanto tirava sarro. Ele segurava ela pela cintura e enquanto eu olhava para a tela do computador, tentei não me lembrar de como eu me sentia quando ele colocava a mão na minha cintura. Talvez eles sejam só amigos. Será que eles já se conheciam enquanto namorávamos? Fiquei pensando se já tinham dormido juntos.

Eu me lembrei que não tinha o direito de me importar com isso. Mas eu me importei. Eu fechei o laptop com tudo. Já tinha me torturado o suficiente por uma noite. Mas assim que eu dormi, sonhei com ele.

Era inverno. A neve estava suja no estacionamento da loja de conveniência onde compramos papel higiênico. Estávamos encostados no carro e eu sentia que estava congelando. Ele respirou perto de mim, aquela nuvem de ar quente me aquecendo. Como em qualquer sonho desse tipo, a história não fazia sentido algum. Por que estávamos parados e não andando? Por que estávamos dirigindo o carro da minha mãe em vez do dele? Por que ele estava sem casaco? Por que ainda estávamos juntos?

Eu tirei minhas luvas e coloquei as mãos por baixo da camiseta dele, procurando seu peito. Ele sentiu arrepio e sorriu para mim.

“Eu só estou aqui para aquecer suas mãos, né?”, ele disse.

“Talvez”, eu dei uma risadinha.

Acordei com frio, procurando por ele na minha cama.

O momento depois de acordar sempre foi o pior de todos. Naquele momento, eu sentia que o sonho era real, que talvez a gente nunca tivesse terminado. Naquele momento em que eu voltava a dormir, desejando mais do que tudo colocar minhas mãos no peito dele. Aquele momento em que eu lembrava quão fácil era amar e ser amada e que parecia impossível que aquilo não fosse mais o caso.

Eu peguei meu celular no criado-mudo e dei uma olhada no Twitter. Eu precisava estar com ele, do jeito que fosse. Lendo os posts dele, conseguia ouvir a sua voz. Eu imaginava ele dando risada das próprias piadas antes de postar e sorria pensando nisso. Eu ouvia tão bem a voz dele que por um minuto nem me senti tão sozinha.

Seis meses depois de terminar, outra foto surgiu: ele e a garota do copo de plástico num jogo de baseball. Senti um nó no estômago quando entendi que ela se tornaria alguém presente na vida dele. Olhei aquela foto, cada um segurava uma bebida. Me perguntei se ela gostava de esportes ou só estava lá pela cerveja e pelos cachorros quentes, como eu. Ou se ela adorava olhar a calça justa dos jogadores, ou falar do pessoal bêbado em volta dela. Ou se eles estavam se divertindo.

Vendo eles juntos, com aqueles sorrisos sinceros e copos cheios, ainda assim não entendi que ele tinha superado. Talvez em alguns anos – eu sempre lembrava daquela promessa com facilidade. Eu não queria ele agora, mas isso não significava que eu não poderia ter ele nunca mais.

Eu não conseguia aceitar que ele podia se apaixonar por outra enquanto eu ainda o amava. Naquela época, eu não entendia que o amor podia ser algo tão platônico. Eu não conseguia imaginar que ele falava para ela coisas que tinha falado para mim, ou que olhava para ela do mesmo jeito que me olhou um dia.

Estava tão iludida que sentia dó dela. Aquela coitada que tinha um namorado que amava a ex. Engraçado como é fácil acreditar no inacreditável para não se magoar.

Eu pensava nele deitado na cama, olhando para o teto, desejando que aquela garota ao lado dele fosse eu. Era mais fácil imaginar que ele não conseguia dormir, me procurando pela cama, do que acreditar na real: que ele não estava pensando em mim.

A internet me contou várias coisas sobre ela. Que ela era linda e inteligente. Que ela era sociável e tinha um sorriso doce. Eu queria odiá-la, mas não conseguia. Ela tirava fotos com crianças e sorria de forma muito sincera. Ela ria de um jeito que me parecia autêntico. Ela parecia uma daquelas mulheres que não demora para se arrumar.

Olhava para a foto do perfil dela e depois para a do meu, tentando sair de dentro de mim e ser um juiz justo comparando nós duas. Olhava para nossos perfis e via tudo que a gente tinha em comum, e tudo que a gente não tinha. Meu rosto é mais angular que o dela, meu cabelo é menos loiros. Meu sorriso não é tão espontâneo, a não ser nas fotos em que eu estava com ele. Ela fazia mais trabalho voluntário que eu, mas eu parecia sair mais. Ela parecia vir de uma família com dinheiro, e eu parecia viver de roupas de doação e uma lista de supermercado enxuta. A gente tinha nossas diferenças, mas também tinha similaridades óbvias: amávamos nossas famílias, nossos amigos e o mesmo cara.

Foram meses assistindo eles se marcarem em fotos até a mudança do status de relacionamento. Eu sofria vendo eles trocando piadas internas no Twitter e especulava do que eles estavam falando. Percebi quando ela ficou amiga das irmãs dele e tirou fotos com a sogra. Fui a espectadora da viagem de férias dele, enquanto ele usava um relógio que foi presente meu. Vi eles dirigindo juntos no carro em que nos beijamos - o mesmo carro em que terminamos.

Eu vi o relacionamento deles chegar a fases que o nosso tinha chegado, e a fases que não tinha.

Eu me perguntava se eles brigavam. Me perguntava se o que ele fazia que tanto me irritava também incomodava ela. Me perguntava se ela também queria o quintal grande e o emprego estável.

Sim, eu poderia parar de acompanhar eles a qualquer momento, mas era um vício. Eu queria saber o que ia acontecer. Se eles iam dar certo. Ou, talvez, se não iam.

Apesar de me torturar tanto, nunca falei com ele.

Eu ainda queria Nova York. E Londres. E talvez a Tailândia por um ou dois anos. Nada tinha mudado. Mas eu gostava de ver as fotos daquele dentucinho. Eu gostava das caras bobas que ele fazia quando não estava pronto para a foto. Ele me lembrava de como era me apaixonar, e eu gostava disso.

Nós estávamos em caminhos opostos, mas eu ainda sentia uma atração inexplicável por ele. Era tão bom ter ele ali, tão acessível, mesmo se ele não estivesse de fato.

Eu não me achava uma stalker, mas talvez eu fosse – espiando a vida feliz de alguém por uma janela virtual. Acho que pensava que, só por vê-lo na tela do computador, de alguma forma ele ainda era meu e talvez eu não estivesse sozinha e talvez alguém me amasse. Talvez ele também estivesse espiando minha vida.

Com o passar do tempo, entrei menos no perfil dele. E quando eu entrava, não doía mais tanto. Ao contrário, passou a ser quase um tédio, uma dor familiar que deixa cicatriz, mas você sente mais a dor pela lembrança do que por qualquer outra coisa.

Comecei a conseguir passar uma hora sem pensar nele. Depois foram algumas horas, um dia, uma semana, um mês.

Hoje, quando entro no perfil dele, quase não sinto mais nada. Tenho orgulho quando algo de bom acontece na carreira dele, e fico triste se alguém morre. Fico feliz por ele estar apaixonado. Fico feliz que a garota do copo de plástico encontrou um homem tão bom.

Talvez hoje ele seja diferente. Não dê aquele ronquinho quando ri ou não faça sanduíche de pizza antes de comer. Talvez eu não conheça mais ele. Ainda assim, entrar no perfil dele me lembra de como fui capaz de amar e que sou digna de ser amada. Eu me lembro de que quando você realmente se importa com a outra pessoa, você nunca realmente a esquece."

- Kirsten King

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Não te desejo mal, só não te desejo mais

"Nós levamos um tempo até nos darmos conta. No fundo, vivemos por tentativas de querer viver aquilo por mais tempo. Abraçamos a menor das esperanças com a força que jamais imaginaríamos ter. Até aceitarmos os fatos da vida, vivemos pelas migalhas que ela dá.

Não é sobre viver pelas pequenas coisas, é sobre viver pelas coisas pequenas; que são coisas não tão iguais assim.

Isso significa que a surpresa de um inexpressivo “oi, tudo bem?” no chat do Facebook renovava todas as minhas energias. Parece que todas as partes ruins da história se tornam boas quando coisas assim acontecem. Em momentos como este, ignoramos toda e qualquer pessoa que nos chamar, se for uma nova proposta de emprego ela bem que pode esperar; à quem gostamos, não. Queremos estender aquele segundo até torná-lo eterno. Cavamos assuntos como se quiséssemos dizer: "olha pra mim, eu sou interessante, nos damos tão bem, não desista do que somos, se é que somos! Nos deixa ser!"

