terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Oi, Flávio!

Hoje faz um mês que você não quis mais saber de mim. Que tudo que eu pensei que estávamos construindo foi por água abaixo. Você não quis mais saber de nós dois e escolheu viver sua vida sozinho. Palavra essa que você repetiu incessantes vezes a fim de me convencer a sair do barco que eu queria remar contigo. Ainda bem! Pois, felizmente, você conseguiu.

Conseguiu quando você quis me deixar sozinho em casa num sábado à noite para ir ao samba - compromisso esse que era mais importante do que qualquer outro momento nosso a dois. Na verdade, essa palavra nunca fez parte do teu vocabulário. Raras foram as vezes que ficamos a dois. Era sempre três, quatro, cinco. Fora a bebida. Fora a religião. Fora o assunto que não me incluía. Eu fui embora. E me arrependi de ter ido. E me arrependi de ter me arrependido. Porque você é daqueles caras que de tão seguros de si acreditam que só o que você tem a dizer é o que importa. Por um momento, eu acreditei que isso fosse verdade. Você não me ouvia, né? Me deixei para depois. Priorizei você e seus caprichos. Eu só pensava no teu abraço, no teu beijo, na minha vontade incessante de te ter na minha vida. Mas eu não podia escolher por nós dois.

Nos dias que se sucederam, eu só pensei em ti. Chorei. Chorei com a alma, sabe? Era uma dor sentida. No mesmo dia que eu vim embora, você postou "não encosta, não me beija. Só me olha, me deseja. Quero ver se você vai aguentar a noite inteira sem poder me tocar". Doeu mais ainda. Eu não me aguentei. Havia prometido a mim mesmo que não iria falar contigo. Iria te esperar. Mas eu não resisti. Foi mais forte o meu impulso quando te vi online. E quis falar contigo. Mas não adiantou tratá-lo com o meu melhor. Tua frieza. Tua indiferença. Tua prepotência. Você terminou comigo. Por WhatsApp.

Eu aceitei. Te deixei em paz, como você pediu. Afinal, né... você estava de ressaca. E era isso que importava naquele momento. Deixei o tempo passar. Você me procurou para saber como eu estava; propus conversarmos pessoalmente. Até quando você não queria mais falar comigo, eu pensei em ir até você para ver se aquela frieza se estenderia até o contato olho no olho. Ainda bem que eu não o fiz, porque eu tinha certeza que sim. Mesmo assim, nós marcamos um encontro. Claro, sempre tinha que estar de acordo com sua agenda, sempre tão ocupada, para ver se eu cabia nos espaços. Ainda assim, eu te esperei. Comprei uma caixa de bombom. Escrevi uma carta. Queria lhe fazer uma surpresa. Eu acreditava em nós dois. Mas você não tinha tempo para mim. Ou você, simplesmente, não queria ter.

Tanto não quis que sua proposta era ficar comigo sem compromisso. Depois você me propôs até sexo casual. Mas eu não sou homem sem compromissos. Eu sou daqueles que tem começo, meio e fim. Não fico em cima do muro. Sou 8 ou 80. Água morna nem para fazer chá serve. Você era cheio de não-me-toques. Egocêntrico. Definitivamente, nós não éramos um para o outro. O meu susto (ou talvez nem seja essa a palavra) foi quando você fez teu check-in a caminho do Rio de Janeiro. Lembro como hoje você dizendo que "se eu for para o RJ eu não volto mais". Nas entrelinhas, você dizia que eu não importava. O meu sentimento não importava. 

O que você chamou de "carência", os outros chamam de "atenção". Enquanto você não queria estar comigo no fim de semana, tem gente dizendo que eu ando ocupado demais. Enquanto você não fazia planos comigo, tem gente querendo vir de outro estado para me ver.

É, Flávio... A vida tem dessas! Obrigado por tudo que me ensinou. Espero, de coração, que você esteja feliz. Eu torço por ti. Nós não demos certo juntos, mas as lições que aprendi levarei para o resto da vida. Às vezes, tudo que a gente precisa é de alguém para nos ensinar a não ser como elas.

Feliz ano novo.

sábado, 3 de dezembro de 2016

A Tréplica

"Era 21 de dezembro de 2012. Sexta-feira. Dia em que o mundo iria acabar. Você trabalhava das 14h às 22h. Enquanto eu trabalhava das 08h às 17h Passamos o dia inteiro trocando mensagens. Em alguns momentos eu notei um certo distanciamento da tua parte. Mensagens secas. Eu questionei e você disse que não estava muito bem. Mal estar. Talvez gripe ou virose. Eu pedi pra cuidar de você, mas você respondeu que queria e precisava descansar. Que depois do trabalho você iria pra casa dormir e que nos veríamos no dia seguinte. Em sete meses de namoro nós nunca havíamos ficado longe um do outro numa sexta-feira. Fiquei preocupado com você. Lembrei do dia em que eu estava com febre de 40 graus e ainda assim fui te encontrar. Até melhorei quando te vi. Mas você foi enfático. Queria descansar. Sozinho. Às 22h você foi pra casa. E eu já estava na minha. De banho tomado. Deitado na cama. Esperando por notícias suas. Você me mandou a seguinte mensagem: "Amor, tô muito cansado e indisposto, vou dormir. Nos falamos amanhã, te amo." Eu tinha a impressão de que era capaz de dar a minha vida pela tua. Saber que você não estava bem me fazia mal. Eu tomava as suas dores. E me preocupava com você, mais do que comigo mesmo. Falta de amor próprio da minha parte? Excesso de amor por você? Não sei. Mas eu gostava de me sentir assim. Gostava de te amar.

23h. Minha melhor amiga me ligou:
- "Rafa, tudo bem?”.
- "Tudo bem" Respondi.
- “Você e o Nando estão bem”? Ela perguntou num tom aflito.
- "O Nando está em casa dormindo, está com virose.”.
Comecei a achar aquela ligação muito estranha.
- "Camila, está acontecendo alguma coisa?”.
Perguntei desconfiadíssimo. Embora sejamos melhores amigos, a Camila poucas vezes me ligou, geralmente conversamos por mensagens.
- "Rafa, estou vendo o Nando na fila da balada. E ele está acompanhado de mais três amigos.”.

Senti um frio na barriga. Meu corpo ficou mole. Me senti trêmulo. E emudeci por alguns segundos.
Fiquei em silêncio até retomar o fôlego.
- "Camila, você deve estar confundindo, não deve ser ele.”.
- "Rafa, eu tenho certeza que é ele." Ela respondeu num tom cuidadoso, dava pra sentir a pena que ela já estava sentindo de mim.
- "Ele já te viu?" Perguntei.
- "Ainda não me viu, mas pensei em ir falar com ele".
- "Não!" Eu gritei e continuei:
- "Não deixa ele te ver, eu vou até aí pra verificar o que está acontecendo.

Peguei o endereço e comecei a me arrumar. Eu queria acreditar que tudo era um grande engano. Ou talvez uma surpresa do Nando pra mim. Será que ele vai me pedir em casamento? Será que é uma festa surpresa que eles prepararam pra mim? Cheguei até a soltar alguns risinhos, de nervoso. É uma surpresa. Deve ser. Tem que ser. Pobre de mim. Quanta ingenuidade. Fui dirigindo até a balada num misto de desespero e agonia. Tensão. Quando cheguei na frente da balada já não existia mais fila. A Camila estava lá na frente me esperando. Amigo, fica calmo", disse ela desesperada. "Camila, isso é algum tipo de brincadeira?", perguntei aflito. “Não é”. Mas fica calmo que não deve ser nada demais. NADA DEMAIS? Meu namorado estava dentro de uma balada enquanto me disse que estava doente, dormindo, em casa. Entramos na balada.

Fomos logo procurá-lo. Balada cheia. Almas vazias. Procurei. Procurei. Procurei. Até encontrar. Você estava beijando um cara. Fiquei em estado de choque. Uma dor no peito tão forte que até hoje não sei descrever. Gelou tudo dentro de mim. Um frio na espinha assustador. Meus olhos encheram de lágrima. E desaguaram. Fiquei estático. Assisti de camarote aquele beijo. Reconheci o garoto. Era aquele seu colega de trabalho que curtia as suas fotos no facebook. E que quando eu sentia ciúmes você dizia: “Ele é só um colega de trabalho qualquer”. Assisti aquele beijo até o fim. Quando vocês interromperam o beijo você estava sorrindo. Feliz. Gargalhando. Olhou pro lado e nossos olhos se encontraram. Você congelou me olhando. Parecia uma cena de encerramento de "avenida brasil". Você também ficou estático. O sorriso do teu rosto foi desparecendo lentamente. Você nunca imaginou que eu fosse aparecer ali. Olhei dentro dos teus olhos. E tentei te mostrar toda a minha dor.

