Sempre que me chamam de louco - o que acontece com frequência por eu ter esse jeito espalhado, instável e sem papas - eu rio. Minha vontade é sentar com o cidadão e explicar que o que ele pensa que sabe sobre mim é muito pouco. Eu não sou só louco (de pedra); sou perfeccionista crônico, meço tudo com os olhos e tenho rituais estranhos. Não troco de perfume, e pela manhã, não falo antes do café. Anoiteço os olhos pra manter a salvo segredos. Quando grito e bato portas, esqueço. Quando me calo, é porque dói. Sou um louco que odeia o orgulho, que tem mania de justiça e que não sabe fingir que não viu. O que acontece é que prefiro me assumir louco do que fingir sanidade. Como dizia minha avó: "Eu me faço de louca, meu bem, para viver."
- Jackye Monteiro
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