Foi mais ou menos assim que eu me comportava em silêncio com você. Eu te mandava links de vídeos imaginando que poderia gostar, te marcava em fotos engraçadas e, rezando por sua atenção, comentava sobre as estreias do cinema. Eu assistia os seriados que você dizia gostar. Eu pararia o mundo se me pedisse pra parar. Hoje me pergunto se algum dia você percebeu como tentei te fazer especial na minha vida. Me pergunto se consegui te mostrar como queria muito mais que a sua companhia. E quando penso nisso fico feliz: é que eu sinto que fiz tudo o que eu podia, ainda que não tenha dado certo no fim como eu gostaria.

É que uma coisa é dar certo, outra é dar certo como gostaríamos.

Você não faz ideia de como eu me multiplicava em mil para estar à disposição para você. "Quer fazer alguma coisa?" era o tipo de pergunta que me fazia dirigir a 200 km por hora pra te encontrar. Eu não queria perder nenhum segundo! Queria te ver logo, queria tão logo me ver nos seus olhos e sentir aquela coisa boa que eu sentia. Você não faz ideia da quantidade de batidas que o meu coração dava quando a gente se encontrava – era a minha batida perfeita. O celular gritava com diversas notificações, mas para mim nada importava. Eu demorava para escolher uma roupa boa para te acompanhar. Demorava para me arrumar e ficava preocupado em você se cansar de me esperar. Demorava tanto em me preparar porque eu queria que tudo fosse o mais perfeito, já que eu não sabia quando nos veríamos outra vez. Demorei tanto dedicando tempo para você que hoje entendo a demora que levei para começar a te esquecer. Eu nunca fui de viver as coisas no meio termo, mergulho de cabeça até nas notificações de mensagens lidas e não respondidas. Consciente dos lados bons e ruins, sou e sempre serei assim:profundamente coração.

Só que hoje eu quero te ver partir. Hoje é a última vez que eu me permito reviver coisas que nem chegamos a viver direito. Quero que hoje seja a última vez que eu vou dedicar parte da minha vida em pensar na parte dela que você estava. Levei um tempo para aceitar a sua partida, mas agora eu não imagino mais nem a sua visita. O assunto central aqui é a minha certeza de que o melhor lugar para você estar na minha vida é fora dela. Já aceitei minhas tentativas, valorizei minhas investidas e continuo apaixonado pelas minhas esperanças, mas cada umas dessas coisas eu não quero mais dedicar para você.

Não te desejo mal, só não te desejo mais. Vou seguir vivendo como vivia antes de você aparecer, afinal, antes de você eu já sorria. Vou seguir ansioso por bons dias, empolgado com as pequenas coisas, mas sabendo diferenciá-las das coisas pequenas. É isso. Você já pode ir, eu também vou. Não quero falar sobre a nossa parte boa, pois o que me importa agora é a parte boa da vida que eu nem vivi ainda."

- Márcio Rodrigues

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Alguém especial

"Ainda não é alguém pra gente chamar de “pra sempre”. É só alguém especial. É só um alguém que faz bem pra gente. Alguém que a gente gosta de contar do dia; que a gente gosta de ouvir a opinião. Aquele alguém ainda não é alguém que pode nos cobrar, mas é alguém que tem licença para nos lembrar do que precisamos, do remédio para tomar até um pensamento positivo para somar.

Aquele alguém especial ainda não é o amor da nossa vida. É só alguém. Mas é um alguém que a gente não gosta de parar de falar. Que a gente sorri com a notificação no celular. É um alguém que a gente chama para jantar no lugar de outros “alguéns” por aí.



A gente não precisa esperar o amor da vida inteira. A gente pode aproveitar o amor de só uma noite inteira. É um alguém especial.

Aquele alguém especial é quem nos confunde ao nos decifrar e fazer bem sem necessariamente precisar. Nos leva à dúvida de parecer muito mais que só um alguém enquanto também não é ainda alguém o bastante para se dedicar tanto assim. Como pode? É alguém que entende o que a gente gosta! Sabe como não conseguimos resistir a um carinho atrás da orelha.

É muito estranho. Aquele alguém especial é alguém que nos faz sentir vários tipos de saudade. Saudade da rotina de todo dia ter um “bom dia”. Saudade dos links com vídeos engraçados ao longo do dia. Saudade do tipo de piada, do tipo de risada. Saudade até mesmo das brigas e discussões.

É alguém que até a internet parece entender que não é só um alguém qualquer. Aquele alguém está ali no nosso chat, está no topo das nossas conversas de Whatsapp, tem as publicações aparecendo mais vezes em nossa timeline. É como se a internet dissesse: “presta atenção que esse alguém já faz mais parte da sua vida do que você imagina”.

E muitas vezes não nos damos conta disso por medo. Jogamos contra nós mesmos, tentamos não aceitar e evitar que se torne algo maior que nos machuque mais. Mas é só alguém. É só um alguém que nos faz bem. É só um alguém especial tentando mostrar como também somos especiais.

É um alguém que talvez se dedique bem mais do que nós já nos dedicamos um dia. Um alguém que não tem medo de ir além e falar o que pensa, sabendo que sempre será algo que vamos gostar. Aquele alguém especial é um alguém que nos lembra do que não podemos esquecer: como somos bons sozinhos mas que podemos ser ainda melhores juntos.

Aquele alguém está por aí, mais perto de você do que imagina. Entre uma e outra foto curtida cheio de vontade de nos curtir também."

- Márcio Rodrigues

domingo, 8 de novembro de 2015

Sinto saudades, mas não quero ninguém de volta

"Sinto saudades de muitas coisas que vivi. Sinto saudades de momentos, de sentimentos, de sensações. De pessoas, de lugares, de conexões. Na verdade, sou um poço de saudades.

Adoro relembrar meu passado, contar minhas histórias, chorar minhas tristezas, rir minhas alegrias. Vira e mexe, lembro de algumas situações com ex, com amigos do passado, com inimigos…rs

E gosto de dividir essas histórias com quem faz parte do meu presente. De contar como aconteceu, o que senti, como entendi o comportamento do outro. De rir, de chorar, de sentir raiva de novo. De relembrar os sorrisos, os olhares, os abraços, as demonstrações de afeto, de solidariedade.

Mas nem de longe desejo voltar ao passado. Gosto do que sou hoje, mesmo com todas as minhas dores e dessabores. Gosto de quem me tornei, de carregar comigo as lembranças do passado, os amores acabados, os choros engolidos e os sorrisos de lado.

Sempre conto histórias de meus ex. Ex-amores. Mas falar dos ex de forma carinhosa, terna pelo que me proporcionaram nem de longe quer dizer que os quero de volta. Porque realmente não quero.

Para ser bem sincera, quando me apaixonei por cada um dos meus ex, era mais pelo que eles eram na época somado ao que eu era na época, ou seja: não teria nem como eu me apaixonar por algum deles hoje. Primeiro porque não sou mais quem eu era na época. Segundo porque nem quero mais o que eu queria. Mas, acima de tudo, porque muitos deles ainda são o que eram, e é justamente o que eu não quero para mim hoje. Mesmo os que evoluíram, seguiram por caminhos que não poderiam ser traçados ao meu lado.

Quero seguir a vida sem ter que apagar minhas memórias, sem deixar de contar minhas histórias. Mas não quero ninguém de volta. Que sejam felizes ao seu modo e no que eu puder ajudar, o farei. Sou grata por tudo o que vivemos juntos de bom e de ruim, pois foram essas vivências que me fizeram ser quem sou hoje. Lembro com carinho de cada detalhe, mas não haveriam meios de um dia isso se tornar de novo um “nós”.

Tudo isso se tornou uma saudade lúcida, gostosa, consciente. Sem o menor anseio de virar realidade no presente."

- Thatu Nunes

Eu nunca quis você pra mim, eu só queria você por perto

"Eu nunca quis te prender. Nunca quis você em casa vinte e quatro horas por dia, a salvo das intempéries do mundo e longe de todas as outras pessoas. Eu nunca te quis submisso ou passivo, muito menos te quis dependente de mim. Nunca foi a minha vontade te afastar dos seus estudos, do seu trabalho, dos seus amigos. Eu nunca quis ser uma sombra assustadora sobre a sua liberdade e sobre a sua independência. Apesar de eu querer você na minha vida, eu não quero você só na minha vida. Nunca passou pela minha cabeça competir com as coisas que você gosta, eu só queria ser mais uma delas.Você ia continuar conhecendo pessoas, fazendo suas coisas, suas atividades, porque eu nunca quis você para mim, eu só queria você comigo.