Os meus olhos falaram por mim. Telepatia. Eu sentia meu coração sangrar. A maior decepção da minha vida. Acontecendo ali. Na minha frente. Virei às costas e fui embora. Desabei em choro. A Camila tentou vir atrás de mim, mas eu corri. Peguei meu carro e voltei pra casa. Não sei como cheguei. Só lembro de ter desaguado todas as lágrimas que existiam dentro de mim. Chorei tanto em cima da minha cama. Chorei até apagar.

21 de dezembro. O mundo acabando dentro de mim. Acordei no dia seguinte com a sua imagem beijando outro cara. Me senti acordando em cima de uma maca de hospital. Atropelado. Entre a vida e a morte. Esperei encontrar algumas mensagens ou ligações suas no meu celular. Mas não havia. A Camila me mandou infinitas mensagens, preocupada comigo. Coitadinha. Minha amiga fiel foi tão corajosa em me contar. Os dias que se procederam foram de uma grande espera. Por um pedido de desculpas. Por uma explicação. Por uma justificativa. E o dias se tornaram semanas. As semanas se tornaram meses. Os meses se tornaram anos. E a justificativa nunca veio. O pedido de desculpas também não. Até você me reencontrar.



Acompanhado. Namorando. Na mesma balada que você me traiu. Só que agora sem choro. Sem tristeza. Sem decepção. Feliz. Encontrei um cara legal, que cuidou de mim no ápice da minha fragilidade. Encontrei alguém que me ama por inteiro. Que não finge. Que não se acha melhor nem pior. Se vê igual. Nos vemos como iguais. Você pediu desculpas. E pediu pra voltar. Quase três anos depois. Sim, antes tarde do que nunca. Justificou a traição. Disse que se sentia inferior a mim. Sendo que eu sempre te coloquei pra cima. Eu fazia você se sentir o cara mais incrível do mundo. Você mesmo me dizia isso. Se de fato esse foi o motivo pra você ter me traído: Então você realmente era inferior.

Inferior ao amor que eu sentia. Inferior aos meus sentimentos. Inferior aos meus planos de casar e viver contigo pra sempre. Inferior às promessas que você me fez. Inferior a todo o meu sofrimento. Inferior à força e coragem que eu tinha de enfrentar o mundo inteiro e passar por cima de todo e qualquer preconceito. Inferior. Mas quem sou eu pra te julgar? Tá desculpado. Segue em frente e seja feliz. Viva de verdade. Encontre um amor. Aquele amor de verdade que um dia eu te dei. O meu perdão você tem. Mas o meu amor não tem mais.

Adeus."

- Rafael Koerich

A resposta

"Oi, Rafa!

Se ex é aquele que antecede, sou seu ex então. Não sei escrever tão bem quanto você, mas vou tentar. Talvez por isso que eu só tenha te escrito uma carta em 2012. Enquanto você me mandou pelo menos dez. Tenho todas ainda. Teu e-mail foi uma porrada na minha cara. Nocaute. Eu sabia que tinha te machucado, mas não sabia a gravidade. Vi que você postou o e-mail nas redes sociais. Bombou. Obrigado por não ter divulgado o meu nome. Seria uma boa vingança. Tava na padaria tomando um café e vi um casal falando sobre o e-mail. Abri o Facebook e vi alguns amigos compartilhando o texto. Será que sabiam que você estava falando de mim? Não sei. Quase 3 anos se passaram.

Eu não sou mais aquele que fugiu sem prestar socorro. Você não é mais aquele que foi destruído. Amadurecemos. Algumas coisas precisam ser levadas em consideração. Eu tinha acabado de "me assumir" gay. Você foi o meu primeiro namorado. Era tudo muito novo pra mim. Caí em tentação. Eva também caiu. Cauã Reymond, Kristen Stewart, Brad Pit. Maria, Pedro, José, Ana. Nada justifica, eu sei. Mas somos humanos e estamos sujeitos. "Errar é humano". Já ouviu falar? Você tão inteligente. Já formado. Com um emprego incrível. Mil projetos engatilhados. Cheio de amigos legais. Um cara tão forte. Promissor. E eu? O que eu era naquela época? Um estudante. Com um emprego ruim. Trabalhava pra pagar os estudos. Poucos amigos. Incrivelmente seguro, eu? Toda a minha segurança era simulada. Sempre me senti inferior a você. O que esse cara está fazendo ao meu lado? Eu pensava. Você inflava meu ego com tanto amor. Você me chamava de "incrível", "inteligente", de "especial". Embora eu me considerasse um grande nada. O que esse cara tem na cabeça? O que ele está vendo em mim? Alguém avisa pra ele que eu não sou tudo isso?



Você criou expectativas demais em cima de mim. Eu nunca fui tão bom quanto você pensava. Ok. Você fazia eu me sentir incrível. Você fazia eu me sentir inteligente. Você fazia eu me sentir especial. Mas aí tive que fingir ser tudo isso. Fingi pra que você continuasse achando. E pra que pudéssemos ficar juntos. Pra sempre, talvez. Fingi. Até cansar de fingir. E fui embora. Eu sempre achei que você ficaria bem caso eu partisse. Ele vai conhecer alguém melhor do que eu em questão de dias. Nunca pensei que poderia te causar tanta dor (mesmo). Tudo bem, eu poderia apenas ter terminado. Mas eu te traí. E você descobriu. Ou eu poderia nem ter terminado e ter tido uma história feliz ao teu lado. Mas a minha síndrome de inferioridade não permitiu. Eu lembro que fiquei paralisado quando você me pegou no flagra. Eu não consegui ir atrás de você pra te pedir desculpas. O teu silêncio e o teu olhar berraram tão alto que eu fiquei imóvel. O teu olhar naquela noite, lembro até hoje. Foi como se você tivesse me dito tudo o que gostaria de dizer.

Apenas com o olhar. Telepatia. Eu entendi ali que tudo tinha acabado. E pensei: "Ele vai ficar bem". Você pode achar que eu não sofri. Mas eu sofri, sim. Chorei no meu quarto por ter sido tão babaca contigo. Você não merecia passar por isso. Logo você que sempre me deu tanto amor. E motivos pra sorrir. Voltei a viver. Achava que você logo ficaria bem. Que você encontraria alguém a sua altura. Conheci outro cara. Comecei a namorar. E olha a vida sendo vida: fui traído. Peguei mensagens no celular dele. E foi um soco no estômago. Sofri bastante. Quem bate, esquece, quem apanha, não. Me joguei na balada e peguei geral. Numa dessas noites me disseram que você estava por lá. Fiquei com um cara e parece que você viu. Eu jamais imaginei que você ainda se importasse comigo. "Esse cara não deve nem querer saber que eu existo." "Deve ter vergonha de ter namorado comigo." Ou simplesmente não pensei nada. Eu estava vivendo a minha vida ao estilo "deixa a vida me levar". Eu parei de medir os meus atos e sem freio fui seguindo.

Um dia sozinho no meu quarto eu comecei a ler as cartas que você me enviou quando namorávamos. E bateu uma saudade muito grande. Saudade de ser amado. Amado de verdade. Liguei pra você pra perguntar sobre o meu óculos. Que na verdade sempre esteve comigo. Foi só um pretexto pra ouvir tua voz. Um pretexto pra dizer que estava com saudades. Um pretexto pra pedir desculpas. Um pretexto pra dizer: "volta pra mim". Mas quando eu ouvi a sua voz eu travei. Não consegui dizer nada. E desliguei. E voltei a namorar. Sem muito critério. As coisas já não eram mais novidade pra mim. Eu só queria encontrar alguém, começar a namorar e recomeçar a minha vida. Novamente levei um tapa na cara da vida. O cara que eu comecei a namorar veio com um papo de "diferenças culturais". Disse que era bom demais pra mim. E me deu um grande pé-na-bunda. Doeu. Lembrei de nós dois. Das nossas diferenças. E do amor que você tinha por mim, ainda assim. Você gostava de mim assim, do jeito que eu sou. Senti saudades.

Fui pra balada e te reencontrei por lá. Acompanhado. Namorando. Você estava tão lindo. Você estava tão vivo. E eu já estava destruído. Com o coração destruído. E eu te procurei. E pedi pra voltar. Levei quase três anos pra te pedir desculpas. Antes tarde do que nunca. Não é mesmo? E recebi o seu e-mail com aquela resposta. Que me fez entender toda a situação. Às vezes a gente não tem ideia do poder dos nossos atos. Às vezes o amor fere, mas às vezes ele cura. Eu poderia simplesmente ignorar o seu e-mail. Poderia ficar bem e ser feliz. Poderia aproveitar ao máximo. Com verdade. Uma vida de verdade. Um amor de verdade. Pra não ter uma vida vazia. Mas me dei conta que quero viver com você esse amor de verdade. Essa vida de verdade. Vazia a minha vida já está. E só você pode preencher. Pode parecer pretensão da minha parte. Mas se você escreveu aquele e-mail com tanto sentimento e com tanta verdade. É porque ainda sente. Ainda ama. E se esse for o caso, eu vou estar aqui te esperando. Pra gente recomeçar. Recomeçar do zero. Pra mostrar que tudo na vida tem um tempo certo. E talvez o nosso tempo seja agora.

