segunda-feira, 27 de julho de 2015

É preciso ir embora

Ir embora é importante para que você entenda que você não é tão importante assim, que a vida segue, com ou sem você por perto. Pessoas nascem, morrem, casam, separam e resolvem os problemas que antes você acreditava só você resolver. É chocante e libertador – ninguém precisa de você pra seguir vivendo. Nem sua mãe, nem seu pai, nem seu ex-patrão, nem sua pegada, nem ninguém. Parece besteira, mas a maioria de nós tem uma noção bem distorcida da importância do próprio umbigo – novidade para quem sofre deste mal: ninguém é insubstituível ou imprescindível. Lide com isso.

É preciso ir embora.

Ir embora é importante para que você veja que você é muito importante sim! Seja por 2 minutos, seja por 2 anos, quem sente sua falta não sente menos ou mais porque você foi embora – apenas sente por mais tempo! O sentimento não muda. Algumas pessoas nunca vão esquecer do seu aniversario, você estando aqui ou na Irlanda. Esse papo de "que saudades de você, vamos nos ver uma hora" é politicagem. Quem sente sua falta vai sempre sentir e agir. E não se preocupe, pois o filtro é natural. Vai ter sempre aquele seleto e especial grupo que vai terminar a frase "Que saudade de você..." com "por isso tô te mandando esse áudio"; ou "porque tá tocando a nossa música" ou "então comprei uma passagem" ou ainda "desce agora que tô passando aí".

Então vá embora. Vá embora do trabalho que te atormenta. Daquela relação que você sabe não vai dar certo. Vá embora "da galera" que está presente quando convém. Vá embora da casa dos teus pais. Do teu país. Da sala. Vá embora. Por minutos, por anos ou pra vida. Se ausente, nem que seja pra encontrar com você mesmo. Quanto voltar – e se voltar – vai ver as coisas de outra perspectiva, lá de cima do avião.

As desculpas e pré-ocupações sempre vão existir. Basta você decidir encarar as mesmas como elas realmente são – do tamanho de formigas.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Mesmo sem você eu tô seguindo em frente

"Já me convenci de que não éramos para dar certo. Eu apagava os erros com outros, tão meus quanto seus. Insistia. Perdoava. O problema do perdão é que a gente não esquece, só enumera os motivos pelos quais vale a pena tentar mais uma vez. Acontece que se a gente enumera não é amor, é apego. Não se justifica prós em uma lista negra. Quando alguém nos faz bem, a gente sabe. Nos sentimos agradecidos, sortudos. No entanto, com você eu me sentia vitorioso como se valesse de algo o placar imaginário de pontos em que tive a razão. Como se compensasse nossas reconciliações manipuladas. Você já sabia o que dizer pra me agradar, eu já sabia o que manter pra te afetar. O amor não é um jogo e, por isso, toda vez que tentava te ganhar me perdia mais um pouco."

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Talvez seja bem dita ou cantada a música que já soprou antes – ninguém é feliz sozinho

Talvez seja bem dita ou cantada a música que já soprou antes – ninguém é feliz sozinho. E não é mesmo. Não o tempo todo. Ninguém também é completamente triste. Não o dia inteiro. Bem verdade também. Mas quando o frio ou as noites de cadência, carência chegam, travesseiro nenhum é suficiente pra matar vontade. Saudade. De alguém. De ter. Porque a gente pode dar a volta ao mundo sete vezes. Escalar o pico do ponto mais alto do planeta. Conquistar o impossível. Mas se não tivermos com quem compartilhar vitórias... Ah, elas perdem o valor. 