Enquanto eu dizia que queria compartilhar a minha vida com você, você ouvia que eu queria a sua vida para mim. Eu queria alguém para dividir as coisas ruins e somar as coisas boas, e você achava que eu queria te poupar de tudo, tentar tomar conta da sua vida e resolver todos os problemas do mundo. A minha vontade é essa mesmo, e se eu pudesse, eu te pouparia de todos os perigos e sofrimentos do mundo. Mas eu não posso e não faria isso. Se eu fizesse, você deixaria de ser você. Mas é porque temos opiniões diferentes sobre o que é liberdade.

Para você, liberdade é poder fazer o que quiser, sem ter que dar satisfação ou se preocupar com ninguém. Para mim, não. Para mim, liberdade é saber que, mesmo tendo que dar satisfação ou me preocupar, eu posso fazer o que eu quiser. Assim como a coragem não é a ausência de medo, e sim o controle do medo, a liberdade não é não se prender a ninguém e poder fazer o que quiser. Liberdade é ter a coragem e a maturidade de, sim, abrir mão de fazer alguma coisa para ficar em casa vendo um filme, se você quiser. Liberdade não é a obrigação de fazer qualquer coisa, e sim saber que você poderia fazer qualquer coisa, se quisesse.

Eu queria pegar o carro e fugir pra qualquer lugar com você por dois dias, mas você só achava que eu queria te roubar do seu mundo. Eu queria que você passasse trinta horas na minha casa, e você só se preocupava que havia faltado a algum compromisso e que isso te fazia mal. Eu me propus a encontrar um meio termo — mesmo eu não sendo uma pessoa de meios termos, eu estava disposto a fazer isso. Mas você preferiu não correr o risco. Eu prefiro ter alguém para me ajudar a suportar as coisas ruins, você prefere ficar sozinha e não correr o risco de ver seu perfeito e alinhado trem do planejamento sair dos trilhos por alguns segundos. Mesmo sabendo que as vezes em que eu tirei seu trem dos trilhos foram os nossos melhores momentos juntos. Eu prefiro aumentar os trilhos, você prefere me jogar pra fora do trem.

Eu te propus tratarmos a nossa dor no joelho com analgésicos, e sermos felizes nos momentos sem dor e tentarmos superar juntos os momentos de dor. Você preferiu amputar a perna, se livrando de vez da dor, mas abrindo mão também do lado bom. Eu tentava ver o lado bom das nossas brigas — estávamos nos ajustando. Você sempre via o lado ruim da coisas boas, como quando você me dizia que sentiu saudades, que seus sentimentos com relação a mim eram ambíguos ou quando eu percebia nitidamente uma centelha de paixão por mim nos seus olhos. E a centelha estava lá. Mas você fechava a janela pro vento não aumentar as chamas. Nós poderíamos ter sido tudo o que eu dizia que nós seríamos, porque você nunca entendeu o que eu queria e, assim sendo, recusou a minha proposta de o que você pensava que eu queria. Você teve medo de me oferecer algo que eu nunca quis, você se negou a ser o que eu nunca quis que você fosse. Será que um dia você vai entender o que eu queria e me deixar não ser a sua vida, mas somente estar na sua vida."

- Léo Luz

sábado, 26 de setembro de 2015

Somos pessoas intensas

"Somos pessoas intensas. Sofremos por isso. Tem coisas que, sim, somente nós conseguimos entender. Desde cair de cabeça numa relação até decidir não olhar mais na cara de quem não merece. Somos assim.

Entretanto, ser intenso não quer dizer que somos pessoas sempre decididas ou que cultivamos nosso orgulho. Não quer dizer que toda vez somos seguros de nós mesmos ou que não ficamos em dúvida sobre qual caminho tomar. Somos normais quanto qualquer ser humano.

O que quero dizer, apenas, é que, quando colocamos na cabeça que algo não nos cabe mais ou que aquela chance merece ser agarrada com unhas e dentes, nós bancamos a decisão. Nos jogamos sem medo. Não é fácil ser assim. Fácil mesmo é quebrar a cara.

Há quem se aproveite de pessoas assim. 

Longe de sermos ingênuo por "fazer acontecer", só não conseguimos entender porque ainda existem aqueles que ficam com medo da temperatura da água ou da fundura do poço. Não enxergamos cabimento na protelação, no adiamento sem fim, na falta de sinceridade. 

Se você me perguntar se agir dessa maneira faz mal, vou te responder com todo meu peito que sim. Me causa transtornos, me coloca à prova de várias situações, mas pelo menos me mostra quem é quem. Ferir a alma é o de menos quando se consegue poupar a vida de seguir com quem não quer ficar de verdade nela.

Eu desejo que ao menos uma vez todo mundo prove do gosto de ser assim. Que se encantem com promessas tendo a certeza que elas dão pé - fazendo por onde concretizá-las. Que corram sem medo atrás de sonhos - um sonho realizado é sempre lindo. Que amem e queiram gastar todo sentimento num único dia - mesmo sabendo que sentimentos assim possuem tendência ao finito.

Que sejam, ao uma vez, intensos como nós."

- Gustavo Lacombe

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A gente precisa ter o coração partido algumas vezes para entender o que é ser feliz de verdade

"Quando a gente terminou, achei que fosse o fim do mundo. O fim do amor. O fim da vida. A gente sempre acha. A gente sempre pensa que – nunca mais – depois que acaba. E seguimos um estranho ciclo de superações. Primeiro vem a negação, a vontade de voltar. Depois, aquela vontade de descobrir tudo que se esconde por detrás da linha do horizonte.

Mas, na verdade, o tempo que a gente leva no chão é crucial para os próximos passos depois de levantar. A gente cresce tanto com o fim de um namoro, que quebrar os nossos corações acaba sendo a coisa mais sincera que alguns conseguem fazer. Honestidade, sabe?! Poucos têm. Mas meu foco nem é esse. Sou eu. Demorou, mas entendi isso. Que preciso vir em primeiro lugar. Que preciso me amar, querer, bastar. Essas coisas todas que todo mundo diz. 

E aí, num belo dia, sem nem esperar, encontrei o que sempre procurei. Uma pessoa de verdade. De carne, osso e coração. Principalmente esse último. Alguém que entende e me ajuda a entender, o que, de fato, é ser par. Lar. Ser alguém para acrescentar. Crescer junto. Alguém que redefina as definições do que é o amor. Que se torne parte de mim, da minha família. E é nesse segundo que você entende a lógica da vida – a gente precisa ter o coração partido algumas vezes para entender o que é ser feliz de verdade."

- Matheus Rocha

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Quem quer arruma um jeito

"Quem quer não adia, aparece. Quem quer te ver agora, não vai deixar pra amanhã, mesmo que a distância seja incalculável ou já seja tarde pra isso. Quem quer, não deixa pra depois o que pode ser feito agora. Quem quer ficar, fica sem que a gente precise implorar. Quem quer cuidar, simplesmente cuida. Quem quer, provavelmente não vai suportar a saudade, não vai poupar sentimento e entrega pra te ter.

Quem quer, arruma um jeito. Quem sente vontade, faz saudade virar encontro, faz cinema virar motel, faz o cansaço virar amasso, faz dias frios mais quentes. Quem quer é capaz de viajar 100 quilômetros só pra te ver, e não interessa se o tempo fechou tão rápido, quem quer não vai pensar duas vezes em te ver hoje ou deixar pra próxima semana. Quem quer, não vive de conversas, não perde tempo, não arruma mil e uma desculpas pra justificar que não vai dar pra te ver hoje porque o dia foi cansativo demais.

Quem tem saudade do teu sorriso não se contenta só em ouvir a tua voz pelo celular, quem quer estar com você sentirá necessidade de te ver pra conversar sobre como foi o seu dia, sobre todas as coisas que te fez perder a cabeça e vai entender que é melhor te abraçar nos momentos mais difíceis do que te mandar um ''fica bem'' por mensagem. Quem quer te fazer bem, vai bater na tua porta com chocolates que comprou no meio do caminho pra tua casa e cervejas - é que o dinheiro era pouco e o vinho era caro. Quem quer realmente te ver, não esperará por um feriado ou por dias melhores que não tenham provas, nem muito trabalho pra fazer.

Quem quer te ver, não vai se lamentar, vai vestir a roupa mais próxima e sair com sorriso mais sincero ao teu encontro. Quem quer, não vai reservar um tempinho pra você ou um horário fixo pra te ver, vai te reservar a vida e vai te ensinar que quando a gente ama, a gente não mede esforços, a gente não quer o outro pra preencher aquele espaço que sobra na cama ou aquele tempo vago nos finais de semana. Quando a gente quer, a gente aceita o outro pra somar na vida, pra abrigar e torna-se abrigo, pra unir dois mundos.