Um beijo.

Te amo."

Querido ex

"Oi!

Sou seu ex. Na verdade você é meu ex. Ex é aquele que antecede. Sou o seu ex, do ex, do ex, do ex. Se é que isso realmente existe. Depois de mim você namorou três ou quatro vezes, acompanhei tudo secretamente pelas redes sociais. Começamos a namorar em 2012 e terminamos no mesmo ano. 2012 foi um ano maluco, não é mesmo? O mundo iria acabar. E não acabou. Nosso namoro, esse sim, acabou. Eu cheguei a pensar que a minha vida também fosse acabar, mas veja só: 2015 chegou e eu ainda estou aqui. Profecias erradas. Namoramos poucos meses. Você me fez tão feliz. Nunca havia me apaixonado tanto. Eu dormia sorrindo e acordava com um sorriso ainda maior. Você era o meu primeiro e meu último pensamento do dia. O nosso primeiro beijo arrepiou a minha alma e você perdeu o fôlego, lembra? Você tão incrivelmente lindo. Você tão incrivelmente seguro. Você. Só você.

Mas aí você me traiu. Me traiu com um colega de trabalho. Me traiu com um colega de trabalho qualquer. E me destruiu. E foi embora. Partiu sem se importar. Frio. Calculista. "Homem foge sem prestar socorro." Manchete no jornal da vida. Da minha vida. Que já não tinha mais sentido. Eu eu fiquei em estado de choque. E comecei a fumar. E bebia pra não lembrar. E fumava pra tentar me acalmar. E bebia porque eu lembrava. E fumava porque não esquecia. E bebia porque não me acalmava. E fumava cada vez mais. E bebia pra tentar esquecer. E não esquecia. E não me acalmava. Então comecei a sair. Meus amigos me arrastaram pra balada. E eu te reencontrei por lá. E você estava tão feliz. E você estava tão lindo. E eu só queria te abraçar e dizer: "tudo bem eu te perdoo, errar é humano, vem aqui, vamos tentar outra vez."

Mas você abraçou outro cara. E beijou esse cara. NA-MINHA-FRENTE. E me destruiu novamente. E eu bebi e fumei ainda mais. Porque me traiu com o seu colega de trabalho se não tinha intenção de ficar com ele? Me traiu só por trair? Quem é esse cara que você está beijando? Eu tinha tantas perguntas pra te fazer. Eu tinha tanta dor dentro de mim. Eu estava tão frágil. E passei a ter raiva. E um dia você me ligou. Eu ouvi a sua voz. E a raiva passou. Mas você só perguntou pelo seu óculos. Que não estava comigo. E desligou. E começou a namorar com outro cara. Que não era o colega de trabalho, nem o cara da balada. E você estava tão vivo. E encheu o instagram de fotos. E legendou as fotos com palavras de amor. E terminou o namoro. E encheu o instagram com fotos na balada. E começou a namorar com uma outra pessoa. E o ciclo era sempre o mesmo. E eu fui murchando aos poucos. Fui morrendo lentamente. Tive que focar no trabalho. Pra não morrer por inteiro. E trabalhei muito. E fui promovido. Uma. Duas. Três vezes. E só trabalhava. E te acompanhava de longe. Acho que gosto de sentir dor. SADOMASOQUISMO.

E dispensei tanta gente que queria ficar comigo. Tanta gente legal. Vesti um escudo. Achei que todas as pessoas eram igualmente maldosas. Maldoso como você foi. Comigo. E com o cara depois de mim. E com o outro cara, depois do cara depois de mim. E vi algumas pessoas querendo cuidar de mim. Teve um que chorou e disse que queria me fazer feliz, pediu permissão. E eu disse não. E de tanto dizer não. Acabei dizendo sim. E eu já não fumava mais. E eu bebi, mas dessa vez foi pra brindar. E eu me senti amado. De verdade. Pela primeira vez. E me senti feliz. E me peguei sorrindo sozinho. Sorriso bobo. E voltei a amar. E não era você. Verdade. Reciprocidade. E você foi acabando dentro de mim. Até acabar por inteiro. E eu passei a dar risada sobre tudo o que aconteceu. As pessoas me diziam que um dia eu iria rir disso tudo. E eu ri.



E eu te reencontrei na balada. E não senti nada. Olhei pro meu namorado e vi um abismo entre você e ele. Eu só desejei que a tua maldade e que a maldade do mundo nunca atinja quem agora eu amo. E que ele nunca se corrompa por tão pouco. Como você se corrompeu. Que o mundo é sujo eu sei. Você me mostrou. Mas é possível sair ileso, basta ser bom. Basta ser do bem, meu bem. E você me viu feliz com outro alguém. E me mandou mensagem. Disse que eu estou bonito. Que o tempo me fez bem. E fez mesmo. E você pediu pra voltar. Disse que se arrependeu de tudo e que sente muito a minha falta. Disse que eu fui o único que realmente te amou de verdade. Há 1 ano atrás eu correria pros teus braços. E te dava todo o meu amor outra vez.

Hoje eu te deixo esse e-mail. Que é a única coisa que eu tenho pra te oferecer. Fica bem e seja feliz. A gente só vive uma vez. Aproveita ao máximo. Aproveita com verdade. Uma vida de verdade. Um amor de verdade. Pra não ter uma vida vazia. Tchau."

- Rafael Koerich

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Ninguém é obrigado a gostar de você

"É isso mesmo. As pessoas têm zero obrigação de gostar da gente, muito menos de querer a gente por perto. A gente tem muita dificuldade em lidar com a rejeição, né? E tá piorando. Acho que começa na infância… quando algum colega briga com a gente ou não deixa a gente andar junto ou qualquer coisa do tipo, a tendência dos nossos pais é dizer que aquela pessoa é boba, que ela não merece nossa amizade, que ela é chata ou qualquer outra variação de adjetivo que exclua a verdade: ela simplesmente não gosta de você. As pessoas podem ser boas, divertidas, legais e inteligentes e têm todo o direito de simplesmente não quererem você por perto. Tá tudo bem, você não precisa agradar todo mundo, mas de alguma forma isso é um tabu na infância e as pessoas crescem buscando aceitação e se frustrando com a rejeição.

As redes sociais pioraram tudo. Até aplicativo pra descobrir quem parou de seguir você existe. É uma obsessão por ser aprovado desde de sempre e a tecnologia veio só deixar isso ainda pior. Se a pessoa leu e não quis te responder? Sim, a internet também mostra! As pessoas podem até estarem loucas para acabar um relacionamento, mas se o outro toma a atitude primeiro, o ego ferido de não ser mais desejado fala tão alto que a pessoa até se confunde achando que agora até quer o outro de novo. Isso complica nossa vida, isso complica nossos relacionamentos e isso leva milhares de pessoas a consultórios. As pessoas tomam remédio pra lidar com a dor do não-ser-querido.



Simplifiquemos. Ninguém é obrigado a querer ninguém. E quem quer não é obrigado a sempre querer. Tá tudo bem… Quem já ouviu um “eu não gosto mais de você” sabe que não é a frase mais agradável do mundo, eu já ouvi uns anos atrás, mas foi depois dessa frase que eu parei minhas tentativas de dar certo com a pessoa que me disse essas palavras. Enquanto eu desconfiava que o relacionamento não ia bem por outras razões, tomei algumas providências, mas foi num almoço que ele olhou pra mim e disse que achava que não me queria mais porque não gostava mais de mim. Diante disso, tudo clareou, não tinha mais nada a ser feito. Eu não podia pedir pra ele gostar de mim de novo… isso não se pede. Ele gostou, não gostava mais, cabia a mim pagar meu risoto de camarão e ir pra casa lidar com esse fato.

Alguém não gostar de você não faz de você uma pessoa pior e quem não gosta de você também não é uma pessoa ruim por isso. Gostar tem que ser genuíno, tem que vir naturalmente, tem que ser leve, tem que ser suave. Gostar de alguém e esse alguém gostar de você é tão bonito, não vamos deixar isso feio e pesado transformando em obrigação. Reciprocidade é loteria! Aproveite enquanto ela existe, pode ser que acabe amanhã, pode ser que dure pra sempre, mas a gente não sabe…. então aproveite o bem-me-quer enquanto está no auge, quando vira mal-me-quer não há nada a ser feito. Isso vale pra namorados(as), amigos e até familiares, ninguém é obrigado a gostar de ninguém.

Não deixe que a reprovação de uma pessoa abale o que você pensa sobre si mesmo, não tente ser o que o outro quer, não sofra mais que o necessário. Você é incrível em todas as suas maneiras, mesmo que nem todo mundo que você quer, veja isso. Não diminua o tamanho de uma pessoa porque ela não te aprova, cada ser humano é singular e nenhum escolhe pelo quê o por quem seu coração se alegra, respeite a programação natural de cada pessoa e quando gostar de alguém que também gosta de você, agradeça."

