segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Segue em frente

No fundo, a gente pode viver sem qualquer pessoa. Ninguém precisa de ninguém específico. Amores a gente supera, e deixa guardados no fundo da alma, sorrisos a gente deixa de se lembrar aos pouquinhos, até que a lembrança só apareça de vez-em-quando-quase-nunca, amizades a gente pode superar também. O que resta de tudo são as lembranças. Os momentos bonitos a gente guarda, lembra, relembra, comenta. Mas a gente sempre segue em frente, sempre é obrigado a seguir. Claro que no começo dói perder amores, perder amigos. Claro que a alma fica sem um pedaço - e fica sem esse pedaço para sempre. Mas depois a gente cobre o pedaço com um pano, e segue em frente. O pano às vezes escorrega um pouco, deixando a ferida à mostra. As lágrimas caem nessas horas. Mas a gente vive. O pano volta ao seu lugar. Na verdade ninguém aqui precisa de ninguém para se manter respirando - apenas do ar, que nem ser vivo é. Então relaxa. Eu sei que agora deve estar te matando. A vontade de desistir deve estar grande. Mas você está seguindo. As lembranças estão fortes, mas logo tudo passa. Fica apenas a nostalgia pelos momentos bons. Por mais clichê que seja, os machucados interiores até se assemelham aos machucados físicos - no começo dói, arde, machuca, inflama. No começo a gente morre de dor. Mas depois vai passando. Sempre fica uma cicatriz - se não na pele, na mente, pela lembrança do momento. E com os sentimentos também é assim. O machucado exterior não te impede de viver, não é mesmo? Pois é. O interior também não. Eu sei que agora dói, e dói muito, mas tenho uma notícia boa: depois a dor passa, e vira só saudade boa. Logo logo as lágrimas se transformam em sorrisos saudosos. E você? Segue em frente.

(Letícia Loureiro)

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