E eu nem estou colocando na ponta do lápis o benfazejo amor próprio. Esse é obrigação egoísta. Devemos nos gostar. Nos agraciar. Não nos empurrar com a barriga. Como der. É que a gente não se beija. Não se cheira. Pode até se levar pra passear, mas não num cinema escurinho de mãos dadas. Não para rir de uma piada sem graça. Ou rir de nada. Lembrar do sorriso. Do olhar. Alguém pra chamar de seu. De lar. Para morar no abraço. E nem me venha com história de propriedade privada. A gente não compra amor. Romance. E se comprar não dura. Não vinga. Não tem química. Não saí faísca. Não é feio querer ser querido. Não é feio querer ser amado. No fim de cada dia, até aquele solteiro mais convicto queria voltar para os braços de alguém. Aproveite e dê o seu a torcer. Ame. Se renda. Se entregue. Você pode ser feliz também! Só precisa tentar. Tentar ser par. Tentar ser dois, em um. Dois sorrisos, um primeiro lugar no pódio. Casal. Namorados. Cúmplices. Amigos. Lindos, juntos.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Eu mereço uma pessoa que se entregue por inteira

"Uma pessoa que me entenda, que me escute, que me faça sorrir, simplesmente por bater na porta com qualquer sinal de chegada, que jamais queira partir. Uma pessoa que me abrace no frio, e me resfrie no calor. Uma pessoa que eu possa confiar, planejar, viajar e sonhar. Uma pessoa que não faça jogos, que não esconda as cartas e que jamais queira se tornar o meu adversário. Afinal, eu quero alguém para jogar os dados e ganhar comigo. Uma pessoa que priorize o relacionamento, que me assuma para os demais e que tenha alguns objetivos em comum. Uma pessoa que tenha tempo, vontade e desejo. Uma pessoa que não seja perfeita, mas que me complete com os defeitos e diferenças.

Eu procuro uma pessoa que seja diferente dos meus outros amores repentinos. Antes de chegar, eu quero alguém que não me descarte. Uma pessoa que tenha paciência e que goste o suficiente, para apostar no romance, ao invés de causar uma tragédia sem ao menos me conhecer. Uma pessoa que me dê todas as chances de mostrar quem realmente sou, e que se interesse sobre a minha história ao ponto de ignorar os alertas do celular.

Eu mereço uma pessoa que se entregue por inteira. Uma pessoa que esteja disposta a superar os seus medos, receios e traumas do passado. Uma pessoa que não me compare com as relações que deram errado, que não desconte em mim as feridas ainda não cicatrizadas. Uma pessoa que esteja disposta a começar do zero uma relação duradoura.

Ao longo dessa jornada, eu aprendi e comprovei que ninguém vai ser a minha respiração. A minha vida não vai parar porque alguém resolveu ir embora. Aprendi, também, que para quem fica a dor é sempre maior. Isso acontece pelo simples fato de depositarmos a nossa felicidade nas costas de alguém. E, sabe, esse é o nosso grande erro: elas colocam as mochilas e levam os nossos sorrisos embora, ficamos descalços na amargura.

Quando esse outro alguém chegar, ao invés de cobrar a felicidade por completo, devemos apenas compartilhar o que temos de melhor. Logo, receberemos a outra metade em troca de uma única palavra: reciprocidade.

Nessa geração de incertezas e fragilidades, todos nós procuramos por um próximo amor, com a fantasia do primeiro. Embora os bares estejam cheios, os copos transbordando e as bocas se tocando loucamente, as pessoas continuam procurando por alguém para levar ao seu lado até o resto de suas vidas. Todo mundo procura alguém que se orgulhe em estar ao seu lado, que abra a boca com todo tesão para dizer: “Ele é meu – Ela é minha”. E quando os olhos brilharem, complementar contando os dias para o casamento. A verdade é que todo mundo procura um outro alguém que possa amar e respeitar, alguém que queria construir uma família e no meio dessa facilidade em encontrar alguém com duração de uma noite, encontrar alguém que saiba reconhecer quando realmente valer a pena.

Todo mundo procura por alguém que faça o coração bater mais forte. Procuramos por uma pessoa que desperte a nossa curiosidade e, principalmente, que nos cause incontroláveis arrepios e sensações.

Ando por tantos lugares procurando alguém que me encontre, que no final da noite eu acabo sempre do mesmo jeito: no bar, esfriando o coração e aquecendo as esperanças.