- Hariana Meinke

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Me deixa quietinho?

"Hoje eu quero ficar quietinho. Sei lá, me deixa no meu quarto, na minha casa, no meu mundo, no meu interminável fim de segunda-feira. Não me pergunte se aconteceu algo, se eu gostaria de sair ou se já terminei de ver aquela série. Eu sei, parece estranho. E é. Mas depois eu te explico.

Eles não sabem, mas não é porque repentinamente quero ficar em silêncio que eu esteja chateado com algo. Muito menos queira me pendurar no parapeito do prédio. Juro. Acontece que o silêncio é a minha música nos dias tempestivos. É um tempo precioso que uso para organizar o que a rotina e as pequenas tristezas desorganizam dentro de mim.

Eu tenho o meu tempo, meus costumes, meu ritmo. Gosto de acordar devagar e pensar nas possibilidades do dia ainda na cama, por isso demoro para levantar. Gosto de ficar em silêncio sem motivos explicáveis, preciso me livrar dos excessos que acumulo durante o dia. Gosto de ficar sozinho e conversar comigo como se fosse a coisa mais normal do mundo. Ah, e detesto trabalhar com alguém atrás de mim! Ver alguém me observando pelo reflexo do computador, então? Torturante.



Quando alguém me pergunta, na maioria das vezes pessoas presas num tédio sem fim, o que eu faria se tivesse somente mais uma semana de vida, eu respondo, sem hesitar e sem dúvidas: ficaria na minha casa. Não sei, mas, para mim, chegar na minha casa e abraçar o silêncio que ali se faz é um presente especial. Se um dia eu for apaixonado por alguém como sou pela minha casa, será um caso de eternidade. Eu gosto dos meus abajures, que, convenhamos, criam todo o charme-luz de uma casa. Eu gosto da minha cama que ainda faz barulho do ranger da madeira enquanto me mexo, do meu cachorro que late por qualquer coisa e eu sempre acho que são espíritos, dos meus talheres que comprei no R$ 1,99 e se desencaixam enquanto estou comendo, da minha televisão de tubo que tenho na cozinha… é tudo tão meu.

Às vezes acho que eu gosto da solidão e do silêncio mais do que deveria. E aí me bate aquele medo gigantesco de nunca mais conseguir dividir esses meus momentos de silêncio com mais ninguém. Pois esse momento é tão meu, mas tão meu, que dividir ele com alguém me assusta… e aí convivo com aquele eterno conflito interno de amar loucamente a solidão, mas morrer de medo de morrer sozinho.

Ficar em silêncio não é somente se desvencilhar das palavras, mas uma metáfora para a solidão. Ficar em silêncio é ficar sozinho ouvindo uma música, é abrir a janela com intuito de ouvir os carros passarem, fazer uma janta gostosa na companhia única das nossas mãos desastradas, caminhar no parque, surfar, dizer um te amo num profundo diálogo com o teto, pois não temos mais tempo de dizer diretamente para a pessoa… O silêncio é sempre uma conversa com a nossa parte mais madura.

Mesmo ouvindo com frequência que sou estranho ao optar pelo silêncio sem aviso prévio, eu gosto dos meus momentos de quietude, das minhas manias de solidão e da alegria que sinto quando tenho alguns minutos de paz durante o dia. Espero que um dia alguém também goste, caso contrário, haja diálogos com o teto do meu quarto… Sim, diálogos, o meu teto me responde, o seu, não?"

- Frederico Elboni

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Esse texto é para ti

"Esse texto é para ti que ao decorrer do tempo aturou as minhas crises, que entendeu os meus erros e me perdoou várias vezes, mesmo não merecendo. Que esteve ao meu lado nas alegrias e nas tristezas, que bebeu, cantou e comemorou na minha companhia. Esse texto é totalmente dedicado para ti que me ouviste horas e horas ao telefone, que mandastes sms e sempre apoiastes as minhas escolhas apesar de saberes que eu, em algum dado momento, iria sofrer com as consequências.

Esse texto é para ti, que me abraçastes. Abraçastes com força, que me acolhestes nos braços como uma mãe faria com o filho. Que dormiste ao meu lado, e cuidaste de mim quando pensei estar sozinho neste mundo. É para ti, que me consideras um irmão, que matarias e morrerias para ajudar-me.



Esse texto é para vocês, meus amigos! Vocês que me mostraram que cada peculiaridade nos torna um todo. Que me mostraram que nós podemos não ser a melhor pessoa do mundo, mas que juntos podemos ser. Este texto é para vocês que saberem que pode passar o tempo, as pessoas, os momentos, mas que nada nem ninguém poderá apagar as histórias que hoje estão gravadas em mim.

Estes momentos, apesar de tolos ou engraçados, sempre estarão comigo, a guiar-me a dar-me a certeza de que apesar de o mundo estar abarrotado de pessoas com mau caráter, as pessoas boas também existem e eu sempre encontrarei alguém com quem poderei contar. Alguém como vocês, não iguais, mas suficientemente bons para me dar coragem de seguir em frente.

Obrigado pelas risadas! Danças, confissões. Muito obrigado por fazeres parte da minha vida e principalmente minha história."

- Devaneios Implícitos

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Aprende a fazer falta

"Principalmente para quem sabe onde te encontrar.

Ontem, conversando com uma amiga pelo WhatsApp, ela me contando sobre o fim de um relacionamento, me disse: “Vou sumir. Fazer ele sentir falta”. E concordei, pois embora essa seja uma artimanha arriscada, é uma das únicas que pode dar certo.

De vez em quando o único remédio é sair de cena para o show continuar. Aprender a ser ausência quando tudo já foi dito, cobrado, explicado. Deixar de ser insistência para ser abstinência. Controlar os próprios impulsos pode parecer simples, mas é uma das coisas mais difíceis de se conseguir. Tanta alegria dando sopa lá fora e a gente teimando em se fixar na pessoa que foi embora.

É preciso entender que enquanto você insiste em checar os horários em que o outro “visualizou por último” no WhatsApp, muita vida está acontecendo e sendo deixada pra trás. É claro que no início vai ser mais difícil - não é de uma hora pra outra que o coração entende as mudanças de planos e estações - mas aos poucos, bem aos poucos, a gente aprende a fazer falta.

Suma do mapa de quem sabe onde lhe encontrar e até o momento não se importou; pra quem teve todos os seus sorrisos e nunca valorizou.

Saia de cena de quem você ouviu inúmeros “nãos” e nunca acreditou; de quem pouco se relacionou e muito se cansou. Do afeto pequeno que tanto lhe recusou e você sempre aceitou.

Suma do mapa de quem vive com dúvidas e nunca lhe teve como certeza; de quem não aprendeu a remar junto e agir com gentileza.

Aprenda a fazer falta para quem já se habituou à sua presença e desaprendeu a sorrir quando você aproxima. Pra quem se esqueceu como é boa a sua companhia e prefere se refugiar numa vida fria.

Fazer falta é segurar o impulso de procurar, vasculhar, perguntar. É frear a vontade de entender o que não dá mais para explicar ou de justificar o que não merece absolvição.



Fazer falta é não ligar, não mandar mensagens, não digitar o tal endereço na barra de contatos do email. É sair para se distrair com os amigos, dar uma corrida no parque, respirar fundo e encontrar sentido na solidão. É orar para o pensamento acalmar, não bisbilhotar o perfil da pessoa no Facebook, deixar de postar as próprias fotos com a intenção de ser visto à distância. É desistir de parecer bem quando não está bem, é cortar o cabelo para renovar o espírito, é ficar bem longe do celular enquanto toma um copo de cerveja ou uma taça de vinho. É, acima de tudo, agir com esquecimento para quem sempre pareceu esquecer você.

Torço para que minha amiga consiga sumir. Para que, sumindo, ela descubra se realmente faz falta. Para que, sumindo, ela descubra o quanto sua presença é importante ou não. Sumir é uma estratégia arriscada, eu sei. Mas também define muita coisa mal resolvida. Também traz as respostas que buscamos e nem sempre encontramos.

Nem sempre as respostas serão aquelas desejadas, mas no fim nos libertam a prosseguir com mais certeza, clareza… e amor próprio."

- Fabíola Simões

domingo, 18 de setembro de 2016

Para o amor que vai chegar

"Eu já quis esquecer as histórias de amor que vivi. Eu me entreguei por inteiro em todas elas, e quando a gente se entrega por inteiro, quase não existe nada da gente para recolher quando algo acaba. Mas eu sou assim, só consigo amar se for para sempre. Nada de ir com cuidado, planejando o próximo passo; definitivamente, eu não tenho paciência para isso. Dane-se se isso assusta. Eu já penso em um casal de velhinho rindo à beça e me parece um bom momento. Você sabe como é ser assim?

Sabe como é acreditar que tudo vai ser pra sempre?