Quem quer ficar, vai fechar os olhos em teu peito e permitir, sem medo, acordar só noutro dia. Quem quer, vai fazer corpo mole pra não levantar da cama e não sair da tua vida, vai roubar tuas manhãs, vai jogar os braços por cima de você e quando você perguntar se a posição da tua cabeça tá doendo nele, ele vai te responder que não. Quem quer ficar na tua vida, não pensará duas vezes antes de entrar. Ficará pro café da manhã e se possível pro jantar, é que o gosto do teu beijo vicia e ele seria burro em não prová-los ao máximo.

Quem quer ficar, vai encostar a cabeça em teu ombro e vai te deixar descobrir todos os medos e segredos, erros e defeitos, vai apertar a tua mão pra tentar te dizer algo em silêncio, e vai se despedir de você sem te tirar nada, te permitindo a liberdade e te deixando com aquela sensação de querer viver tudo e mais um pouco ao lado dela. Quem quer você, tem vontade de te repetir, de tomar todos os gostos com teu sabor, de provar todas as aventuras com você sem te dizer que precisa pensar, sem te dizer: ''hoje não dá'', ''deixa pra amanhã'', ''não tô a fim''. Porque quem quer, arruma um jeito. Quem não quer, arruma uma desculpa."

- Iandê Albuquerque

Nasci para voar

"Para amar até doer. Para rir descontroladamente. Quero experimentar todas as sensações que o mundo puder me oferecer. Nunca vou me contentar, nunca, nunquinha. Nem se rodar o mundo em um ano dentro de uma kombi. Nem se conhecer todas as 7 maravilhas do mundo. Nem se receber um prêmio de escala internacional. Para mim, não existe essa de linha de chegada, nem de uma listinha de objetivos. Não quero ser famoso, único, nem aquele que vai ser lembrada nos livros de história. Quero apenas que quando estiver bem velhinho, ao fechar os olhos e falar do passado, eu me lembre de todas os sentimentos bons que meu coração pode experimentar. E que isso me arranque um riso frouxo, daqueles que dificilmente saem do nosso rosto. 

Alguns dizem por aí que sou louco. Outros me acham inconsequente. Minha família me acha esquisito, ô, se acha. E o que eu acho? Que nós podemos ser quem quisermos. Eu e você. Heróis, poetas, cientistas, astronautas, exploradores. Quero fazer da minha vida uma eterna busca. 

Pelo quê? Não sei. Eu busco me sentir infinito. Uma busca infinita pela infinito do ser. E provavelmente será assim por todos os dias da minha vida. Não importa que caminhos eu tenha que trilhar para me sentir assim. Simplesmente não me agrada a ideia de ceder a sanidade e viver a vida que todos acham que eu deveria viver."

- Isabella Freitas (do livro Não se iluda não)

domingo, 6 de setembro de 2015

A diferença entre gostar, apaixonar-se e amar

"Gostar é muito relativo.

Gostar de alguém é sentir um frio na barriga, mas manter os pés no chão. Gostar é querer estar junto, mas sem descartar outras oportunidades. Gostar é beijar, mas de vez em quando, abrir os olhos discretamente para conferir o ambiente. Gostar é abraçar forte, mas não por muito tempo. Gostar é se dedicar, mas com limites impostos. Gostar é querer ter, mas não ser seu. Gostar é querer dormir junto, mas acordar cedo no dia seguinte para outros compromissos.

Gostar é sair, mas voltar para o trabalho pontualmente. Gostar é admirar as qualidades, mas ainda reparar nos poucos ou pequenos defeitos. Gostar é andar de mãos dadas, mas não sentir segurança. Gostar é dividir o chocolate preferido, mas ainda assim, ficar com a maior parte.

Gostar é passar o domingo juntos, mas fazer planos mirabolantes na segunda-feira. Gostar é tirar do sério, mas com finalidade de testar o ponto fraco do outro. Gostar é frequentar a sua casa, mas com o status de estarem se conhecendo. Gostar é fazer planos, mas não ultrapassar mais de três dias. Gostar é viajar, mas sentir saudade do que ainda não acabou.

Gostar de alguém é como ter o jogo ganho, mas faltar uma carta. O verbo gostar traz consigo muitas incertezas e, ao mesmo tempo, muitas descobertas. Gostar de alguém é um risco do desconhecido.

Ao se apaixonar, você enlouquece.

Depois de conhecer um pouco esse alguém, as atitudes e as vontades acabam ficando completamente incontroláveis. A paixão é um sentimento que descontrola qualquer racionalidade. As emoções explícitas são a principal marca dessa sensação.

Se apaixonar por alguém é sinônimo de entrega absoluta. Os erros se tornam acertos, o longe se torna perto, o tarde se torna cedo, a noite se torna dia, a pobreza se torna riqueza, o frio se torna calor, o ruim se torna bom, a fome se torna saudade, o sono se torna pensamentos.

Se apaixonar por alguém é se perder, ou se encontrar por alguém.

Se apaixonar é sentir o sangue correr nas veias e sentir arrepios com simples toques. Se apaixonar é descobrir qualquer tipo de alegria na dor, é expressar através do olhar o que as palavras não são capazes de traduzir. Se apaixonar é perder prazos, horários e tarefas importantes. Se apaixonar é se doar, é correr contra o tempo, é se permitir e sem restrições, deixar transparecer o melhor que você possa ser.

Se apaixonar é tirar a roupa sem pensar duas vezes. Se apaixonar é curtir todos os momentos, e em cada brecha, encontrar uma chance para satisfazer os desejos. Se apaixonar é agir por impulso e depois arcar com as consequências, boas ou ruins. Se apaixonar é sentir um tesão incontrolável, é deixar a vontade carnal sobressair ao seu juízo. Se apaixonar é suar, tremer, gritar, gemer, arranhar, morder.

Se apaixonar é ficar cego. E só depois de incendiar todas as labaredas, tentar se acalmar e fazer de tudo para manter todas as chamas acesas.


Amar alguém é ter todas as certezas de uma só vez.

Amar alguém é viver o presente, absorver o melhor do passado e planejar o futuro. Amar alguém é transformar os sonhos em realidade. Amar alguém é cuidar, zelar e proteger. Amar alguém é não ter dúvidas. Amar alguém é transformar uma briga em um ensinamento. Amar alguém é criar laços, ter filhos, envelhecer lado a lado. Amar alguém é resistir a todas as tentações, desavenças, crises, ciúmes, egoísmo. Amar alguém é surpreender, é presentear. Amar alguém é deixar claro o quanto essa pessoa é essencial, é dizer o quanto tudo mudou desde que ela se fez notável, é não ter vergonha de demonstrar qualquer afeto.

Amar alguém é se libertar, compartilhar e somar. Amar alguém é oferecermos toda a nossa bagagem de experiências, para conhecer e compreender o outro. Amar alguém é fazer essa pessoa feliz, proporcionar noites de sono tranquilas, é suprir todas as necessidades. Amar alguém é estender as mãos, apoiar, contrariar, mas nunca abandonar.

Amar alguém é trabalhar a paciência. É ressaltar a persistência e provar toda a sua determinação. Amar alguém não é um sacrifício, é sentir-se leve. Amar alguém não é se prender, é ter muitas opções e ainda assim, escolher ficar.

Amar alguém é abrir mão do seu amor. Amar alguém, às vezes, pode ser a sua pior dor. Amar alguém é uma ferida que nunca vai cicatrizar ou deixar de existir. Amar alguém é carregar consigo a pessoa, por onde quer que você esteja. Amar alguém é, em alguns casos, uma renúncia. Amar alguém é querer esquecer, e não conseguir. Amar alguém é decisão do seu coração, e não uma opção indicada pelo seu dedo. Amar alguém não é responsabilidade do cupido, é a sentença que precisa ser cumprida. Amar alguém é confiar, transmitir segurança e não medir esforços.

Amar alguém é deixar a pessoa partir, e ainda assim, fazer de tudo para ela voltar. Amar alguém é sofrer calado ao ver que esse amor, não é mais seu. Amar alguém é ser repetitivo, tanto nas lágrimas que insistem em escorrer, quanto nos assuntos recorrentes. Amar alguém é perdoar e ceder.

Amar é precisar desistir, é perder todas as forças, mas continuar insistindo.

Em todos os casos mencionados acima, eu não prometo um final feliz. Afinal, os sentimentos são como o mar: seduzem e depois podem afogar. De qualquer forma, a regra é clara: o que me oferecerem, eu ofereço três vezes mais.

Por garantia de qualidade, a satisfação comprovada vai te fazer voltar mais vezes.

E você vai casar comigo, sem mais."