Ei, cadê você?

Vem me fazer feliz! Vem?"

- Jéssica Pelegrini

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Eu só mereço quem me quer bem

Eu mereço alguém que não desista de mim mesmo quando já não tem interesse.
Mereço alguém que não me torture com promessas de envelhecer comigo, mas que realmente envelheça comigo. Mereço alguém que se orgulhe do que escrevo, que me faça ser mais amigo dos meus amigos e mais irmão dos meus irmãos.
Mereço alguém que nunca abandone a conversa mesmo quando eu não sei mais o que dizer. Alguém que, nos jantares entre os amigos, dispute comigo para contar primeiro como nos conhecemos.
Mereço alguém que goste de conduzir para nos revezarmos em longas viagens. Mereço alguém disposto a conferir se a porta está fechada e a máquina de café desligada, se o meu rosto está aborrecido ou esperançoso. Mereço alguém que prove que amar não é contrato, que o amor não termina com os nossos erros. Alguém que não se irrite com a minha ansiedade.
Mereço alguém que possa criar toda uma linguagem cifrada para que ninguém nos recrimine. Alguém que arranje bilhetes para um concerto de repente, que me sequestre e me leve ao cinema, que cheire o meu corpo suado como se ainda fosse perfume.
Mereço alguém que não largue as mãos dadas comigo. Mereço alguém que me olhe demoradamente quando estou distraído, que me telefone para narrar como foi o seu dia. Mereço alguém que procure um espaço acolchoado no meu peito para repousar. Alguém cuja única mentira que me conte seja de que cozinhou o jantar e só diga a verdade depois de eu ter comido.
Mereço alguém que tenha uma risada tão bonita que terei sempre vontade de ser engraçado. Mereço alguém que comente a sua dor com respeito e ouça a minha dor com interesse. Mereço alguém que não se perturbe com o que as pessoas pensam a nosso respeito. Mereço alguém que seja divertido nos momentos de alegria mas que não perca a doçura nos momentos de tristeza. Mereço alguém que goste de passar o domingo em casa, acordar tarde e andar de chinelos, e que me pergunte o tempo antes de olhar para as janelas. Mereço alguém que me ensine a me amar porque a separação apenas me vem ensinando a me destruir.

Mereço alguém que tenha pressa de mim, que deseje a eternidade comigo, que chegue rápido, que largue o casaco no sofá e não seja educado a ponto de estendê-lo no cabide. Mereço encontrar alguém que me faça de novo sentir que sou plenamente necessário.

Quero dizer que tenho sido um bom aluno

"Não faço questão de esconder que me sentia atrás da minha própria sombra. Para ser mais claro,  me via como coadjuvante da minha própria história. Uma marionete da minha própria existência. De tanto cair, comecei a rever meus passos. Comecei a tentar controlar meus impulsos, domar minha ansiedade. Tentei calcular melhor quais as margens de erros não deixar de tentar, mas mirando melhor no círculo do meio, para acertar no centro. Pra ficar a flecha no lugar exato. E não quero, com isso, pagar de vencedor. De alguém que chegou lá. Mesmo sem saber onde isso fica. Quero dizer que tenho sido um bom aluno. Na escola da vida, tenho chegado cedo e sentado na frente. Respondido a chamada. Aos chamados. Deixado de faltar por qualquer desilusão. Estudado para as provas, me preparado melhor para não chegar às finais. Para não cair em recuperação. Tenho entendido que os meus sonhos não puxam meu trenó. Eles não me dão propulsão. Não me empurram para a frente. Minhas vontades são as companheiras perfeitas de viagem. As melhores amigas para caminhar de mãos dadas. Para rir, gargalhar, chorar no colo, reanimar. A vida só mostra para quem entende que ela não é uma busca desenfreada por conquistas, mas, sem dúvidas, recheadas de vitórias. Existem tesouros escondidos por todas as partes. Nós só precisamos nos permitir ver."