Mas não é. Nada é pra sempre. Encaro todas as minhas histórias de amor quando me olho no espelho pela manhã. E não é fácil. Não é fácil ouvir promessas, palavras doces, gestos lindos e ver sorrisos marcantes, mas no dia seguinte só resta uma lembrança que dorme na minha cama. E dorme roubando o meu cobertor. Sei que sou só mais um vivendo essa mesma história, mas uma coisa eu aprendi: não posso esquecer essas histórias, pois eu estive lá. Esquecer essas histórias também seria me esquecer. E não farei isso. 

P.S: Não me peça para ir com calma."

- Zack Magiezi

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Eu também existo quando você não está solitário ou com tesão

"– Sumido.
– Opa!
– Tá em casa?
– Onde vc tá?

Quando o celular apita e uma dessas mensagens chega, eu já sei de quem é e o que a pessoa quer. E a culpa é minha por elas insistirem em chegar. Eu deixei que elas chegassem, eu respondi muitas delas, eu achava que queria a mesma coisa.

Mas, nas últimas vezes, minha certeza foi diminuindo. “Quero mesmo?”, pensava quando via a mensagem. “O que eu estou fazendo?”, indagava enquanto estava dentro do táxi ou arrumando minha casa. E minha reação quando tudo acabava confirmava que eu não queria e que eu não sabia o que estava fazendo: eu simplesmente ia ouvir música ou ver televisão, ficava inquieto querendo ir embora ou expulsar a pessoa daqui. Por poucos minutos de prazer, esquecia quem eu era. E no fim, quando eu lembrava, já era tarde demais.



Sexo eu tenho daqui até a China e com pessoas que eu até acho muito gostosas, atraentes, e boas de cama. Alguém pra me dar a mão num filme de terror, não. Alguém que comprou um chocolate por ter lembrado que era meu favorito quando viu ele na fila do mercado, não. Alguém que queira saber de verdade como foi o meu dia, não. Alguém que saiba qual meu gosto em música, não. Alguém que queira conversar sobre reencarnação de madrugada bebendo vinho, não. Alguém que compartilhe e me faça compartilhar, não. Alguém que se arrisque ao me ver me arriscar, não. Alguém que me ouça e me dê palpites, não. Alguém que me ame por tudo que sou e não só por algumas partes de mim, não.

Talvez você não saiba, imagine, ou nem pense nisso, mas eu também existo quando você não está solitário ou com tesão."

- Gabriel KDT

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Desculpe o transtorno, preciso falar da Clarice

"Conheci ela no jazz. Essa frase pode parecer romântica se você imaginar alguém tocando Cole Porter num subsolo esfumaçado de Nova York. Mas o jazz em questão era aquela aula de dança que todas as garotas faziam nos anos 1990 –onde ouvia-se tudo menos jazz. Ela fazia jazz. Minha irmã fazia jazz. Eu não fazia jazz mas ia buscar minha irmã no jazz. Ela estava lá. Dançando. Nunca vou me esquecer: a música era "You Oughta Know", da Alanis.

Quando as meninas se jogavam no chão, ela ficava no alto. Quando iam pra ponta dos pés, ela caía de joelhos. Quando se atiravam pro lado, trombavam com ela que se lançava pro lado oposto. Os olhos, sempre imensos e verdes, deixavam claro que ela não fazia ideia do que estava fazendo. Foi paixão à primeira vista. Só pra mim, acho.

Passamos algumas madrugadas conversando no ICQ ao som de Blink 182 e Goo Goo Dolls. De lá, migramos pro MSN. Do MSN pro Orkut, do Orkut pro inbox, do inbox pro SMS.



Começamos a namorar quando ela tinha 20 e eu 23, mas parecia que a vida começava ali. Vimos todas as séries. Algumas várias vezes. Fizemos todas as receitas existentes de risoto. Queimamos algumas panelas de comida porque a conversa tava boa. Escolhemos móveis sem pesquisar se eles passavam pela porta. Escrevemos juntos séries, peças de teatro, filmes. Fizemos uma dúzia de amigos novos e junto com eles o Porta dos Fundos. Fizemos mais de 50 curtas só nós dois —acabei de contar. Sofremos com os haters, rimos com os shippers. Viajamos o mundo dividindo o fone de ouvido. Das dez músicas que mais gosto, sete foi ela que me mostrou. As outras três foi ela que compôs. Aprendi o que era feminismo e também o que era cisgênero, gas lighting, heteronormatividade, mansplaining e outras palavras que o Word tá sublinhando de vermelho porque o Word não teve a sorte de ser casado com ela.

Um dia, terminamos. E não foi fácil. Choramos mais que no final de "How I Met Your Mother". Mais que no começo de "Up". Até hoje, não tem um lugar que eu vá em que alguém não diga, em algum momento: cadê ela? Parece que, pra sempre, ela vai fazer falta. Se ao menos a gente tivesse tido um filho, eu penso. Levaria pra sempre ela comigo.

Essa semana, pela primeira vez, vi o filme que a gente fez juntos —não por acaso uma história de amor. Achei que fosse chorar tudo de novo. E o que me deu foi uma felicidade muito profunda de ter vivido um grande amor na vida. E de ter esse amor documentado num filme —e em tantos vídeos, músicas e crônicas. Não falta nada."

- Gregório Duvivier

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Fiquei com preguiça de você

"Eu pensei que isso não ia acontecer comigo. Sempre achei esse negócio de ter preguiça de alguém meio estranho. É que na minha coleção de histórias ou eu gostava muito de alguém ou só não gostava, não havia outro sentimento. Mas como essa vida capricha até demais, isto é, quando você acha que sabe de tudo e que nada é novidade, lá vem ela e te joga na cara o quanto você não sabe de nada.

Fiquei com preguiça de você. Só que diferente de muitos outros sentimentos que a gente não consegue explicar, nesse caso eu consigo identificar quando tudo começou.

Lá no começo, quando a gente saía e vivia alguma história, eu não pensava assim. Era tudo muito legal pra mim. Gostava de te ter na minha rotina e sempre lembrava de você por onde eu passava. Eu estava realmente gostando de você. Esta é a verdade. E parte de mim acreditava que você gostava também, afinal, você sempre topava fazer coisas comigo. A gente não tem bola de cristal para adivinhar quando alguém gosta ou não da gente, né? Mas dá para gente perceber alguma coisa. Havia uma certa reciprocidade, ou se não havia, você enganava muito bem.



As coisas continuaram assim até começar a te ver sumir dos meus dias. Até começar a não ter mais minhas mensagens respondidas, até começar a não ter mais meus convites aceitos, do contrário, muitas desculpas novas. Comecei a perceber que você estava saindo da minha vida aos poucos, mas até aí tudo bem. Pessoas entram e saem das nossas vidas todos os dias. Nada muito diferente do que já vivi. O que passou a me incomodar, porém, foi que você reaparecia quando queria. Ou seja, sabe-se lá o que vivia, mas havia dias que você me chamava para fazer algo. E eu ficava em dúvida se aceitaria ou não, mas como no jogo do amor eu sou um péssimo jogador, eu sempre aceitava. Só não era mais igual como já foi um dia. A gente não se empolgava mais.

E, finalmente, entendi que fiquei com preguiça de você. Que isso não era raiva, mas era algo como "sério que é você, de novo, falando comigo?", eu pensava; algo como lá vem aquele papo de "desculpa sumir, a vida tá corrida". A gente sabe quando sente preguiça de alguém quando preferimos passar a noite abraçado com um controle remoto mas não com esse alguém. Isso é preguiça. É quando a gente passa a não ter ânimo pra falar com alguém. E você fez nascer isso em mim. Não queria te responder mais.

Cansei de ver seus posts. Cansei de ver suas fotos. Cansei de ver seus snaps. Cansei de ver a vida que você atualizava. Parei de te acompanhar. Cansei de tudo isso porque cansei de você e perdi as forças para estender uma conversa depois do "tudo bem e com você?" que, eventualmente, te respondia ao me chamar no chat. Fiquei com preguiça de você. Não tenho saco. Não tenho tempo. Não tenho vontade. Não tenho raiva, porém. Não tenho ódio, nem muito menos te desejo mal. É que você deixou de ser tudo para ser tanto faz. Você deixou de ser prioridade para ser opção. Deixou de ser especial para ser normal. Deixou de ser você para ser um contato. Fiquei com preguiça de você. E o mais louco, acho que é irreversível. Raiva passa, preguiça fica."

- Márcio Rodrigues

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Ele é virginiano, rapaz

"Ele vai fazer o diálogo perfeito na cabeça dele um milhão de vezes, vai pensar e repensar se enviará ou não a mensagem, vai pesquisar bastante antes de te entregar algo, porque esse garoto é perfeccionista e metódico até sem querer. Sabe a hora que vai acordar, como que o café tem que estar e todos os passos durante o dia até se deitar. Não é por mal, entenda, é que ou tudo sai do jeito que ele quer, ou ele simplesmente nem começa nada. Nariz lá no alto que bate o pé quando quer alguma coisa e não desiste até conseguir, porque, meu amigo, se ele quer ele vai conseguir nem que fique anos planejando a forma certa.