- Jéssica Pellegrini

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Um amor que bagunce meu cabelo, não minha vida

"Quero um amor que me dê atenção enquanto eu explico porque o Batman é muito mais herói que o homem aranha e que não se incomode com o fato de eu falar nisso com a mesma paixão que “discurso” sobre a revolução francesa. Porque eu sou assim…apaixonado por tudo.

Quero um amor que não tenha medo de gargalhar em público, de transar no chão frio da sala numa tarde quente, ou de rir de si mesmo ao bater a coxa em algum móvel. Quero um amor que faça minha pele arrepiar ao toque, que me envolva por inteiro, que me faça mergulhar de cabeça, que me coma, me prove e me deguste.

Um amor que não use roupa engomada, sapato encerado ou cabelo cuidadosamente ajeitado com gel, porque eu gosto mesmo é de desestrutura, de conforto, de aconchego e de um bom moletom. Ah, e que tenha um apego ridículo e infantil por aquela camiseta surrada de alguma banda dos anos 90.




Alguém que ouça Beatles, mas não resista a um sambinha chorado. Que me acorde com uma xícara de café preto, que não estranhe meus livros espalhados pelo quarto, que me proteja com o casaco, caso esteja chovendo do lado de fora e com os braços, se a chuva estiver dentro de mim.

Quero um amor que veja minha feiura, mas não desapaixone pela minha beleza. Que goste de amanhecer devagar e dormir no sofá em domingos de chuva. Alguém que faça picnic na calçada, no meio de uma madrugada quente de verão e que não se importe caso a comida consista em cachorro quente e guaraná. Que conte boas histórias, mas que não ignore a beleza do silêncio.

Que abrace forte, que mantenha perto, mas que saiba reconhecer meu espaço. Que repare do tamanho da minha bermuda, mas não reprima minha liberdade de usar o que quiser, de ser o que quiser… e me ame por isso.

Que traga flores em dias sem significado aparente. Não aqueles buquês enormes, que alimentam floriculturas capitalistas (se é que isso existe), apenas aquela rosinha miúda, catada no muro da esquina, aquele furto pequeno que acredito até ter perdão divino.

Alguém que tenha vida própria, porque isso é ótimo e saudável. Mas que não me engavete para vivê-la. Que consiga respeitar os próprios limites e me encaixar numa rotina ajustada, leve e confortável.

Alguém que não atue, a não ser nas festas de família e para encenar alguma piada. Que seja nítido, sem reservas, que se entregue, que se deixe enxergar. Gente que tem vida dupla uma hora não consegue administrar e deixa a máscara cair. Que se assuma, com falhas e qualidades.

Eu quero alguém com quem dividir os dias não seja complicado e completamente desafiador, mas que também não seja tedioso e monótono, ainda que rotineiro. Que aprecie momentos, mas não seja desleixado com o futuro. Que me leve para viver, que respeite minha preguiça para assuntos chatos, que me mantenha em seu peito até a ultima lágrima escorrer, que faça as malas e viaje comigo, que me entenda, que me envolva, que me inspire a escrever e que mesmo assim, me deixe sem palavras... extasiado. Eu quero um amor que bagunce meu cabelo e não minha vida."

- Loui Kelly

Acho que a gente só vai descobrir se tentar

"Outro dia, li pichado num muro pelo caminho, a frase "os covardes vivem mais". E, talvez, vivam mesmo. Mas será que vivem bem? O que pensar de alguém que tem uma vontade maior que um prédio inteiro e não se move em busca disso? O que achar de alguém que tem um amor que nem bem cabe no peito e, mesmo assim, se cala? É preciso coragem, meu amigo. Coragem para quebrar a cara, mas por tentar. Coragem para se arrepender, mas por ter feito. A gente passa boa parte das nossas vidas com arrependimentos gigantescos por falta de coragem. Por receio. Por ficar revendo os "se". E se? Se? Se-rá? Dê, cada vez menos, ouvidos aos seus pensamentos. Talvez, agir por impulso seja dar um tiro na ponta do próprio pé, mas e daí? Você realmente prefere estar sujeitado a ter uma vida morna a sair da zona de conforto? Confronte o espelho. Lute contra tudo que insiste em te estagnar. Em te parar. Em te conter. Seja feito cacheira – se jogue em busca dos teus objetivos. E, sobretudo, não tenha medo das opções que aparecerão no teu caminho. Algumas escolhas são tão difíceis quanto necessárias, mas a vida é feita disso: se atirar no mar, mesmo sem saber nadar. Quem sabe você não aprende? Acho que a gente só vai descobrir se tentar."

- Matheus Rocha

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Já não é mais hora de socar a ponta da faca

"Já passou meu prazo para chorar pelo leite que derramei. O queijo já foi cortado. Preciso, neste segundo, entender que algumas pessoas, por mais amor que depositemos nelas, não nos querem tão bem quanto queríamos ser queridos. Para ser sincero, agora entendo que ninguém nunca será obrigado a me amar de volta. Ainda que isso me doa muito. Ainda que eu tenha me doado mais ainda. Mas não tem nada não. Juro que é normal, que já vi isso nos filmes, nos livros e nos filmes da televisão. Adoro começos de semanas porque eles são as desculpas esfarrapadas perfeitas para mudar. Me valho de qualquer segunda-feira para tentar dar um rumo diferente à minha vida. Um novo capítulo à minha história. Me faz bem. Me faz ainda melhor. Me deixa mais seguro de que é a hora certa para chutar o pau da barraca e montar acampamento em outro terreno. Ser feliz, de fato. Não me acomodar com as migalhas de felicidade que, até então, eu comia sorrindo. Se sou inteiro, se sou coração, se tenho um, mereço ser feliz. E a vida, meu amigo, ela cuida de pessoas como eu. Que só querem, ao final de cada dia, deitar na cama e dormir. Tranquilas. Sorrindo. Com o coração em paz e a mente em alguém que traga tudo isso – sorrisos, paz, tranquilidade, sono... E não o oposto. Deixa pra lá. Foco na mudança! Aponta pra tal da felicidade e, como dizem por aí – rema!"

- Matheus Rocha

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Disseram que você não vale nada

"Já avisaram. Fui alertada. Desculpe-me pelo turbilhão de sinceridade mas preciso lhe contar: me disseram que você não vale nada. Disseram que é cilada. Furada. Que eu vou sair de cara quebrada. Confesso que até eu já estava um pouco desconfiada. Mas fica tranquilo, Meu amor, isso muda pouca coisa além de nada.

Até agradeço a solidariedade de toda essa gente preocupada, mas a verdade é que da paixão e dos roxos que já coloriram essa face calejada eles só desconfiam; não sabem nada. Minha cara já é toda remendada. Nunca tive muito medo dessa ameaça de cara rachada. Dizem que é falta de vergonha na cara, mas a verdade é que eu sempre fui dada às alegrias de abraços e risos de alto risco. É elementar que de vez em quando a gente dê uma escorregada.

Sempre pensei que na pior das hipóteses, com merthiolate, tempo e band-aid quase tudo passa. Demora um pouco a cicatrizar. Incomoda. Dói. Enfeia a face. Mas nada que a gente não resolva com um pouco de cara dura e pó compacto. Tenho meus truques. Você bem sabe.

A verdade é que eu gosto dos seus riscos. Gosto dos seus loopings. Gosto da ventania na barriga. Gosto dessas borboletas que reviram meu estômago e de vez em quando me emprestam as asas. Gosto do verde-garrafa dos olhos que habitam essa sua cara de pau e me pergunto, ainda indignada, como alguém pode dizer que os risos e calafrios que você me causa não valem nada.

Tem gente que paga caro numa galinhada, tem gente que só gasta quando viaja e tem gente que não vê valor em quase nada. Valor é um negócio subjetivo mesmo. Eles disseram que não vale nada porque desconhecem o calor das suas mãos e a euforia da sua risada. É claro que vale. Vale o risco. Vale o momento. Vale a queda. E no fim, não vou dizer que não fui avisada."

- Eduarda Costa

sábado, 29 de agosto de 2015

Não vou roubar seu tempo, eu já roubei demais

"É você. E, para ser sincero, já tem sido você faz um bom tempo. Para os amigos mais próximos, já nem preciso mais dizer de quem se trata. Qualquer música triste, filme romântico ou frase de amor que leio, todo mundo, inclusive as paredes do quarto, já sabem que o "você" esconde teu nome. Ando pelas ruas e vejo a gente nos rostos dos casais apaixonados. Queria que o meu sentimento evaporasse feito éter. Virasse pó. Fosse levado pelos ares como os dentes-de-leão que sopro querendo afastar esse sentimento de dentro de mim. Mas ele não sai. Ele gruda. Tá impregnado na minha pele feito o teu perfume nas minhas roupas. 