Ele é um mistério, não dá pra saber que passo vai tomar, porque ele é inconstante demais. Ele pode estar pronto para sair – por que atrasos? Ele não permite atrasos – e só de esperar os amigos, se desanima e pensa duas vezes se vai mesmo ou não. E não duvida dele, não faz isso porque você vai perder feio, ele é uma caixinha de surpresas que sempre tem algo novo para de mostrar. Quietos, na deles, mas se você der intimidade, ah, amigo, quero ver você fazer ele parar de falar. E quando fala, ah, quando fala ele vai te conquistar, porque ele não vai precisar gostar das mesmas coisas que você, inclusive ele vai te mostrar as coisas dele e você vai pensar “ele? Gosta de coisas assim?”, porque ele é tudo aquilo que você não vai achar por aí, vai somar tanto na sua vida que quando ele ir embora você vai se sentir meio perdido.



Eita garoto simples! Ele é tão transparente, não tem paciência para joguinhos, detesta quem não vai direto ao assunto. Com ele, é tudo certeiro, certinho, na medida certa. Tem que saber equilibrar tudo para conseguir entreter esse garoto, que vê graça só no que quer e não tem medo de dizer o que pensa na cara. Organizado sim, chega 5 minutos antes “só para garantir”, quando se sente inseguro sobre alguma coisa não relaxa até se sentir seguro. Porque ele é assim, tudo cronometrado, nos conformes e não ouse sair da linha com ele. Desencanado demais pra sentir ciúmes por coisa boba, confia demais na lábia que tem e defende a confiança acima de tudo em qualquer relacionamento que seja. Porque ele tem aquele sexto sentido aguçado de saber exatamente em quem está ali para ele e quem não está.

Homem o bastante pra dar a cara a tapa e defender com unhas e dentes quem julga ser importante na sua vida, garoto o bastante para se permitir sair um pouco das suas próprias armações e deixar o destino o levar e menino demais para pedir um carinho quando não estiver a fim de nada. Ele é todos em um. Um em todos. A mistura perfeita de menino e homem. Preocupado, cuidadoso, livre e dono de si. Ele é virginiano, rapaz, todo regrado esperando alguém que o tire do eixo perfeito que ele mesmo criou em torno de si."

- Mariana Purificação

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Algumas pessoas só vão nos amar quando nós pararmos de amá-las

"Algumas pessoas não vão te valorizar até você partir. Quando você já não proporcionar-lhes o apoio que tinham como certo, quando você já não enviar mais as mensagens doces que ignoravam, quando você já não recebê-los de braços abertos a cada vez que baterem em sua porta no meio da noite e quando você não esperar suas ligações ao lado do telefone.

Algumas pessoas não vão perceber o quanto você as amou até não encontrarem mais ninguém que possa amá-las tanto. Quando elas não conseguirem encontrar alguém que ama tudo o que as vergonha, que olhe para elas como se fossem a única coisa que desejam ou alguém que as faz sentir como se estivessem em casa – seguros e protegidas de todos o caos e barulho do mundo.

Algumas pessoas só vão tentar ter a sua atenção uma vez que você parar de dar-lhes. Quando você parar de ser seu maior fã, quando você parar de gostar de todos os seus postos, quando você parar de ligá-las no meio do dia para dizer o quanto você as ama, quando você parar de comprar-lhes coisas que elas mencionaram que queriam em uma conversa aleatória e quando você parar de desistir de tudo para estar lá para quando precisarem de você.

Algumas pessoas só vão tentar ganhá-lo de volta depois de perdê-lo. Quando elas se lembrarem que você tem opções, quando se lembrarem de que alguém lá fora que vai tratá-lo melhor, quando elas se lembrarem que você não vai aceitar ser uma opção para sempre, quando se lembrarem de quão egoístas foram o tempo todo e como nunca fizeram você sentir que era importante.



Algumas pessoas só vão sentir a sua falta quando você as esquecer. Quando você esquecer de ligá-las em seu aniversário, quando você esquecer a sua música favorita, quando você se esquecer de seus segredos e jogar fora suas memórias. Quando você esquecer a forma como elas fizeram você se sentir.

Algumas pessoas só irão respeitá-lo quando você se afastar. Quando perceberem que você comprometeu-se para com elas, quando elas se lembrarem do número de vezes em que você saiu do seu caminho para agradá-las, quando reconhecerem as vezes que você já as perdoou, e quando você foi embora porque já era o suficiente – porque confundiram sua paciência e compreensão com fraqueza, e confundiram sua vulnerabilidade com passividade.

Algumas pessoas só vão te amar quando você parar de amá-las. Quando você não sentir mais falta do toque de sua mão ou do som de sua voz. Quando puderem ver que você mudou e não olha para elas da mesma maneira que costumava fazer. Quando você não pensar mais nelas antes de dormir ou ir de carro até casa para se certificar de que estão bem. Quando finalmente estiverem prontas para abrir seus corações para você depois de ter feito o seu em pedaços. Algumas pessoas nunca vão ter a chance de te amar de novo, porque o seu coração pertence a quem não precisa perdê-lo para aprender a mantê-lo."

- Rania Raim

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Quero estar solteiro, mas com você

"Quero que vá tomar cerveja com seus amigos para que no dia seguinte tenha ressaca e me peça que vá lhe ver porque deseja ter-me entre seus braços e que acariciemos um ao outro. Quero que conversemos na cama pela manhã, sobre todo tipo de coisas, mas, algumas vezes, pela tarde, quero que cada um faça o que quiser durante o dia.

Quero que me fale sobre as noites em que você sai com seus amigos. Que me conte que havia uma menina no bar que te olhava. Quero que me mande mensagens quando estiver bêbado com seus amigos e que me diga besteiras, apenas para que possa ficar seguro de que eu também estou pensando em você.

Quero que ríamos enquanto fazemos amor. Que comecemos a rir porque estamos provando coisas novas e que não têm sentido. Quero que estejamos com nossos amigos, para que pegue na minha mão e queira me levar a outro local, porque já não pode aguentar-se e tem vontade de fazer amor comigo ali mesmo. Quero ter de permanecer em silêncio porque há pessoas e ninguém pode nos ouvir.

Quero comer com você, que me faça querer falar sobre mim e que você fale sobre você. Quero que discutamos sobre qual é o menor: a costa norte ou a costa sul, a parte ocidental ou a oriental. Quero imaginar o apartamento de nossos sonhos, mesmo sabendo que provavelmente nunca vivamos juntos. Quero que me conte seus planos, esses que não têm nem pé, nem cabeça. Quero surpreender-me dizendo “pega seu passaporte que estamos indo”.

Quero ter medo com você. Fazer coisas que não faria com ninguém mais, porque com você me sinto seguro. Voltar para casa muito bêbado depois de uma noite divertida com amigos. Para que coloque a mão no meu rosto, me beije, me use como travesseiro e me abrace bem forte durante a noite.

Quero que tenha sua vida para que decida viajar algumas semanas, apenas por capricho. Para que eu fique aqui, sozinho e chateado, desejando que salte sua carinha no Facebook me dizendo “oi”.

Não quero que sempre me convide para suas noitadas e não quero convidar você para as minhas. Assim, no dia seguinte, posso contar como foi minha noite e você também pode contar-me como foi a sua.



Quero algo que seja simples e, uma vez ou outra, complicada. Algo que, por alguns minutos, me faça fazer perguntas a mim mesmo, mas no momento que estiver com você em um mesmo local, desapareçam todas as dúvidas. Quero que pense que sou bonito e que fique orgulhoso ao dizer que estamos juntos.

Quero que me fale te amo e, acima de tudo, poder dizer isso a você. Quero que me deixe andar na sua frente para que possa ver como meu corpo se mexe. Para que me deixe raspar as janelas do meu carro no inverno, porque meu bumbum balança e isso te faz sorrir.

Quero fazer planos sem saber se no fim os realizaremos. Estar em uma relação clara. Quero ser esse amigo que você adora ficar. Quero que siga tendo desejo de paquerar outros meninos, mas que procure a mim para terminar o dia. Porque quero ir contigo para casa.

Quero ser aquele com quem você faz amor e depois dorme. O que te deseja paz quando está trabalhando e a que fica encantado quando você se perde no seu mundo de músicas. Quero ter uma vida de solteiro com você. Porque nossa vida de casal seria igual às nossas vidas de solteiros de agora, só que juntos.

Um dia te encontrarei."

- Isabelle Teissier

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Quando a gente sabe que ama alguém?

"Na vida, a gente só sabe que ama alguém, a gente só tem o direito de dizer a alguém que a amamos depois de ter dito infinitas vezes a esse mesmo alguém a frase "eu perdoo você". Porque, na verdade, a gente só sabe que ama depois de ter tido a necessidade de perdoar. Antes do perdão, a gente pode ter admiração por alguém, mas admirar alguém ainda não é amar, porque admiração não nos leva a dar a vida pelo outro. Admiração é um sentimento, uma situação superficial; eu admiro aquela pessoa, mas eu sei que amo depois de ter olhado nos olhos, saber que errou, que não fez nada certo e ainda sim eu continuar dizendo que "eu não sei viver sem você", "apesar de ter errado tanto, continuas sendo tão especial para mim".




A gente sabe que ama as pessoas assim, depois de ter feito o exercício de olhar nos olhos no momento que ela não merece ser olhada e descobrir ainda ali uma chance, ainda não acabou. Coisa boa na vida é a gente encontrar gente que nos trate assim com esse nível de verdade, gente que nos conhece de verdade, que já foi capaz de conhecer todas as nossas qualidades, mas também todos os nossos defeitos, porque eu não sou só qualidades, eu tenho um monte de defeitos, e só me sinto amado no dia que o outro sabe dos meus defeitos e mesmo assim continua acreditando em mim.

Muitas vezes nosso amor não é assim, a gente ama o outro pelo que ele faz de certo ou de bom pra nós, e as vezes até elegemos o outro assim "ele é bom demais pra mim". E o dia que deixa de ser? Deixou de ser amigo? No dia que falhou, que errou, que esqueceu, no dia que não conseguiu acertar, continua tendo valor pra você? Ou você só ama aqueles que conseguem lhe fazer o bem? Jesus disse que não tinha mérito nenhum em amar aqueles que nos amam; que o mérito está em amar o outro mesmo quando ele não merece ser amado. Eu sei que é um desafio, mas essa é tua religião. Eu creio que não há descanso maior para o nosso coração do que encontrar alguém que nos ama assim, e eu gostaria que você levasse pra sua vida somente as pessoas que te amam assim, com essa capacidade de olhar nos teus olhos quando você não consegue fazer nada de certo, e mesmo assim continua sendo teu amigo e continua acreditando em você. Deixe entrar na sua vida somente as pessoas que querem te fazer melhor, porque gente que nos diminui nós já estamos cheios. Amigos de verdade são aqueles que nos desafiam, são aqueles que nos momentos que estamos na lama nos olham, nos olham e dizem "você não foi feito pra isso". 

Amigo de verdade é aquele que olha nos olhos e nos coloca para sermos mais. Namorado de verdade é aquele que olha nos teus olhos e te respeita como mulher, que te acha linda, mas que te respeita como mulher porque sabe que tu és um coração que, muito mais do que necessitado de ser abraçado e de ser tocado, é um coração que merece ser amado, e o amor vem antes do toque. Quem foi que disse que beijar na boca é declaração de amor? Pode até ser uma das demonstrações, mas eu tenho certeza que seu coração se sente muito mais amado no momento que você é olhado de um jeito certo, do que beijado de qualquer jeito! Antes de você entrar na vida de uma menina, olhe bem nos olhos dela e tente fazer com que ela descubra que você ama só olhando pra ela, olhe de um jeito que ela se sinta amada, e se você olhar do jeito certo, você não precisa ter ciúme, porque a mulher que for olhada de um jeito certo, nunca mais vai querer encontrar outro olhar. O homem que for olhado de um jeito certo nunca mais vai querer outro olhar.

Você ainda pode mudar o seu jeito de amar, você ainda pode mudar o seu jeito de viver, você ainda pode mudar o seu jeito de sorrir, você ainda pode perdoar aquele que você não quer perdoar, você ainda pode tratar bem aquele que você desprezou tanto, porque a vida ainda te dar a oportunidade de você se tornar muito melhor do que você é."

- Padre Fábio de Melo

Um dia alguém vai gostar de ti exatamente do jeito que tu és

"Alguém vai gostar de ti exatamente do jeito que tu és. Com os teus defeitos e qualidades. Alguém que vai desejar estar contigo o tempo inteiro, que vai fazer de tudo para garantir que será um dos motivos para o teu sorriso na maior parte do tempo. Alguém que vai cuidar de ti e fazer qualquer coisa para te proteger. Alguém que vai sentir frio na barriga antes de te encontrar, que vai ficar com os nervos à flor da pele quando tu demorares para responder a uma mensagem. Alguém que vai fazer questão de te levar e te buscar. Que vai te convidar para um jantar no meio da semana ou um almoço de família no domingo. Alguém que vai sentir orgulho de ti, se necessário for. Não vai hesitar em te fazer feliz, porque acima de qualquer crise, tu és tudo que esse alguém vai querer.



Esse alguém vai descobrir os teus pontos fracos e conquistar-te por simplesmente existir. Alguém que vai chegar como quem não quer nada e num instante tornar-se tudo. Alguém que, sem esforços, vai roubar o teu coração e dominar seus sentidos. Vai te fazer acreditar mesmo quando tu perderes as esperanças. Alguém que vai aparecer para te fazer acreditar no amor e te mostrar o que é sentir-se amado. Alguém que vai te fazer apaixonar cada dia mais e te provar que é possível manter a chama da paixão acesa. Alguém que vai te proporcionar o beijo mais viciante. Alguém que vai querer arrancar toda a tua roupa numa fração de segundos e deixar-te com a cabeça confusa, mas, por outro lado, vai dar-te todas as certezas que tu tanto procuras.

Alguém vai gostar de ti exatamente do jeito que és. Vai aprender a lidar com as diferenças e não vai julgar. Alguém que vai te respeitar. Alguém que te vai fazer questionar o porquê de ter demorado tanto tempo para aparecer. Alguém que fale menos, e faça sempre mais. Alguém que não se importe em ficar sábado à noite contigo em casa. Alguém que te vai fazer admitir que a felicidade, sim, ela existe. E que depois de conhecê-la tu nunca mais vai abrir a mão dela.

Não te preocupes, apenas espera o momento certo e não tenhas medo de arriscar quando achares que vale a pena. Tem em mente que o mundo é enorme, e que o universo está em constantes movimentos, que existem milhões de corações pulsantes no planeta Terra. Ou seja, tudo com calma se ajeita. É uma mistura de merecimento, destino e escolhas bem feitas.

E quando esse alguém chegar tu vai compreender que o amor está na simplicidade. Não está na insignificância, na grosseria ou na falta de interesse. O amor é recíproco, de graça e, ainda assim, tem um valor único.

Um dia alguém vai gostar verdadeiramente de ti, exatamente do jeito que tu és!

Alguém vai entrar na sua vida por acaso e permanecer de propósito."

- Jéssica Pellegrini

domingo, 19 de junho de 2016

Nem sempre ficamos com os amores de nossas vidas

Eu acredito em grande amor.

Mas falo e namoro como se não acreditasse.

Eu não tenho expectativas fúteis para romance. Eu não estou à espera de sentir aquela sensação estranha de estar a flutuar. Eu sou um daqueles indivíduos raros, talvez um pouco cansados, que realmente gosta de ambiente de atual de conexão e é feliz por viver em uma época em que a monogamia não é necessariamente a norma.

Mas eu acredito em grande amores, porque já tive um.

Eu tive esse amor que tudo consome. O amor do tipo “eu não posso acreditar que isso existe no mundo físico.”

O tipo de amor que irrompe em um incêndio incontrolável e então se torna brasa que queima em silêncio, confortavelmente, durante anos. O tipo de amor que escreve romances e sinfonias. O tipo de amor que ensina mais do que você pensou que poderia aprender, e dá de volta infinitamente mais do que recebe.

É amor do tipo “amor de sua vida”.

E acredito que funciona assim:

Se você tiver sorte, conhecerá o amor de sua vida. Você estará com ele, aprenderá com ele, dará tudo de si mesmo a ele e permitirá que a sua influência te mude em medidas insondáveis. É uma experiência como nenhuma.

Mas aqui está o que os contos de fadas não vão te dizer: às vezes encontramos os amores de nossas vidas, mas não conseguimos mantê-los.

Nós não chegamos a nos casar com eles, nem passar anos ao lado deles, nem seguraremos suas mãos em seus leitos de morte depois de uma vida bem vivida juntos.

Nós nem sempre conseguimos ficar com os amores de nossas vidas, porque, no mundo real, o amor não conquista tudo. Ele não resolve as diferenças irreparáveis, não triunfa sobre a doença, ele não preenche fendas religiosas e nem nos salva de nós mesmos quando estamos perdidos.

Nós nem sempre chegamos a ficar com os amores de nossas vidas porque às vezes o amor não é tudo o que existe. Às vezes você quer uma casa em um pequeno país com três filhos e ele quer uma carreira movimentada na cidade. Às vezes você tem um mundo inteiro para explorar e ele tem medo de se aventurar fora de seu quintal. Às vezes você tem sonhos maiores do que os do outro.

Às vezes, a maior atitude de amor que você pode possivelmente tomar é deixar o outro ir.



Outras vezes, você não tem escolha.

Mas aqui está outra coisa que não vão te falar sobre encontrar o amor da sua vida: não viveres toda a sua vida ao lado dele não desqualifica o seu significado.