Eu só queria uma chance, sabe? Uma única chance de fazer tudo dar certo. Mesmo não sabendo muito bem o que isso significa. Mas deixa pra lá. Uma hora dessas eu deixo de sentir, isso deixa de fazer sentido. Por enquanto, fico aqui atormentando quem me quer bem. Entupindo de mensagens, marcando em qualquer texto melancólico que leio, como esse. Tentando seguir, sobretudo, em frente. Aceitando que amor não correspondido acontece nas melhores famílias. Que não sou nenhum miserável por padecer deste mal. Que o problema, pelo visto, não sou eu. E está longe de morar em mim. Quer saber? Deixa pra lá! Para quem não queria falar nada, já falei demais."

- Matheus Rocha

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Como esquecer um amor?

"Depois de passar dois meses fora da internet após terminar um relacionamento de três anos, uma amiga perguntou:

– Bela, como faz pra esquecer alguém?

Eu poderia dar mil conselhos prontos.Poderia apontar todos os defeitos daquela pessoa com quem ela não está mais. Sei lá, uma daquelas tentativas frustradas de fazer a razão se sobrepor a qualquer sentimento – que eu e você sabemos que não funcionam. Eu também poderia dizer que é passageiro, que o mundo tem muita gente. Mas eu sou mais humana do que esses clichês.

Antes de qualquer coisa, me senti como um certo principezinho e quis quase que parafraseá-lo perguntando a ela: “que quer dizer esquecer?”. Seria como dormir chorando e acordar sem nenhum amor no peito? O que isso significa pra você afinal? Acho que seguir é muito maior do que eliminar uma lembrança. Veja só, se pudéssemos mesmo suprimir todas as nossas memórias, seríamos seres mais felizes e igualmente menos sábios.

Eu não quero esquecer, nunca quis.

Na real, nunca me encheu os olhos ser do tipo que bate a porta e grita – ou fala só pra si mesmo em convicção:

“Vou esquecer você! Fingir que isso nunca existiu!”

Então… é isso? A gente vive um pouco, sofre muito, aprende ainda mais, e depois quer simplesmente jogar no lixo? Bom é guardar. E por favor, não falo aqui de remoer. É que as pessoas costumam se pressionar, perguntando a si mesmas quanto tempo leva para seus amores caírem em esquecimento. Colocam os pés pelas mãos, procuram outro alguém para substituir aquela lacuna que ficou. Elas se apegam tanto à ideia de esquecer que acabam não esquecendo.

Ainda não falei com minha amiga; estava procurando uma resposta. Ainda não encontrei, mas se ela estivesse aqui do meu lado agora, eu diria que não tenho nada de novo para falar que possa consolá-la. Nada que não tenha sido escrito sobre isso. Mas falaria que eu estaria sempre aqui para uma boa conversa. Para que, quem sabe por um minuto, ela possa não se lembrar da fixação por esquecer."

- Isabela de Linhares

Mas eu recuo

"Porque sei que se me entrego hoje à noite, você me larga amanhã pela manhã. Eu recuo porque você sempre me quer num quarto fechado, mas olha de um lado a outro quanto estamos jantando fora. Eu recuo porque você beija todo meu corpo quando estamos trancados no seu carro, mas não segura minha mão quando caminhamos na rua. Eu recuo porque seu rosto é perfeito sob a luz desse abajur que você me deu de presente, mas não contou aos seus amigos. 

Eu recuo porque entre uma gozada e outra você não diz que me ama, nem que precisa de mim, nem me chama de amor, apenas suspira um pouco e me pergunta se já me preparei para a próxima, e eu recuo porque sempre estou. Mas hoje não. Eu recuo porque meu coração palpita mais que sua mão na minha bunda. Eu recuo porque se eu me entrego hoje à noite, vou querer me entregar amanhã, e depois, e semana que vem, e nunca vai passar disso. Eu recuo porque o tio da padaria me conhece como aquela moça que dorme com o senhor e não como sua esposa, e eu recuo porque ele está certo. 

Eu recuo porque você não me leva nos jantares de família, mas me chama para as baladas de sábado à noite. Eu recuo porque eu cansei de ser peito, coxa e cabelo, quero ser aliança no dedo, mão na nuca e cafuné. Quero passar uma tarde contigo, cheirando seu cabelo e passando a mão na curva da sua cintura. Quero desenhar círculos em sua barriga com meu indicador e beijar sua testa depois do sexo e você não vai precisar me pedir para ficar porque meu lugar será ali do seu lado… Para sempre. Mas você é livre, é solto e não se prende à ninguém, você é muito cabeça e nem um pouco coração, e é por isso que eu recuo."

O que é que eu vou fazer com essa tal liberdade?

"Não existem motivos para querer estar com alguém que não quer estar com a gente. Se você me disser "pelos filhos", eu respondo que precisamos ser exemplo da busca pela felicidade. Se você me disser "porque dói demais sem ele", eu vou responder a verdade. Ele já não está mais aqui. Talvez há muito tempo, inclusive. Eu sei. Dói tanto que parece um chute. Muito bem dado, porque chega doer até na alma. Mas, na verdade, está mais para um empurrão. Aquele que você precisa para seguir e encontrar algo melhor. Não é comparar pessoas entre si, mas alguém que queira estar ao seu lado é o tal "algo melhor". Mesmo que seja você. Sozinho. Os que não querem nos fazem bem em partir. Não pela dor, mas pela liberdade que a acompanha. Uma hora a dor passa, meu anjo. Mas a liberdade fica."

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Amanhã vai ficar tudo bem

"Hoje talvez não.

Talvez hoje ainda vai te aumentar a vontade de querer morrer. Hoje você ainda vai se sentir idiota por ter respondido aquelas mensagens tão depressa; hoje você ainda vai se arrepender por ter colocado um apelido carinhoso no lugar do nome na agenda do celular. Hoje tudo isso e muito mais, mas amanhã não, porque amanhã vai ficar tudo bem.

Vai levar um tempo até que o vento volte a beijar seu rosto ao invés de te cortar feito navalha. Vai levar um tempo para que as coisas que te faziam bem parem de te fazer mal. Vai levar um tempo até que você entenda que lutar contra é desperdiçar sua força. Você vai levar um tempo para encontrar um lugar pra lembrança ficar em você.

Vai levar um tempo, mas o tempo vai levar e amanhã vai ficar tudo bem.



Vai doer até mesmo pra esperar a margarina fixar completamente no pão pela manhã; e as voltas da colher misturando açúcar no café vão parecer intermináveis. Um monte coisa ainda vai te desequilibrar e, no fundo, você sabe que vai. E tudo isso só acontece porque você é de verdade.

Você já passou por coisas parecidas antes. Você se frustra – e tem esse direito – mas sabe o quanto tudo isso faz parte. “Mas que merda, eu não sou obrigada a ter que ficar bem sempre, eu não esperava pelo que aconteceu!” – você tem toda razão ao pensar e se sentir assim. Você não deve fingir que está feliz enquanto se refaz aos cacos um por vez, mas você só vai melhorar quando aceitar.

Hoje as coisas podem não estar tão boas e por isso os vídeos de bebês sorrindo não tem tanta graça, mas amanhã vai ficar tudo bem. Hoje as músicas que te relaxam serão a passagem para a sua saudade repleta de desejo de voltar no passado, mas tem um monte de refrão novo te esperando para você cantar gritando.

Hoje você ainda vai ter que lidar com alguns fins. Vai ter que parar de seguir nas redes sociais, vai ter que desfazar amizade com alguns amigos, vai ter que deletar algumas fotos, vai ter que esconder ou atear fogo em alguns presentes; hoje você vai ter que passar por tudo isso, hoje você vai ter que se despedir para dar espaço a um novo olá, mas sabe, amanhã vai ficar tudo bem. Hoje você só precisa focar na paz para os seus dias.

Hoje você precisa lembrar das contas à pagar; precisa lembrar que nenhum emprego aceita atestado de saudade pra faltar. Hoje você precisa lembrar que antes de ontem você já tinha muitos motivos para comemorar. Hoje você precisa lembrar do que já viveu de bom para se motivar a viver algo ainda melhor. Hoje você não precisa se preocupar com nome e sobrenome, não precisa medir suas palavras e muito menos precisa encontrar indiretas pra postar; hoje você só precisa compartilhar coisas que você gostaria de receber.

Amanhã vai ficar tudo bem.

Deixe de se olhar no reflexo do vidro no metrô e olhe para um novo e bom livro no seu colo. Deixe de procurar o que não deseja encontrar. Vai passar. Você nem vai perceber quando isso acontecer, só vai se dar conta quando não for mais da sua conta. Hoje vai ser difícil, no entanto convenhamos: não são todos os dias os nossos preferidos; respire devagar, tenha pressa somente em se alegrar, deite seu corpo e levante sua alma pois amanhã vai ficar tudo bem."

- Márcio Rodrigues

Já fez as pazes com o passado hoje?

"O tempo não fez o erro ser menos errado, não excluiu nossas faltas e nem minimizou cada culpa. Mas, sim, reduziu o peso sobre os ombros, levou a auto-tortura para o fundo do armário. E que se diga que se martirizar seja involuntário e inconsciente — e de fato é. Até que uma hora dessas o jardim ganha cor nova e os monstros deixam de assustar.

Vejo tanta gente bradando que não se arrepende de nada, porque, dizem, antes fazer aquilo que se tem vontade do que perder qualquer chance que te surge — ou que pareceu que surgiu. Sorte de quem assume ser de carne, osso e um punhado de arrependimentos. O remorso é o que às vezes dignifica.

A autopunição por ter desviado tão rápida e friamente os olhos da senhora com roupas encardidas e mãos pretas pedindo qualquer moeda na estação de trem. A culpa que vem logo após a revelação de um segredo que sequer era teu. A lamentação por não ter aprendido a tempo o que significava ser resignado e, por isso, ter confundido um ato de coragem com qualquer demonstração de estupidez.

Fazer as pazes com o passado é muito mais do que encaixotar os arrependimentos e escondê-los em algum lugar quase inacessível. Nesse ofício de transcrever o que se passa aqui dentro, percebi tanto a beleza de se jogar em cada sentimento bom quanto a de conviver bem com os fantasmas: se for pra ser amor, que seja; se for pra doer, que doa.

Amando e fazendo sorrir, que então dure.

Se for pra se arrepender… que o faça, e, por fim, aprenda."

- Isabela Linhares

sábado, 8 de agosto de 2015

Um passo de cada vez

"Vai devagar… Pensa duas, três, quatro, quantas vezes forem necessárias pra não fazer bobagem. Cuida do teu coração, cuidado com quem você deixa entrar. Espera o tempo passar. 

Acredita menos… As pessoas não são tão legais quanto aparentam ser. Quem acredita menos, sofre na mesma proporção. Até quando você achar que é verdade, desconfie um pouquinho. Faz bem não se entregar totalmente logo de cara.... Se arrisca mais, por você.

Tenha coragem para dizer tudo que tens aí guardado. Seja forte para conseguir se manter calada perante alguns. Muda de rumo. Quando te mandarem ir por lá, vai pelo outro caminho. Ou vai apenas, pelo caminho do teu coração. Se você não aguentar mais fingir… Chore. Depois que você acabar de chorar, vai sentir-se mais leve. E então vai levantar a cabeça, lavar o rosto, pôr uma roupa bonita no corpo, um sorriso escandalosamente lindo no rosto e dizer que chega, que você vai é ser feliz. Eu sei, é assim mesmo. E vai funcionar! Não diga “nunca”, nunca. Irônico, não? Mas não diga. Porque essa vida é incrivelmente engraçada.

Mais uma coisa. Você não pode ter medo que as pessoas te machuquem, viu. Porque as pessoas vão te machucar de vez em quando, até mesmo aqueles que você mais confia e admira. Não vão fazer por mal, mas somente porque são humanos. Cometemos erros ridículos com pessoas maravilhosas. Faz parte. Não esquece que cada um é cada um. Somos diferentes. Graças a Deus, somos. Vive um dia por vez, sem pressa e sem querer ser mais rápida que o tempo. E por favor, vai ser feliz, que tu ainda tem muito por viver."

- Caio Fernando de Abreu

domingo, 2 de agosto de 2015

Alguém que some e não suma

"Mereço alguém que não abandone a conversa mesmo quando não mais tiver assunto pra continuar. Alguém que faça questão de sentar ao meu lado, que reverse o olhar, o abraço e a vida pra mim, que sempre encontre um espaço e um tempo pra me encaixar mesmo que a rotina seja bagunçada e o tempo curto demais. Alguém que confira se tranquei as portas, e se desliguei o café porque eu sempre esqueço. Alguém que saiba que amar não é obrigação, que zelar é um gesto importante e que o amor não se acaba com os erros. Alguém que tenha paciência comigo, que aceite o meu atraso porque sempre fui indeciso em escolher a melhor roupa pra não fazer feio. Alguém que entenda a minha mania de ansiedade. Alguém que apareça com um par de ingressos pro show do Nando Reis, que me leve pro cinema sem data ou hora marcada, que me faça bem, que me tire da cama e me apresente aos lugares, aos amigos e ao mundo. Alguém que me abrace mesmo suado, que me beije de manhã cedo sem pensar em bafo, que acaricie minha nuca e que, ao mesmo tempo em que me olha, diz com um só sorriso que sou importante sim.

Mereço alguém que me encare quando eu estiver distraído, que sorria da minha cara de preocupado e de assustado, que me ligue pra narrar o seu dia, que encoste o ombro no meu peito enquanto faz frio e o filme passa. Alguém que não precise de mim apenas nos piores momentos, mas que precise de mim sempre. Alguém que não tenha vergonha, nem orgulho, que some e não suma, que fique e não desapareça, que me entorte a cara se eu disser bobagem mas que, ao menos, me permita dar um beijo como desculpas. Alguém que me faça sorrir sem se preocupar, nem se importar se meu cartão de crédito está no vermelho ou se vou ter que pagar duas cadeiras na faculdade. Alguém que me faça esquecer os problemas só em sorrir pra mim e que me deixe com aquela sensação ao voltar pra casa de que o meu dia está ótimo mesmo quando esteja uma droga. Alguém que encontre nos piores momentos uma lição, e que nos melhores momentos encontre sempre um bom exemplo pra melhorar nossa relação. Não mereço alguém que não sabe o que quer, mereço alguém com certezas. Mereço alguém que seja sincero comigo e principalmente, que se entregue por inteiro porque eu não estou aqui pra receber metade de ninguém.

Não mereço alguém de conversa mole, que enrole, com meias palavras e cheia de desculpas. Não mereço alguém que me dê mais perguntas do que certezas, que seja a causa e não a solução pros meus problemas. Mereço alguém que troque seu domingo de praia por um domingo em casa, que acorde tarde e que use os meus chinelos sem se importar se são dez vezes maiores que seu pé. Alguém que repare o tempo mas que não tenha medo dele, que tenha mania de ler as noticias dos jornais só depois de ter lido o horóscopo do dia na página seis. Alguém que largue as roupas pela casa, que estenda a toalha no varal meio bagunçada, que se sinta bem comigo e que mesmo me mandando pro inferno, me procure. Alguém que chegue logo, que sempre adie a hora de ir, que fique pra agora e que vá só depois que a saudade se acalmar só um pouquinho. Alguém que não desista de mim e que me faça sentir que sou realmente importante e necessário."

- Iandê Albuquerque

segunda-feira, 27 de julho de 2015

É preciso ir embora

Ir embora é importante para que você entenda que você não é tão importante assim, que a vida segue, com ou sem você por perto. Pessoas nascem, morrem, casam, separam e resolvem os problemas que antes você acreditava só você resolver. É chocante e libertador – ninguém precisa de você pra seguir vivendo. Nem sua mãe, nem seu pai, nem seu ex-patrão, nem sua pegada, nem ninguém. Parece besteira, mas a maioria de nós tem uma noção bem distorcida da importância do próprio umbigo – novidade para quem sofre deste mal: ninguém é insubstituível ou imprescindível. Lide com isso.

É preciso ir embora.

Ir embora é importante para que você veja que você é muito importante sim! Seja por 2 minutos, seja por 2 anos, quem sente sua falta não sente menos ou mais porque você foi embora – apenas sente por mais tempo! O sentimento não muda. Algumas pessoas nunca vão esquecer do seu aniversario, você estando aqui ou na Irlanda. Esse papo de "que saudades de você, vamos nos ver uma hora" é politicagem. Quem sente sua falta vai sempre sentir e agir. E não se preocupe, pois o filtro é natural. Vai ter sempre aquele seleto e especial grupo que vai terminar a frase "Que saudade de você..." com "por isso tô te mandando esse áudio"; ou "porque tá tocando a nossa música" ou "então comprei uma passagem" ou ainda "desce agora que tô passando aí".

Então vá embora. Vá embora do trabalho que te atormenta. Daquela relação que você sabe não vai dar certo. Vá embora "da galera" que está presente quando convém. Vá embora da casa dos teus pais. Do teu país. Da sala. Vá embora. Por minutos, por anos ou pra vida. Se ausente, nem que seja pra encontrar com você mesmo. Quanto voltar – e se voltar – vai ver as coisas de outra perspectiva, lá de cima do avião.