Algumas pessoas podem te amar mais em um ano do que outras poderiam te amar em cinquenta anos. Algumas pessoas podem ensinar-lhe mais em um único dia do que outras durante toda a sua vida.

Algumas pessoas entram em nossas vidas apenas por um determinado período de tempo, mas causam um impacto que mais ninguém pode igualar ou substituir.

E quem somos nós para chamar essas pessoas de algo que não seja “amores de nossas vidas”?

Quem somos nós para minimizar a sua importância, para reescrever suas memórias, para alterar as formas em que nos mudaram para melhor, simplesmente porque nossos caminhos divergiram? Quem somos nós para decidir que precisamos desesperadamente substituí-los – encontrar um amor maior, melhor, mais forte, mais apaixonado que pode durar por toda a vida?

Talvez nós apenas deveríamos ser gratos por encontrarmos essas pessoas em tudo.

Por termos chegado a amá-las. Por termos aprendido com elas. Por nossas vidas terem expandido e florescido como resultado de tê-las conhecido.

Encontrar e deixar o amor de sua vida não tem que ser a tragédia de sua vida.

Deixá-lo pode ser a sua maior bênção.

Afinal, algumas pessoas nunca chegam a encontrá-lo.

- Heidi Priebe

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Oi, Beatriz!

Oi, Beatriz!

Eu acho que você não me conhece, mas fiquei sabendo bastante sobre a sua vida hoje.

Infelizmente acho que te conheci num dia bem difícil, fiquei sabendo que você tem 16 anos de idade e foi estuprada por 33 homens (que também são filhos, pais, irmãos, namorados, maridos) ao mesmo tempo, foi então que eu chorei. 

Chorei porque você tem 16, mas poderia ter 6, 26, 36, 66 e continuaria sendo absurdo, estupro, crime.
Sabe, Beatriz, a partir de hoje você vai ter ainda mais medo de sair na rua à noite, de usar suas roupas mais justinhas, de voltar para casa desacompanhada depois do trabalho ou escola, mais medo, como se nascer mulher já não te trouxesse medo o suficiente.

Tenho muitas leitoras com a sua idade ou próximas dela, e queria que elas entendessem que não foi sua roupa que te fez ser estuprada, não foi a hora que você estava na rua que te fez ser estuprada, não foi a sua idade, não foi o que você bebeu ou deixou de beber, não foi porque você é mãe adolescente, não foi com quem você falou, não foi nada disso, foi falta de amor ao próximo, respeito e humanidade. 

Queria que minhas leitoras entendessem que você não foi estuprada "só" por 33 homens e sim por uma sociedade inteira que sempre culpa a vítima, que na maioria devastadora dos casos somos sempre nós, mulheres. 

Queria que minhas leitoras entendessem que o nosso pedido por igualdade é por você, por mim, por elas, pelas nossas mães, tias, primas, amigas, vizinhas, filhas que ainda vão nascer e por todas as mulheres que a gente nem conhece.

Bia, eu sei que sua roupa não diz quem você é, que o seu corpo é seu e que só pode encostar nele quem você permitir e quando você permitir, queria que elas também soubessem.

Queria que elas soubessem que a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no brasil e que por isso essa luta não é só sua ou minha é de todas nós e não vai acabar até que o medo acabe.

Queria que elas soubessem o tamanho da crueldade que é uma mulher julgando a outra e dizendo que ela "merecia". Queria que elas soubessem que NINGUÉM merece ser estuprada.

- Taciele Alcolea

sábado, 23 de abril de 2016

Vó, ele me traiu

Uma jovem foi conversar com sua avó, e contou sobre o quanto as coisas estavam difíceis na sua vida – o marido a havia traído e ela estava arrasada. Ela não sabia o que ia fazer e queria desistir. Ela estava cansada de lutar e brigar. Parecia que assim que um problema estava resolvido, um outro surgia. 

Sua avó a levou para a cozinha. Encheu três panelas com água e colocou cada uma delas no fogão. Assim que a água começou a ferver, colocou em uma das panelas cenouras, em outra colocou ovos, e na última colocou café, sem dizer uma palavra.

Cerca de vinte minutos depois, ela desligou o fogão, colocou as cenouras em uma tigela e os ovos em outra. Então pegou o café e derramou o líquido em uma terceira tigela. 

Virando-se para a neta, ela disse: “Diga-me o que você vê.”

“Cenouras, ovos e café,” ela respondeu.

Sua avó trouxe as tigelas para mais perto e pediu que a neta experimentasse as cenouras. Ela obedeceu e notou que as cenouras estavam macias. A avó então pediu que ela pegasse um ovo e o quebrasse. Depois de retirar a casca, ela observou o ovo cozido.

Finalmente, pediu que a neta saboreasse o café. A neta sorriu ao provar seu aroma delicioso, e perguntou: “O que significa isso, vovó?”

Sua avó explicou que cada um deles havia enfrentado a mesma adversidade: água fervente. E cada um reagiu de forma diferente. A cenoura era forte, firme e inflexível. No entanto, após ter sido submetida à água fervente, amoleceu e se tornou frágil. Os ovos eram frágeis – sua casca fina protegia o líquido no interior, mas depois de colocados na água fervendo, seu interior se tornou mais rijo. No entanto, o pó de café foi o único que, depois de colocado na água, mudou a água.

“Qual deles é você?”, perguntou a avó. “Quando a adversidade bate à sua porta, como você responde? Você é uma cenoura, um ovo ou o café?”

Pense nisso: Quem sou eu? Sou como a cenoura que parece forte, mas murcho com a dor e a adversidade? Fico frágil e perco a força?

Será que sou o ovo, que começa com um interior maleável, mas muda com o calor? Será que eu tenho um espírito maleável, mas depois de uma morte, uma separação, uma dificuldade financeira ou algum outro julgamento, eu me torno mais difícil e dura? Será que minha casca parece a mesma por fora, mas no interior estou mais amarga, com o espírito e coração endurecidos?

Ou eu sou como o pó de café, que muda a água quente – a própria circunstância que traz a dor? Quando a água fica quente, ele libera a fragrância e o sabor. Se você é como o café, quando as coisas estão no seu pior, você melhora e muda a situação em torno de você. Quando o momento é de escuridão e os obstáculos são mais difíceis, você se eleva a um outro nível?”

Como você lida com a adversidade? Você é uma cenoura, um ovo ou o café?

Espero que você tenha felicidade suficiente para lhe trazer a doçura, obstáculos o suficiente para lhe trazer a força, tristeza o suficiente para mantê-lo humano, e esperança suficiente para fazer você feliz. As pessoas mais felizes não têm necessariamente o melhor de tudo – elas simplesmente aproveitam ao máximo tudo o que vem em seu caminho. Que todos nós possamos ser como o café!

- Autor desconhecido

terça-feira, 19 de abril de 2016

Lucas e Nicolas



"Suas dúvidas irão uni-los. Suas certezas podem ser desastrosas." 
(Lucas e Nicolas, Gabriel Spits)

segunda-feira, 28 de março de 2016

Eu também tive meu coração machucado

"Eu também tive meu coração machucado. Me dei mal, meu bem, ninguém escapa. Mas o bom disso tudo é que agora consigo abrir meu coração sem rodeios. Sim, amei sem limites. Dei meu coração de bandeja. Sonhei com casinhas, jardins e filhos lindos correndo atrás de mim. Mas tudo está bem agora, eu digo: agora. Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama."



- Caio Fernando de Abreu

quinta-feira, 24 de março de 2016

O tempo não cura nada

"O silêncio faz questão de me lembrar a falta que você faz. Olho o telefone de novo. Nada. Só os minutos correndo descontroladamente e te levando cada vez mais para longe de mim. Não é justo. Sempre li em livros que o tempo curava tudo. Mas ele não cura. Ele afasta. Ele traz novas pessoas. Traz novos sorrisos. Perfumes. E sabe o que é o pior? Todos eles me lembram que não pertencem a você. Mais bonitos, mais inteligentes, mais carinhosos. Mas não são iguais. Nunca serão iguais. Por que temos a idiota mania de lembrar do passado melhor do que ele realmente foi? Você não era o melhor. Nem o mais forte. Tampouco o mais bonito. Mas marcou, ficou. Me fez passar noites em claro esperando uma ligação. Me fez desejar não ser tão orgulhosa. Derreteu o coração de gelo e eu estou até agora tentando juntar o que restou.


Reviver os momentos na minha cabeça não faz com que eles voltem a acontecer, mas faz com que eu me sinta um pouco mais perto de você. Mais perto do que vivemos. Ainda me lembro do dia em que te disse que não acreditava em amor e você disse que ia me provar que eu estava errada. Por que você teve que fazer isso? O amor não é bonito, não é legal e não dura pra sempre como nos filmes. O amor dá náuseas, borboletas no estômago e um vazio enorme quando alguém se vai.

Mas sabe como é que dizem, eu mereço algo melhor. Igual a você? Nunca. Apenas melhor."

- Isabela Freitas