As desculpas e pré-ocupações sempre vão existir. Basta você decidir encarar as mesmas como elas realmente são – do tamanho de formigas.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Mesmo sem você eu tô seguindo em frente

"Já me convenci de que não éramos para dar certo. Eu apagava os erros com outros, tão meus quanto seus. Insistia. Perdoava. O problema do perdão é que a gente não esquece, só enumera os motivos pelos quais vale a pena tentar mais uma vez. Acontece que se a gente enumera não é amor, é apego. Não se justifica prós em uma lista negra. Quando alguém nos faz bem, a gente sabe. Nos sentimos agradecidos, sortudos. No entanto, com você eu me sentia vitorioso como se valesse de algo o placar imaginário de pontos em que tive a razão. Como se compensasse nossas reconciliações manipuladas. Você já sabia o que dizer pra me agradar, eu já sabia o que manter pra te afetar. O amor não é um jogo e, por isso, toda vez que tentava te ganhar me perdia mais um pouco."

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Talvez seja bem dita ou cantada a música que já soprou antes – ninguém é feliz sozinho

Talvez seja bem dita ou cantada a música que já soprou antes – ninguém é feliz sozinho. E não é mesmo. Não o tempo todo. Ninguém também é completamente triste. Não o dia inteiro. Bem verdade também. Mas quando o frio ou as noites de cadência, carência chegam, travesseiro nenhum é suficiente pra matar vontade. Saudade. De alguém. De ter. Porque a gente pode dar a volta ao mundo sete vezes. Escalar o pico do ponto mais alto do planeta. Conquistar o impossível. Mas se não tivermos com quem compartilhar vitórias... Ah, elas perdem o valor. 

E eu nem estou colocando na ponta do lápis o benfazejo amor próprio. Esse é obrigação egoísta. Devemos nos gostar. Nos agraciar. Não nos empurrar com a barriga. Como der. É que a gente não se beija. Não se cheira. Pode até se levar pra passear, mas não num cinema escurinho de mãos dadas. Não para rir de uma piada sem graça. Ou rir de nada. Lembrar do sorriso. Do olhar. Alguém pra chamar de seu. De lar. Para morar no abraço. E nem me venha com história de propriedade privada. A gente não compra amor. Romance. E se comprar não dura. Não vinga. Não tem química. Não saí faísca. Não é feio querer ser querido. Não é feio querer ser amado. No fim de cada dia, até aquele solteiro mais convicto queria voltar para os braços de alguém. Aproveite e dê o seu a torcer. Ame. Se renda. Se entregue. Você pode ser feliz também! Só precisa tentar. Tentar ser par. Tentar ser dois, em um. Dois sorrisos, um primeiro lugar no pódio. Casal. Namorados. Cúmplices. Amigos. Lindos, juntos.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Eu mereço uma pessoa que se entregue por inteira

"Uma pessoa que me entenda, que me escute, que me faça sorrir, simplesmente por bater na porta com qualquer sinal de chegada, que jamais queira partir. Uma pessoa que me abrace no frio, e me resfrie no calor. Uma pessoa que eu possa confiar, planejar, viajar e sonhar. Uma pessoa que não faça jogos, que não esconda as cartas e que jamais queira se tornar o meu adversário. Afinal, eu quero alguém para jogar os dados e ganhar comigo. Uma pessoa que priorize o relacionamento, que me assuma para os demais e que tenha alguns objetivos em comum. Uma pessoa que tenha tempo, vontade e desejo. Uma pessoa que não seja perfeita, mas que me complete com os defeitos e diferenças.

Eu procuro uma pessoa que seja diferente dos meus outros amores repentinos. Antes de chegar, eu quero alguém que não me descarte. Uma pessoa que tenha paciência e que goste o suficiente, para apostar no romance, ao invés de causar uma tragédia sem ao menos me conhecer. Uma pessoa que me dê todas as chances de mostrar quem realmente sou, e que se interesse sobre a minha história ao ponto de ignorar os alertas do celular.

Eu mereço uma pessoa que se entregue por inteira. Uma pessoa que esteja disposta a superar os seus medos, receios e traumas do passado. Uma pessoa que não me compare com as relações que deram errado, que não desconte em mim as feridas ainda não cicatrizadas. Uma pessoa que esteja disposta a começar do zero uma relação duradoura.

Ao longo dessa jornada, eu aprendi e comprovei que ninguém vai ser a minha respiração. A minha vida não vai parar porque alguém resolveu ir embora. Aprendi, também, que para quem fica a dor é sempre maior. Isso acontece pelo simples fato de depositarmos a nossa felicidade nas costas de alguém. E, sabe, esse é o nosso grande erro: elas colocam as mochilas e levam os nossos sorrisos embora, ficamos descalços na amargura.

Quando esse outro alguém chegar, ao invés de cobrar a felicidade por completo, devemos apenas compartilhar o que temos de melhor. Logo, receberemos a outra metade em troca de uma única palavra: reciprocidade.

Nessa geração de incertezas e fragilidades, todos nós procuramos por um próximo amor, com a fantasia do primeiro. Embora os bares estejam cheios, os copos transbordando e as bocas se tocando loucamente, as pessoas continuam procurando por alguém para levar ao seu lado até o resto de suas vidas. Todo mundo procura alguém que se orgulhe em estar ao seu lado, que abra a boca com todo tesão para dizer: “Ele é meu – Ela é minha”. E quando os olhos brilharem, complementar contando os dias para o casamento. A verdade é que todo mundo procura um outro alguém que possa amar e respeitar, alguém que queria construir uma família e no meio dessa facilidade em encontrar alguém com duração de uma noite, encontrar alguém que saiba reconhecer quando realmente valer a pena.

Todo mundo procura por alguém que faça o coração bater mais forte. Procuramos por uma pessoa que desperte a nossa curiosidade e, principalmente, que nos cause incontroláveis arrepios e sensações.

Ando por tantos lugares procurando alguém que me encontre, que no final da noite eu acabo sempre do mesmo jeito: no bar, esfriando o coração e aquecendo as esperanças.

Ei, cadê você?

Vem me fazer feliz! Vem?"

- Jéssica Pelegrini

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Eu só mereço quem me quer bem

Eu mereço alguém que não desista de mim mesmo quando já não tem interesse.
Mereço alguém que não me torture com promessas de envelhecer comigo, mas que realmente envelheça comigo. Mereço alguém que se orgulhe do que escrevo, que me faça ser mais amigo dos meus amigos e mais irmão dos meus irmãos.
Mereço alguém que nunca abandone a conversa mesmo quando eu não sei mais o que dizer. Alguém que, nos jantares entre os amigos, dispute comigo para contar primeiro como nos conhecemos.
Mereço alguém que goste de conduzir para nos revezarmos em longas viagens. Mereço alguém disposto a conferir se a porta está fechada e a máquina de café desligada, se o meu rosto está aborrecido ou esperançoso. Mereço alguém que prove que amar não é contrato, que o amor não termina com os nossos erros. Alguém que não se irrite com a minha ansiedade.
Mereço alguém que possa criar toda uma linguagem cifrada para que ninguém nos recrimine. Alguém que arranje bilhetes para um concerto de repente, que me sequestre e me leve ao cinema, que cheire o meu corpo suado como se ainda fosse perfume.
Mereço alguém que não largue as mãos dadas comigo. Mereço alguém que me olhe demoradamente quando estou distraído, que me telefone para narrar como foi o seu dia. Mereço alguém que procure um espaço acolchoado no meu peito para repousar. Alguém cuja única mentira que me conte seja de que cozinhou o jantar e só diga a verdade depois de eu ter comido.
Mereço alguém que tenha uma risada tão bonita que terei sempre vontade de ser engraçado. Mereço alguém que comente a sua dor com respeito e ouça a minha dor com interesse. Mereço alguém que não se perturbe com o que as pessoas pensam a nosso respeito. Mereço alguém que seja divertido nos momentos de alegria mas que não perca a doçura nos momentos de tristeza. Mereço alguém que goste de passar o domingo em casa, acordar tarde e andar de chinelos, e que me pergunte o tempo antes de olhar para as janelas. Mereço alguém que me ensine a me amar porque a separação apenas me vem ensinando a me destruir.

Mereço alguém que tenha pressa de mim, que deseje a eternidade comigo, que chegue rápido, que largue o casaco no sofá e não seja educado a ponto de estendê-lo no cabide. Mereço encontrar alguém que me faça de novo sentir que sou plenamente necessário.